quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Eu faço ideia o que terá sido...

O filme Tudo Sobre a Minha Mãe, de Pedro Almodôvar, é projectado na Ilha do Corvo (fotomontagem criada pelo Leme)
A 24 de Fevereiro de 2000, o filme de Pedro Almodôvar Tudo Sobre a Minha Mãe é projectado na Ilha açoriana do Corvo, que desde há mais de 30 anos não via cinema em tela. Sobre este assunto, o Diário de Notícias de 25 de Fevereiro escreve que este filme «não deixará seguramente as marcas de Quando o Mar Galgou a Terra, a grande referência cinematográfica entre os mais velhos, dos tempos em que havia cinema ao ar livre, no adro da Igreja, ou Titanic projectado em vídeo e muito citado pelos jovens». Segundo o mesmo jornal, o início da projecção do filme passou das 20 para as 21 horas por dois motivos: a lancha que deveria transportar o projector da Ilha das Flores não apareceu, tendo sido necessário fretar uma embarcação local e a televisão transmitia, em directo, o jogo de futebol entre a Bélgica e Portugal. Alguns espectadores saíram a meio da sessão, por não apreciarem a filmo grafia de Pedro Almodôvar, tendo um deles dito, ao Diário de Notícias, que «estava a gostar mas já se fazia tarde»… Jorge Valadão, de 19 anos, afirmou, no fim da projecção, que teria preferido um filme de acção norte-americano e que, para além disso, «faltaram as pipocas»…Numa ilha isolada, sem salas de cinema, apenas 50 dos 382 habitantes acabaram por assistir a esta sessão gratuita.
Fonte: Diário de Notícias nº 47820, de 25-02-2000, 136º ano de publicação, pp. 1 e 29

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Morreu o Zeca...


José Manuel Cerqueira Afonso dos Santos, nasceu em Aveiro a 2 de Agosto de 1929 e ficará, para sempre, conhecido por Zeca Afonso.

Oriundo do fado de Coimbra, foi uma figura central do movimento de renovação da música portuguesa nas décadas de sessenta e setenta, autor maior de famosas canções de intervenção contra o fascismo. Zeca Afonso ficou indelevelmente associado ao derrube da ditadura, também porque uma das suas composições, "Grândola, Vila Morena", acabou sendo utilizada como a senha  do Movimento que instaurou a democracia, em 25 de Abril de 1974. 
Os seus últimos espectáculos decorreram nos Coliseus de Lisboa e do Porto, em 1983, quando Zeca Afonso já se encontrava doente. No final desse mesmo ano, é-lhe atribuída a Ordem da Liberdade, que recusou.
Em 1985 é editado o seu último álbum de originais, Galinhas do Mato, mas devido ao avançado estado da doença, não consegue cantar na totalidade, tendo o álbum sido completado por José Mário Branco, Sérgio Godinho, Helena Vieira, Fausto e Luís Represas. Em 1986, já em fase terminal da sua doença, apoia a candidatura de Maria de Lourdes Pintasilgo à presidência da república.


Zeca Afonso morreu no dia 23 de Fevereiro de 1987 no Hospital de Setúbal, às 3 horas da madrugada, vítima de esclerose lateral amiotrófica.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Portugal lidera nos serviços públicos electrónicos!

A Comissão Europeia colocou Portugal em primeiro lugar no ranking de serviços públicos electrónicos. O ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira, revelou que esta classificação ocorre pelo segundo ano consecutivo. Este ano, o país obteve nota máxima em todos os parâmetros analisados, revela a Lusa.
O ministro da Presidência apresentou esta segunda-feira os dados do relatório da Comissão Europeia sobre os serviços públicos electrónicos referente a 2010. Pelo segundo ano, Portugal ocupa "o primeiro lugar a nível europeu nos serviços públicos electrónicos e alcança esta posição em resultado de uma pontuação absolutamente imbatível", afirmou Pedro Silva Pereira.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Diogo Alves, o 'serial killer' de Lisboa

No Museu da Faculdade de Medicina de Lisboa existe uma cabeça de homem conservada num frasco que pertence a Diogo Alves, o serial Killer de Lisboa que depois de ter sido pendurado pelo pescoço até à morte, seria decapitado, tudo em nome da ciência. 


Entre 1836 e 1839, não se falava de outra coisa em Lisboa. Sucediam-se os casos de pessoas que caíam misteriosamente do Aqueduto das Águas Livres. 
A hipótese de uma vaga de suicídios foi colocada até que, em 1840, as autoridades detiveram Diogo Alves, depois de matar a família de um médico cuja casa tinha assaltado.
Diogo Alves, um galego que veio viver para Lisboa ainda novo, conhecido pela alcunha de “O Pancada”, confessou os crimes e foi condenado à forca, um ano depois, a 20 de Fevereiro de 1841, no cais do Tojo, em Lisboa. Estima-se que tenha assassinado entre 30 a 40 pessoas em três anos, na zona do Vale da Alcântara, a parte mais alta do aqueduto, de 65 metros de altura, meio de abastecimento de água à cidade que era também usado como passagem pedonal.
Fica por esclarecer, nesta história macabra, se muitos dos crimes não teriam sido  instigados pela companheira do assassino, Gertrudes Maria, uma taberneira conhecida por Parreirinha. Diogo matava os transeuntes que assaltava, atirando-os do ponto mais alto do aqueduto, para manter secretos os roubos e escondia-se ao fim do dia nas galerias do aqueduto que abria com uma chave falsa. Era ele o chefe da quadrilha que se dedicava a assaltar e matar quem por ali passava embora nunca tivesse denunciado nenhum dos seus companheiros.
A cabeça viria ali “a ser examinada à luz das teorias defendidas pelo célebre fisiologista alemão Franz Joseph Gall”, fundador da frenologia, “doutrina que pretendia estudar as faculdades intelectivas, afectivas e instintivas dos indivíduos a partir da configuração do crânio”.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Portugal tem donos!

Os Donos de Portugal

Este livro apresenta os donos de Portugal e faz a história política da acumulação de capital ao longo dos anos que vão de 1910 a 2010. Descobre-se a fortuna nascida da protecção: da viciação de pautas alfandegárias contra a concorrência, pela ditadura contra as classes populares, pela liberalização contra a democracia na economia.
Esta burguesia é uma teia de relações próximas: os Champalimaud, Mello, Ulrich, Espirito Santo, Pinto Basto, entre muitos outros, que se vão mantendo unidos pelos casamentos 'cruzados', pelas ligações aos poderes,  como uma família. Os principais interesses económicos conjugam-se na finança. 
"Os Donos de Portugal" retrata também um fracasso monumental: o de uma oligarquia financeira incapaz de se modernizar, beneficiária do atraso, atraída pela especulação e pelas rendas do Estado e que se afasta da produção e da modernização. 
Ameaçada pelo 25 de Abril, restabeleceu-se através de um gigantesco processo de concentração de capital organizado pelas privatizações e pela colocação de outros ligados ao Poder em lugares de destaque nas próprias organizações. 
Os escândalos do BCP, do BPN e do BPP revelaram as faces da ganância. Um repositório histórico de 100 anos da promiscuidade entre política e negócios. Vale a pena ler, analisar e discutir. 
Os Donos de Portugal – 100 anos de poder económico (1910-2010), da autoria de Jorge Costa, Luís Fazenda, Cecília Honório, Francisco Louçã e Fernando Rosas.
Eu estou a lê-lo!.

O DINHEIRO NUNCA DORME


O realizador OLIVER STONE, já premiado com três Óscars da Academia  e o laureado MICHAEL DOUGLAS,  estão de regresso com 'WALL STREET, o dinheiro nunca dorme', a sequela do memorável WALL STREET de 1987. 
Depois de um longo período de encarceramento, Gordon Gekko (Michael Douglas) dá por si à margem de um mundo que um dia comandou. Na esperança de reatar a relação com a sua filha Winnie, Gekko forma uma aliança com o noivo desta, Jake. Mas Winnie e Jake vão aprender, da pior maneira possível, que Gekko é ainda um mestre na área da manipulação que não vê meios para atingir os seus fins.
A sequela do filme que deu a conhecer ao público uma das personagens mais emblemáticas e ao mesmo tempo mais sinistra de todos os tempos, Gordon Gekko. Personagem que valeu o Óscar da Academia a Michael Douglas para Melhor Actor em 1987.

No momento que atravessamos com uma crise financeira que resulta precisamente da ganância e da falta de escrúpulos de homens com Gekko, com este filme superiormente realizado por Oliver Stone e com as excelentes interpretações dos autores Michael Douglas (Gekko), Carey Mulligan (a filha Winnie) e Shia LeBoeuf (como Jake, o noivo) é, para além de um excelente momento cinematográfico, a história real de muitos dramas da vida real.
A não perder.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

GERAÇÃO 'DEOLINDA' I


Sou da geração sem remuneração
E não me incomoda esta condição
que parva que sou
porque isto está mal e vai continuar
já é uma sorte eu poder estagiar
que parva que sou
e fico a pensar
que mundo tão parvo
onde para ser escravo é preciso estudar.

Sou da geração 'casinha dos pais'
se já tenho tudo para quê querer mais?
que parva que sou
filhos, maridos, estou sempre a adiar
e ainda me falta o carro pagar
que parva que sou
e fico a pensar que mundo tão parvo
onde para ser escravo é preciso estudar

Sou da geração 'vou queixar-me para quê'?
há alguém bem pior do que eu na TV
que parva que sou
sou da geração 'eu já não posso mais'!
que esta situação dura há tempo demais
e parva não sou
e fico a pensar
que mundo tão parvo
onde para ser escravo é preciso estudar.

Chamam-se 'DEOLINDA', fizeram esta cantiga para o seu espectáculo nos Coliseus que a Ana Bacalhau, vocalista do grupo, cantou e assim tornou um sucesso mediático. O regresso da canção de protesto de uma geração que 'parva não é' mas que é obrigada a viver num mundo tão parvo...a um passo da revolta? Talvez. Se calhar é preciso! 

GERAÇÃO 'DEOLINDA' II

Tudo começa mais atrás porque os mais de cento e noventa mil jovens qualificados que andam pelo mercado de trabalho à procura do primeiro emprego ou que apenas alcançaram um arremedo de emprego, mal pago e precário não é de ontem nem apenas de hoje. Vêm a acumular-se desde 2003. Uma certeza, pelo menos, existe e nada boa. Amanhã serão muitos mais!
No entanto, há quinze dias, a voz de Ana Bacalhau e a música dos Deolinda encheu os coliseus de Lisboa e do Porto e teve, de imediato, eco em todos os espectadores por sinal na sua esmagadora maioria, gente jovem. E, aquela que poderia ser apenas mais uma canção no repertório deste grupo jovem de músicos jovens, logo se transformou num verdadeiro hino, num protesto de um colectivo que é ‘apenas’ o futuro deste país se é que estamos a falar de um país com futuro. Mas isso é outra conversa, dizem de pessimistas que teimam sempre em ver somente o lado mau da coisa. Infelizmente estou entre eles. Os pessimistas já que deixei de ser jovem há muito. Pelo menos em idade.
O que é facto é que estes jovens andaram a adquirir mais qualificações e melhores competências nas instituições de ensino superior, com sacrifícios de muitos pais, sacrifícios dos próprios estudantes, apesar dos sucessivos aumentos das propinas, apesar dos sucessivos aumentos de quase tudo desde o material e livros escolares até aos transportes, alimentação e alojamento.
Mas, seguros que apenas, e de facto, só um aumento do número de trabalhadores mais qualificados e mais competentes poderá contribuir para que este país tenha um futuro, esta juventude deitou mãos à obra e qualificou-se mais e mais, adquiriu novas competências e chegou, ao fim de quatro, cinco, seis anos ao mercado de trabalho e o que acontece? Acontece que tem à sua espera raríssimas ofertas de trabalho condizente com o que andou a estudar e mesmo essas, na sua grosseira maioria, precárias, mal remuneradas e normalmente susceptíveis de nunca concorrerem com as expectativas criadas. A que ponto chegou esta aleivosia que grande parte desta juventude se faz emigrante para sobreviver e ganhar fora do país o que o país não lhe consegue dar, enquanto outra parte, a que decidiu ficar, vegeta em trabalhos que nada têm que ver com as suas competências descendo na escala de valor sem saída nem força para saltar.
A Ana Bacalhau disse isto mesmo, em muito menos palavras do que eu mas com grande acutilância porque a verdade, mesmo quando amedronta, mesmo quando é cruel, mesmo que pareça absurda tem de ser dita doa a quem doer, custe o que custar.
A geração ‘Deolinda’ clama desespero. Grita revolta. E nós que andamos a fazer? Somos omissos por ignorância? Somos inertes por comodismo? Somos crédulos por cansaço? Porque tão acomodados, demasiado ignorantes e cansados de crendice, nem sabemos reconhecer que esta geração, é o colectivo dos nossos filhos e dos nossos netos?
Se não formos capazes de nos juntarmos a eles, então esta geração jamais nos perdoará.