terça-feira, 26 de abril de 2011

Chernobyl, 25 anos

A maior catástrofe nuclear da história faz 25 anos e continua a fazer sentir os seus efeitos.
Segundo dados dos peritos, a explosão provocou fugas de radioactividade para a atmosfera equivalentes a 100-500 bombas atómicas como a que foi lançada sobre Hiroshima.

Quem quiser que enfie a carapuça...

“Sabemos que o nosso Estado é ainda ineficiente e pouco amigo do cidadão, mas devemos saber também que a nossa sociedade civil é fraca, corporativa e pouco dinâmica, acusando o Estado para melhor viver à sua sombra. 
Sabemos que temos partidos políticos fechados, com poucas ideias e pouco debate e políticos, que há muito mais do que seria desejável, que não estão à altura das suas responsabilidades mas, devemos saber também que muitos cidadãos pouco fazem para alterar esse estado de coisas, preferindo o comodismo do alheamento, da indiferença ou da má língua inconsequente, como se tudo lhes fosse devido e eles não devessem nada ao país”.
Só a partir desta nova atitude, é possível construirmos os compromissos necessários, os acordos duradouros, os consensos sólidos, os pactos de regime e a coesão nacional que a gravidade desta hora exige
O país precisa de "políticos com pensamento novo e autoridade moral", defendeu, mas também de cidadãos mais empenhados e insistiu na ideia da necessidade de "mudar radicalmente de atitude": "Necessitamos de mais perspectiva e menos miragem, de mais exigência e de menos facilitismo, de mais rigor e de menos desperdício, de mais vontade e menos voluntarismo". 
Mas é preciso olhar também para o que temos de bom “e é justo de que nos orgulhemos: O país é hoje muito melhor do que era em 1974. Há empresários que brilham lá fora, há trabalhadores competentes, há jovens com valorização, há pessoas empenhadas no país e com capacidade de intervenção, há muitos reconhecidos internacionalmente. O que precisamos é fazer dessa excelência uma marca colectiva e não uma distinção pessoal. 

Comentários para quê? Foi duro e crítico o discurso do antigo Presidente da República Jorge Sampaio, na cerimónia de aniversário da Revolução do 25 de Abril. Sampaio propôs um sentido de responsabilidade partilhada e criticou o conformismo da sociedade civil portuguesa.

25 de Abril, sempre!

terça-feira, 19 de abril de 2011

A TROIKA

A loura de olhos azuis flamejantes escondidos nos óculos de sol, fato escuro, um ar de executiva de pasta negra na mão, esta troika combina o fascínio das nórdicas com a imponência das alemãs, passo pausado e seguro quando sai do BMW negro de matrícula diplomática, na baixa lisboeta, seja à porta do ministério das finanças ao encontro de quem a chamou ou não hesita em visitar quem quiser ter um encontro com ela, seja partido, união sindical ou confederação patronal é a troika. Jornalistas para já, não! 
Porque a troika não gosta de entrevistas principalmente quando esta gente coloca questões difíceis e tem a mania de antecipar respostas. Afinal, sabe-se linda e desejada mas gostará primeiro de conhecer bem com quem vai viver em união de facto nos próximos quatro ou cinco anos.
A experiência já lhe ditou que depois de ter ido para a cama com gregos e irlandeses é preciso ter mais cuidado ainda com este pretendente, pois os outros dois já lhe deitaram abaixo metade da fortuna e este é tido por ter uma grande lata, já andou nos braços da Angela Merkel e aos beijinhos ao Silvio Berlusconi e fartou-se de dizer (e ainda diz) mal dela apesar de lhe pedir que venha, numa lamúria de romântico incorrigível, sem disfarçar que é um namoradeiro mentiroso e interesseiro, capaz de dar cabo de qualquer fortuna por maior que seja. A troika, no entanto, veio logo, sem parecer incomodada e, pelo contrário, como quem estivesse já à espera que este esbanjador, sem cura nem remédio, mais tarde ou mais cedo a chamasse. A troika pode ser loura mas, não é parva, como teima aquela convicção certamente criada por alguma morena despeitada! Contas feitas, ela sabe que vai acabar por ganhar dinheiro com este ‘raide’ a Lisboa.
Hoje, logo que saiu do hotel, duchezinho matinal e pequeno-almoço no bucho, cheirosa no seu ‘Desire me’ de Escada, foi abordada por um jornalista mais afoito e, finalmente, descoseu um palpite, numa vozinha suave, num inglês carregado de sotaque. Que só falaria para os jornalistas depois de ouvir tudo o que tinha de ouvir e de ver os livros de contabilidade. Tudo muito bem ouvido e sobretudo visto. Lá para sexta-feira, adiantou já em despedida sinalizada pelo movimento da mãozinha branca com dedos longos de pianista, num aceno para três dias.
Mas, a comunicação social não se dá por vencida. Apaixonou-se pela troika, está visto. Fica de pé, horas a fio, à porta de onde quer que a troika esteja, olhando numa ansiedade embevecida, um sinal, um suspiro.
Eu, sinceramente, já estou farto desta história de ter cá uma ricaça que suposto, vir dar uma ajuda mas que apenas veio para salvar os outros ricaços todos de um bando que continua a especular com a desgraça alheia.
Porque, bem vistas as coisas, foram os ricaços deste mesmo bando de abutres que agora nos quer bicar as entranhas que, há uns tempos a esta parte nos oferecia todo o dinheiro do mundo a taxa zero. Se íamos comprar uma casa ou um apartamento, ofereciam-nos mais do que pedíamos para comprarmos também um carrito, os electrodomésticos ou mesmo a mobília da sala ou do quarto. Depois, punham-nos nas mãos cartões de crédito para gastarmos à vontade e se tínhamos problemas, diziam-nos para não nos preocuparmos porque abriam-nos uma conta ordenado e assim podíamos começar a gastar em Janeiro o que o patrão nos pagasse lá para Fevereiro ou Março. Para maior facilidade, se não podíamos pagar a trinta anos, alargava-se o prazo, para trinta e cinco ou mesmo quarenta anos. É claro que isto exigia algumas cautelas. Juntavam-se uns seguros de prémios mais ou menos elevados, por doença, por morte, por desemprego, por tudo e por nada.

É claro que esta sedutora que se encontra entre nós, não tem nada a ver com isto! Não tem? Bem, suspeito que sim, que tem e é pena que tenha porque lhe tira o encanto todo e o que apetece mesmo é correr com ela, Mas, isto digo eu, que não estou apaixonado.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Porque não se fala da Islândia?

É altura de se falar da Islândia. Na forma como este país deu a volta à bancarrota e porque não interessa a certa gente que se fale dele. Não é impunemente que não se fala da Islândia (o primeiro país a ir à bancarrota com a crise financeira) e na forma como este pequeno país perdido no meio do mar, deu a volta à crise. Ao poder económico mundial, e especialmente o Europeu, tão proteccionista do sector bancário, não interessa dar notícias de quem lhes bateu o pé e não alinhou nas imposições usuárias que o FMI lhe impunha para a ajudar.

Ficheiro:Coat of arms of Iceland.svg
Em 2007 a Islândia entrou na bancarrota por causa do seu endividamento excessivo e pela falência do seu maior Banco que, como todos os outros, se afogou num oceano de crédito mal parado. A Islândia é uma ilha isolada com cerca de 320 mil habitantes, e que durante muitos anos viveu acima das suas possibilidades graças a estas "macaquices" bancárias que a guindaram falaciosamente ao 13º lugar do ranking dos países com melhor nível de vida (nessa altura em que Portugal detinha o 40º lugar). País novo, ainda não integrado na UE, independente desde 1944, foi desde então governado pelo Partido Progressista (PP), que se perpetuou no Poder até o levar à miséria.
Desacreditado pelas consequências da corrupção com que durante muitos anos conviveu, o PP tratou de correr ao FMI em busca de ajuda. Claro que a usura deste organismo não teve comiseração, e a tal "ajuda" ir-se-ia traduzir em empréstimos a juros elevadíssimos acima dos 5,5%, que se traduzia num empenhamento das famílias islandesas por 30 anos. Parte desta ajuda seria para "tapar" o buraco do principal Banco islandês.
Perante tal situação, o país mexeu-se, apareceram movimentos cívicos com uma ideia base muito simples: o custo das falências bancárias não deveria ser pago pelos cidadãos, mas sim pelos accionistas e seus credores e por todos os que tinham assumido os tais investimentos financeiros de risco.
O descontentamento foi tal que o Governo foi obrigado a efectuar um referendo, tendo os islandeses, com uma maioria de 93%, recusado a assumir os custos da má gestão bancária e a pactuar com as imposições avaras do FMI. Num instante, os movimentos cívicos forçaram a queda do Governo e a realização de novas eleições.
Foi assim que em 25 de Abril de 2009, a Islândia foi a eleições e recusou votar em partidos que albergassem a corrupta classe política que os tinha levado àquele estado de penúria. Um partido renovado (Aliança Social Democrata) ganhou as eleições, e conjuntamente com o Movimento Verde de Esquerda, formaram uma coligação que lhes garantiu 44 dos 63 deputados da Assembleia). O partido do poder (PP) perdeu em toda a linha.
Foi assim que se iniciaram as reformas de fundo no país amparadas numa reforma fiscal severa. As negociações com o FMI foram duras, mas os islandeses não cederam, e conseguiram os tais empréstimos que necessitavam a um juro máximo de 3,0% a pagar nos tais 30 anos. O FMI não tugiu nem mugiu. Sabia que teria de ser assim, ou então a Islândia seguiria sozinha e, atendendo às suas características, poderia transformar-se num exemplo mundial perigoso demais, de como sair da crise sem estender a mão à Banca.

Graças a esta política de não pactuar com os interesses do neoliberalismo instalado e de não pactuar com o formato do actual capitalismo selvagem, os islandeses fazem sacrifícios, mas sabem porque os fazem e onde vai parar o resultado dos seus sacrifícios e saíu da recessão já no 3º Trimestre de 2010.
O Governo islandês (chefiado por uma senhora de 66 anos) prossegue a sua caminhada, tendo conseguido sair da bancarrota e preparando-se para dias melhores. 
Os cidadãos estão com o Governo porque este não lhes mentiu, cumpriu com o que o referendo dos 93% lhe tinha ordenado, e os islandeses hoje sabem que não estão a sustentar corruptos nem a cobrir as fraudes que lhes proporcionaram enormes fortunas. Sabem também que deram uma lição à banca europeia e mundial, pagando-lhes o juro justo pelo que pediram e não alinhando em mais especulação. Sabem ainda que o Governo está a trabalhar para eles, cidadãos, e aquilo que é sector público necessário à manutenção de uma assistência e segurança social básica, não foi tocado.
Os islandeses sabem para onde vai cada cêntimo dos seus impostos, porque o actual Governo Islandês, não faz jogadas nas costas dos seus cidadãos.  

quarta-feira, 6 de abril de 2011

É a bancarrota, estúpido!

Quanto mais oiço o primeiro-ministro demissionário falar da crise política e da irresponsabilidade das oposições e do presidente da república, umas por causa do chumbo do PEC IV e outro com o discurso na sua tomada de posse, mais se me agarra a certeza de que o primeiro responsável pela crise e pelo estado de coisas a que se chegou é ele mesmo, o primeiro-ministro demissionário.
Na entrevista que o primeiro-ministro deu logo que chegou de Bruxelas, afirmou várias vezes que não havia negociação possível para o PEC IV e que a sua rejeição significaria a sua própria demissão. Não se percebe, pois, que negociação estaria o primeiro-ministro a pensar fazer com a oposição, como passado dias começou a dizer, se excluía à partida qualquer alteração às medidas apresentadas em Bruxelas.
Quanto à questão da subida dos juros, estamos perante uma mistificação porque basta lembrar-nos que os juros da dívida nunca pararam de subir, durante a vigência dos PEC I, II, III e mesmo com a aprovação do orçamento para 2011. A realidade é que subiram durante esse período, cerca de 36%. O ministro das finanças afirmou, por altura da apresentação das grandes linhas do orçamento, em Outubro do ano passado quando os juros da dívida estavam abaixo dos 6% que o limite suportável seria à volta dos 7%, e caso essa barreira fosse ultrapassada seria de considerar o pedido de ajuda externa. Ora, ainda antes da crise política já os juros tinham ultrapassado os 8%.
Penso que o primeiro-ministro arquitectou uma estratégia que, em limite, deveria poder aguentar o governo até Junho ou seja até que a negociação para a flexibilização do fundo europeu de estabilização financeira (FEEF), com a participação em 30% do fundo monetário internacional (FMI) estivesse concluída. Mediante esta engenhosa falácia, o primeiro-ministro teria a glória de não ficar para a história (como ele agora gosta de dizer) como o chefe de um governo que teve de pedir ajuda externa.
Mas, caso viesse a suceder o que afinal se verificou e que foi a sua queda então, o primeiro-ministro poderia ‘vender’ à saciedade a imagem de vítima das oposições que na sua ânsia de poder foram tão irresponsáveis que acabaram por atirar o país para o abismo e, como antecipadamente se sabia da quase inevitabilidade do tal pedido de ajuda, então poderia facilmente passar as culpas para as oposições, mormente para o PSD. O que ainda poderá acontecer!
Os acontecimentos recentes e a marcação de eleições antecipadas, que até poderão não resolver coisa nenhuma, só têm agravado a situação. Era esperado. Para além da classificação de ‘lixo’ atribuída às empresas públicas de transportes, também a banca desce em cambalhotas sucessivas a escada rumo ao ‘lixo’.
As necessidades de financiamento para pagamento de salários e pensões já chegaram à ordem do dia e estão nas primeiras páginas dos jornais.
Hoje, os banqueiros, após uma reunião com o governador do banco de Portugal, declararam que não haverá mais empréstimos ao estado português. A banca, que há mais de um ano se tem vindo a financiar na única entidade que lhe empresta, o banco central europeu (BCE), acaba de deixar o estado sem qualquer fonte para se financiar.
Entretanto, na mesma medida que os juros da dívida continuam a sua escalada imparável, as agências de notação financeira preparam-se para mais descidas na classificação do país e dos bancos, a caminho do ‘lixo’ total.
Vamos a caminho do ‘lixo’. Sem ajuda, certamente da bancarrota!
  

sábado, 2 de abril de 2011

Constituição ficou pronta há 35 anos



Constituição da República Portuguesa de 1976 foi redigida pela Assembleia Constituinte eleita na sequência das primeiras eleições gerais livres no país em 25 de Abril de 1975, 1.º aniversário da revolução dos cravos. Os seus deputados deram os trabalhos por concluídos em 2 de Abril de 1976, tendo a Constituição entrado em vigor a 25 de Abril desse ano.

sexta-feira, 1 de abril de 2011