terça-feira, 24 de maio de 2011

Língua portuguesa muito traiçoeira..

Quando passarem por Beja, poderão certificar se é verdade ou não.......

O Registo Civil de Beja recebeu o seguinte requerimento:

Beja, 5 de Fevereiro 2006.
Eu, Maria José Pau, gostaria de saber da possibilidade de se abolir o sobrenome Pau do meu nome, já que a presença do Pau me tem deixado embaraçada em várias situações. 
Desde já agradeço a  atenção despendida.

Peço deferimento,

Maria José Pau.


Em resposta, recebeu a seguinte mensagem:


Cara Senhora Pau,
Sobre a sua solicitação da remoção do Pau, gostaríamos de lhe dizer que a nova legislação permite a remoção do Pau, mas o processo é complicado e moroso. 

Se o Pau tiver sido adquirido após o casamento, a remoção é mais fácil, pois, afinal de contas, ninguém é obrigado a usar o Pau do cônjuge se não quiser.
Se o Pau for do seu pai, torna-se mais difícil, pois o Pau a que nos referimos é de família e tem sido utilizado há várias gerações. Se a senhora tiver irmãos ou irmãs, a remoção do Pau torná-la-ia diferente do resto da família. Cortar o Pau do seu pai pode ser algo muito desagradável para ele.
Outro senão está no facto do seu nome conter apenas nomes próprios, e poderá ficar esquisito, caso não haja nada para colocar no lugar do Pau. Isto sem mencionar que as pessoas estranharão muito ao saber que a senhora não possui mais o Pau do seu marido.
Uma opção viável seria a troca da ordem dos nomes.
Se a senhora colocar o Pau na frente da Maria e atrás do José, o Pau pode ser escondido, pois poderia assinar o seu nome como 'Maria P. José'.
A nossa opinião é a de que o preconceito contra este nome já acabou há muito tempo e visto que a senhora já usou o Pau do seu marido por tanto tempo, não custa nada usá-lo um pouco mais.
Eu mesmo possuo Pau, sempre o usei e muito poucas vezes o Pau me causou embaraços.

Atenciosamente,
Bernardo Romeu Pau Grosso
Registo Civil de Beja


terça-feira, 10 de maio de 2011

INDIGNAI-VOS!!!

«
A minha longa vida deu-me uma série de motivos para me indignar». 
Quem escreve é Stéphane Hessel, 93 anos, herói da Resistência francesa, sobrevivente dos campos de concentração nazis e um dos redactores da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
É com a autoridade moral de um resistente inconformado e de um lutador visionário que Stéphane Hessel nos alerta, neste breve manifesto, para o facto de existirem hoje tantos e tão sérios motivos para a indignação como no tempo em que o nacionalsocialismo ameaçava o mundo livre. 
Se procurarmos, certamente encontraremos razões para a indignação: o fosso crescente entre muito pobres e muito ricos, o estado do planeta, o desrespeito pelos emigrantes e pelos direitos humanos, a ditadura intolerável dos mercados financeiros, a injustiça social, entre tantos outros.
Aceitemos o desafio de Stéphane Hessel, procurando neste livro e no mundo que nos rodeia os motivos para a insurreição pacífica, pois "cabe-nos a todos em conjunto zelar para que a nossa sociedade se mantenha uma sociedade qual nos orgulhemos."

Yes, we can!

O voto ‘útil’ acontece em todas as eleições e as de 5 de Junho não serão excepção. 
É com o apelo ao voto ‘útil’, mais uma vez, que estes dois partidos pretendem agarrar-se a um poder que não pode escapar-se, forma de sobrevivência num saque dos votos alheios, no atemorizar de quem se sente tentado em dizer ‘basta!’, de quem pensa que ‘porque não votar agora’. 
Discursa o PS sobre a inutilidade de votar BE ou PCP que diz favorecerem o avanço da direita, acenando com políticas de esquerda que depois não cumpre quando é poder e juntando agora mais um argumento de que o PS é que sabe porque tem experiência e os outros não sabem porque não a têm. 
Afirma o PSD que pretende governar sozinho ‘sem paus de cabeleira’ e nunca com o PS, na ânsia de obter uma maioria absoluta ou simplesmente para não perder votos para a sua direita e não permitir que o CDS/PP ganhe terreno e se torne um parceiro inevitável e mais poderoso que o conveniente ou para conquistar os votos dos descontentes que sempre propiciam as alternâncias temporárias. 
É, pois, num momento crucial em que se exige clarificação que estes dois partidos, PS e PSD agem como se fossem os únicos donos da verdade e os únicos capazes de se constituírem como governo credível quando foram eles que nos governaram nas últimas três décadas com os resultados que hoje conhecemos.
Se Portugal se resumisse a estes dois partidos, por certo estaríamos hoje ainda mais pobres. 
Mas, o voto ‘útil’ é não só um voto traidor como um voto traiçoeiro que apenas serve de conveniência cobarde ao interesse ou à armadilha do medo. Não é fingindo que se está de acordo com políticas alheias, nem dando a mão àquilo que em limite se quer fazer crer como o menor dos males que se constrói a democracia, que se defende a democracia. 
Não é o voto conveniente que nos fará sair do atoleiro das conveniências em que nos meteram.
O momento excepcional exige clareza de pensamento, convicção no tipo de política e coragem na decisão. Que o voto seja pois tão claro, convicto e corajoso que possa ser ele o elemento dinamizador para aplicar o castigo a quem deve ser castigado e o prémio para quem deva ser premiado. 
Uma das frases tantas vezes repetida que deve estar presente. “Voto é a arma do Povo.” Poderemos então, ser tão claros para o pensarmos? Poderemos então, ser tão convictos para escolhermos? Poderemos pois ser tão corajosos para decidirmos em consciência?
“YES, WE CAN”!        

sexta-feira, 6 de maio de 2011

O que ele se 'esqueceu' de comunicar




- IVA vai subir para alguns produtos, nomeadamente no de alguns bens essenciais
- Dedução dos juros do crédito à habitação no IRS vai acabar 
- Rendas antigas serão mais fáceis de aumentar e despejos mais fáceis de realizar 
- Imposto sobre o tabaco, álcool e os veículos são agravados 
- Preços do gás, da electricidade e dos transportes vão subir
- Abate dos gastos com saúde e educação no IRS vai ser limitado 
- Subsídios de maternidade e de desemprego passam a pagar IRS 
- Sobem as taxas moderadoras na Saúde 
- Madeira e Açores têm que aumentar IVA, IRS e IRC 
- Pensionistas vão ter de pagar mais IRS
- Despedimentos serão mais fáceis e mais baratos 
- Subsídio de desemprego sofre corte e vai ser pago durante menos tempo
- Horas extraordinárias serão menos remuneradas
- Salário mínimo e pensões mínimas ficam congelados 
- Emprego na Função Pública vai diminuir 
- Cargos de chefia vão ser cortados no Estado e nos municípios 
- Sistema de saúde dos funcionários públicos vai baixar as comparticipações 
- Salários na Função Pública ficam congelados 
- Número de concelhos e freguesias vai ser reduzido 
- Autarquias recebem menos dinheiro 
- Fica proibida a criação de mais empresas públicas e municipais 
- Taxas de justiça mais caras para quem arraste processos 
- Dinheiro para as escolas dependerá do desempenho 
- Subsídios às energias renováveis serão cortados 
- REN e EDP totalmente privatizadas 
- «Golden shares» da PT, EDP e Galp acabam
- Parcerias público-privadas vão ser renegociadas e as novas serão suspensas 
- Novo aeroporto e TGV cancelados.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

O que ele comunicou...

Impostos e subsídio de desemprego: o que aí vem
O primeiro-ministro demissionário preencheu o intervalo do jogo da segunda mão das meias-finais da Liga dos Campeões entre o Barcelona e o Real Madrid que supostamente estaria a ser seguido por largos milhares de portugueses, para comunicar as linhas gerais do acordo com a troika. A seu lado, apareceu após ausência prolongada, o ministro das finanças com ar fechado e cara de poucos amigos. Entrou mudo e saiu calado e também não deve ter-lhe sido pedida (ou permitida) qualquer intervenção. Esteve ali, especado, apenas para que nós não nos esqueçamos do homem que ajudou o primeiro-ministro a levar-nos ao ponto a que chegámos.
O primeiro-ministro demissionário não perde oportunidade de não deixar por mãos alheias os seus dotes de vendedor de maus produtos como se fossem topos de gama. Fica-lhe bem continuar assim porque, afinal, trata-se da única coisa que sabe fazer. Ser um bom vendedor.
Tratou-se de mais um acto de propaganda destinado a fazer crer que o governo teria obtido um grande acordo após semanas de patrióticas negociações e competentes resultados. Ao fim e ao cabo, mais uma mistificação da realidade e um insulto aos portugueses que vão sofrer nos próximos quatro ou cinco anos, principalmente aqueles que menos contribuíram para o actual estado da coisa pública.
Pelo primeiro-ministro demissionário ficamos a saber o que não vai acontecer. Curiosamente, tudo o que não vai acontecer será precisamente tudo o que a comunicação social, não se sabe sob que fontes, tinha vindo a encher as páginas dos jornais e as aberturas dos telejornais, nas últimas semanas. 
Compreende-se, pois, o ar triunfalista do primeiro-ministro demissionário. 
Ele que é conhecido por ser mentiroso, veio denunciar as mentiras dos jornalistas. 
Não haverá corte no décimo terceiro e décimo quarto meses, nem sequer a troco de títulos de dívida; não haverá corte nas pensões acima dos seiscentos e seis euros mas apenas acima dos mil e quinhentos euros, conforme previa o PEC IV; não vai haver despedimentos na função pública; não haverá despedimentos sem justa causa. Para além disto, o primeiro-ministro quis convencer-nos de que o governo tinha forçado a troika a suavizar a cadência de redução dos défices.
Dito o que não ia acontecer, percebeu-se que o que vai acontecer não era para ali chamado porque as coisas devem ser entendidas assim: aquilo não foi uma comunicação ao país sobre o acordo com a troika foi mais um acto eleitoral destinado a mandar poeira para os olhos dos ingénuos, dos incautos, dos temerosos porque para os penitentes, para os incondicionais e para os crentes não é necessário mentir mais.
Como não seria permitido fazer quaisquer perguntas, voltámos à segunda parte do jogo, que acabou empatado e com a eliminação do Real. 

domingo, 1 de maio de 2011

Poema à mãe, de Eugénio de Andrade

No mais fundo de ti, eu sei que traí, mãe!
Tudo porque já não sou o retrato adormecido no fundo dos teus olhos!

Tudo porque tu ignoras que há leitos onde o frio não se demora
e noites rumorosas de águas matinais!
Tudo porque perdi as rosas brancas que apertava junto ao coração 
no retrato da moldura!
Mas tu esqueceste muita coisa! 

Esqueceste que as minhas pernas cresceram, que todo o meu corpo cresceu,
e até o meu coração ficou enorme, mãe!
Mas - tu sabes! - a noite é enorme e todo o meu corpo cresceu...
Eu saí da moldura, dei às aves os meus olhos a beber.

Não me esqueci de nada, mãe.
                                                                      Guardo a tua voz dentro de mim.
                                                                      E deixo-te as rosas...

Viva o Primeiro de Maio