sábado, 30 de novembro de 2013

LUGARES COM HISTÓRIA


PRAÇA DOS RESTAURADORES 
situa-se em Lisboa, com uma área de 17.300 m2, com início na Rua 1.º de Dezembro, junto à estação do Rossio e término na Avenida da Liberdade. Tem como ruas afluentes: Calçada da Glória junto ao Palácio Foz com o elevador da Glória que sobe até ao Bairro Alto; a Rua Jardim do Regedor que liga à travessa de Santo Antão onde se localiza o Coliseu dos Recreios; e a Rua dos Condes que tem um dos mais antigos cinemas de Lisboa, o cinema Condes, hoje desactivado, aliás tal como o Eden, na ala oeste da praça. 

É caracterizada pelo alto obelisco, de 30 metros de altura, que no centro comemora a libertação do jugo espanhol em 1 de Dezembro de 1640. Inaugurado em 28 de Abril de 1886, com o custo de 45 contos de réis, o monumento foi custeado por subscrição pública, aberta em Portugal e no Brasil e gerida por uma comissão sob a presidência do Marquês de Sá da Bandeira.
As figuras de bronze do pedestal representam a Vitória, com uma palma e uma coroa, e a Liberdade. Os nomes e datas nos lados do obelisco são os das batalhas da Guerra da Restauração.


O projecto do monumento é da autoria de António Tomás da Fonseca. As estátuas alegóricas (os génios da Vitória e da Independência). foram executadas pelos escultores José Simões de Almeida do lado norte e Alberto Nunes a sul. 
A construção foi entregue ao arquitecto Sérgio Augusto de Barros.







sexta-feira, 29 de novembro de 2013

O diário do professor Arnaldo Quintela

Ontem, uma mãe lavada em lágrimas veio ter comigo à porta da escola. 
Que não tinha um tostão em casa, ela e o marido estão desempregados e, até ao fim do mês, tem 2 litros de leite e meia dúzia de batatas para dar aos dois filhos. 
Acontece que o mais velho é meu aluno. 
Anda no 7.º ano, tem 12 anos mas, pela estrutura física, diria que não tem mais de 10. Como é óbvio, fiquei chocado. Ainda lhe disse que não sou o Director de Turma do miúdo e que não podia fazer nada, a não ser alertar quem de direito, mas ela também não queria nada a não ser desabafar. 
De vez em quando, dão-lhe dois ou três pães na padaria lá da beira, que ela distribui conforme pode para que os miúdos não vão de estômago vazio para a escola. Quando está completamente desesperada, como nos últimos dias, ganha coragem e recorre à instituição daqui da vila – oferecem refeições quentes aos mais necessitados. 
De resto, não conta a ninguém a situação em que vive, nem mesmo aos vizinhos, porque tem vergonha. Se existe pobreza envergonhada, aqui está ela em toda a sua plenitude. Sabe que pode contar com a escola. 
Os miúdos têm ambos Escalão A, porque o desemprego já se prolonga há mais de um ano (quem quer duas pessoas com 45 anos de idade e como habilitações 4ª classe?). Dão-lhes o pequeno-almoço na escola e dão-lhes o almoço e o lanche. O pior é à noite e sobretudo ao fim-de-semana. Quantas vezes aquelas duas crianças foram para a cama com meio copo de leite no estômago…
Sem saber o que dizer, segurei-a pela mão e meti-lhe 10 euros no bolso. Começou por recusar, mas aceitou emocionada. Despediu-se a chorar, dizendo que tinha vindo ter comigo apenas por causa da mensagem que eu enviara na caderneta onde eu dizia, de forma dura, que «o seu educando não está minimamente concentrado nas aulas e, não raras vezes, deita a cabeça no tampo da mesma como se estivesse a dormir».

Não consegui responder e um pedido de desculpa ficou na garganta embaraçado em emoção. 
Senti-me culpado. 
Muito culpado por nunca ter reparado nesta situação dramática. 
Mas com 8 turmas e quase 200 alunos, como podia ter reparado?

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

ECONOMIA É ISTO senhor VPM Paulo Portas


- PIB em 2012 = 155.076.803,8 €
para se encontrar um PIB equivalente, andamos para trás até ao ano de 2001 = 155.160.599,1 €, ainda assim superior a 2012!

- PIB per capita em 2012 = 14.748,4 €
para se encontrar um PIB/capita semelhante, temos de recuar ao ano 2000 = 14.786,9 €, ainda assim superior a 2012.

- taxa de risco de pobreza em 2012 = 45,4; em 2011 = 42,5; em 2010 = 41,0.
neste capítulo não se encontra desde 1990, ano em que se calculou este item pela primeira vez, índices tão altos de 'risco de pobreza'.

- rendimento médio disponível das famílias em 2012 = 30.632,9 €.
para termos um ano semelhante nesta matéria, é em 2006 que temos 30.731,4 €.

- emigração total em 2012 = 121.148 pessoas; em 2011 = 100.978 pessoas
como em 2013 estão contabilizadas mais de 10.000 saídas mensais, em 3 anos serão perto de 400.000, os portugueses que se viram obrigados a emigrar para subsistirem.

- taxa de desemprego em 2012 = 15,7%; em 2011 = 12,7%; em 2010 = 10,8%.
foram destruídos cerca de 300.000 postos de trabalho em dois anos. Se não tivessem emigrado tantos portugueses, estaríamos a braços com uma taxa de desemprego perto dos 20%, tal como a Espanha e a Grécia.

- taxa de actividade em 2012 = 61,4% e em 2011 = 61,8%.
nem nas décadas de 80 e 90, houve alguma vez uma taxa de actividade tão baixa. Apenas em 2000, a taxa foi de 60,7%, um ano excepcionalmente mau.

- rendimento médio disponível das famílias em 2012 = 28.832,9 €; em 2011 = 30.186,7 € e em 2010 = 32.145,1 €.
um ano com valor semelhante, em termos relativos, é 2004 = 28.839,5 €.

Poderia ter ido por grandes números globais como a redução nos apoios sociais sobretudo na educação ou na saúde mas isso ficará para uma outra ocasião. 

Quando o país recua e empobrece desta maneira, bem pode vir Vossa Excelência do alto da sua irrevogável oportunidade acenar com o êxito das exportações que do retrocesso que estes números representam não há acenos que lhe valham, nem a si nem ao bando que tão irrevogavelmente se tem dedicado a destruir o país.

(fonte: Pordata). 

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

AFINAL, O QUE É VIOLÊNCIA?!


Um enorme 'charivari' apostrofado por 'APELO À VIOLÊNCIA' foi o que alguns analistas do costume, mais o impagável Marco António que não representa coisa nenhuma, mais o senhor Saraiva que representa os patrões e anda de boca aberta de admiração por causa do atabalhoado guião que Portas pariu, quiseram fazer a propósito de três acontecimentos que se sucederam num curto espaço de tempo:

- a subida da escadaria do parlamento pelos polícias manifestantes,
- a reunião das esquerdas na Aula Magna, 
- as manifestações dos sindicalistas da CGTP nos átrios de quatro ministérios.

Neste entretanto, na assembleia da república, o governo e todos os deputados (menos um) pê-esses-dês e cê-dê-esses/pê-pês davam as mãos cúmplices para tornarem efectivo um dos ACTOS DA MAIOR VIOLÊNCIA que há memória: a aprovação do orçamento para 2014!

VIOLÊNCIA A SÉRIO é tudo o que um bando de fundamentalistas, que tomou o poder à custa de mentiras e dissimulações tem andado a engendrar no recôndito silêncio dos gabinetes alcatifados:
- designar de ricos todos os que auferem salário ou pensão acima dos 600,00 euros e portanto já sujeitos a cortes e ao aumento de impostos sobre os rendimentos já cortados;
- 'assassinar' as famílias que devia defender e proteger, levando-as ao desespero do incumprimento dos seus compromissos e à insolvência das suas vidas;
- instituir a emigração de centenas de milhares de jovens como única forma de escapar ao vazio quando não, substituído por um trabalho mal pago e precário;
- provocar um retrocesso civilizacional de décadas, através do desinvestimento na educação e na saúde públicas, retirando os apoios sociais às classes mais fracas e aos mais frágeis (crianças, idosos, deficientes, doentes crónicos, etc);

VIOLÊNCIA A SÉRIO é a que este bando que se apoderou do poder à falsa fé, anda a distribuir há quase três anos...

Até o Papa Francisco avisa que a iniquidade, a injustiça, o empobrecimento, a fome, geram em si mesmas a violência e como disse Mário soares, na Aula Magna, retirem-se enquanto podem chegar a casa pelo próprio pé. Afinal ninguém se lembra de lembrar as palavras bem mais incentivadoras de Vasco Lourenço "se não forem a bem, vamos nós correr com eles à paulada!"...

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

LUGARES COM HISTÓRIA III



PALÁCIO NACIONAL DA PENA

Constitui o mais completo e notável exemplar de arquitectura portuguesa do período do Romantismo, remonta a 1839, quando o rei consorte D. Fernando II, adquiriu as ruínas do Mosteiro de Nossa Senhora da Pena e iniciou a sua adaptação a palacete sob a direcção do Barão de Eschwege, que se inspirou nos palácios da Baviera. Extremamente fantasiosa, a arquitectura da Pena utiliza os "motivos" mouros, góticos e manuelinos, mas também o espírito Wagneriano dos castelos do centro da Europa.


A primitiva ocupação do escarpado da serra de Sintra ocorreu com a construção de uma pequena capela em homenagem a Nossa Senhora da Pena, durante o reinado de João II de Portugal.
No século XVI, D. Manuel no cumprimento de uma promessa, doou-a à Ordem de São Jerónimo, determinando a construção de um convento de madeira, e substituindo-o, pouco mais tarde, por um edifício de cantaria, com acomodações para 18 monges.
Em 1749, a queda de um raio destruiu parte da torre, capela e sacristia, danos que foram agravados com o terramoto de 1755. Apenas a zona do altar-mor, na capela, com um magnífico retábulo em mármore e alabastro atribuído a Chanterenne, ficou intacta.

Após a morte de D. Fernando, o palácio foi deixado para a sua segunda esposa, Elisa Hendler, Condessa de Edla, que procurou então chegar a um acordo com o Estado Português e recebeu uma proposta de compra por parte de D. Luís, que aceitou, reservando então para si apenas o Chalé da Condessa, onde continuou a residir.
Com essa aquisição, o Palácio passou para o património nacional português, integrado na Coroa. Durante o reinado de D.Carlos, a Família Real ocupou com frequência o palácio, tornando-se a residência predilecta da Rainha D. Amélia, que se ocupou da decoração dos aposentos íntimos. 
Após o regicídio, a Rainha D. Amélia retirou-se ainda mais para o Palácio da Pena, rodeada de amigas e dos seus cães de estimação.

LUGARES COM HISTÓRIA II



ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DO ROSSIO

Revivalista, neomanuelina e de arquitectura do ferro a Estação do Rossio. de grandes dimensões, era uma Estação Central, onde afluíam todas as vias-férreas nacionais e internacionais seguindo os modelos das grandes estações europeias, com zona de plataforma coberta por ampla pala em ferro sustentada por uma estrutura de colunas, com decoração neogótica, possuindo o interior simples e as fachadas com decoração neomanuelina.


A obra para a sua construção, adjudicada a uma empresa belga, incluía, para além da estação, a abertura do túnel ferroviário do Rossio/Campolide, a ligação rodoviária à Calçada do Carmo e o Hotel Palace e iniciou-se no ano de 1886.
No dia 23 de Novembro de 1890 abria ao público e ao tráfego ferroviário com o nome de estação da Avenida. A Estação Ferroviária do Rossio foi, durante muito tempo, a principal estação de comboios da cidade de Lisboa devido à sua proximidade com o centro.


Com o aumento do tráfego foi necessária a descentralização de forma a agilizar o sistema de transportes públicos da cidade. Assim, os comboios internacionais e de longo curso passaram a fazer a sua paragem na estação de Santa Apolónia, ficando a do Rossio reservada ao ferroviário suburbano. Com os anos foi alvo de intervenções e já na última década do século XX foi ali construído um átrio norte subterrâneo para se criar interface com o Metro de Lisboa e de autocarros dos Restauradores.
Milhares e milhares de pessoas, que chegam e saem de Lisboa, passam todos os dias por ela e dali acedem fácil e rapidamente ao centro da cidade e à Baixa Pombalina.


O local encontra-se ligado ao assassinato de Sidónio Pais, a 14 de Dezembro de 1918 morto a tiro por José Júlio da Costa, um militante republicano. Momento traumático para a Primeira República, marcando o seu destino que apenas terminou quase oito anos depois com a Revolução Nacional de 28 de Maio de 1926 que pôs termo ao regime e iniciou o período histórico intitulado de Estado Novo.

LUGARES COM HISTÓRIA I


CAFÉ NICOLA

Abriu as portas pela primeira vez em Julho de 1787, no Rossio, fundado pelo italiano Nicola Breteiro e é um dos estabelecimentos mais antigos de Lisboa.



Lugar de intercâmbio de ideias, debates literários e propaganda de opiniões, é assim que podemos definir um dos cafés mais frequentados do séc. XVIII.
O Café Nicola tem o charme característico que marcou diferentes épocas e foi ponto de encontro e, muitas vezes, de partida para movimentos sociais, políticos e culturais. Pela sua porta, passaram algumas das mais emblemáticas figuras da sociedade lisboeta e do país: Bocage terá sido por ventura o mais famoso.

A fachada executada em 1929, é do traço do arquitecto Norte Júnior. A decoração do interior era neoclássica. As telas são do pintor Fernando Santos e o busto de Bocage esculpido por Marcelino d’Almeida.





MARTINHO DA ARCADA


O Café-Restaurante Martinho da Arcada, na Praça do Comércio, n.º 3, em Lisboa, tem a sua história, de mais de dois séculos, ligada à literatura portuguesa.




O «Café do Gelo» foi adquirido pelo italiano Domenico Mignani que inaugurou a «Casa do Café Italiano», em 1795; sucessivamente conhecido por «Café do Comércio» e por «Café dos Jacobinos», pelo facto de ser frequentado pelos jacobinos e libertinos da época, deve o seu actual, desde 1845, a Martinho Bartolomeu Rodrigues o novo proprietário que mandou fazer obras que o transformaram num dos melhores cafés de Lisboa. O mesmo empresário tinha aberto já outro «Café Martinho» no Largo do Regedor, em frente da estação dos caminhos de ferro do Rossio dando pois a este o popular «Martinho da Arcada» para o distinguir do outro.

Tendo sido frequentado por políticos, escritores e intelectuais como Afonso Costa, Manuel da Arriaga, Bernardino Machado, António Ferro e França Borges.
Na sua tradição literária, contou com clientes como Bocage, Lopes de Mendonça, Cesário Verde, Augusto Ferreira Gomes, António Botto e Almada Negreiros. Um dos seus clientes mais assíduos foi sem dúvida Fernando Pessoa (que continua a ter uma mesa permanentemente reservada).