terça-feira, 31 de dezembro de 2013

O ANO QUE SE APAGA DO CALENDÁRIO.


A FOLHA QUE SE RASGA, O ANO QUE SE APAGA DO CALENDÁRIO.

POR UMA NUVEM DE SENTIMENTOS!

Apenas mais uma convenção, entre tantas outras, 
que a natureza humana precisa, talvez de se convencer, 
que às zero horas de amanhã tudo voltará à estaca zero,
e tudo pode renascer sem mácula, sem azedume, sem falha!
E é nesse tradicional convencimento de um calendário inventado 
que a humanidade troca desejos, abraços, beijos, palavras belas,
esquecendo que amanhã é apenas mais um dia que se juntará
impassível, aos outros milhares que já passaram pela nossa existência
e que apenas construíram o tempo que já percorremos.

Para este dia que está prestes a terminar, 
e proponho-vos um exercício diferente, 
agora que já quase todos desejaram a quase todos, 
as mesmas coisas que todos os anos desejamos uns aos outros, sem novidade.


Juntemo-nos, então, debaixo desta NUVEM DE SENTIMENTOS!

PAZ, SAÚDE E AMOR, o que todos os anos queremos e desejamos.
Dou apenas o exemplo das três maiores mas vejam as outras 
e perguntem a vós próprios quantas vezes nos esquecemos delas.

Por isso,às ZERO HORAS DO 'NOVO' CALENDÁRIO, 
depois de beijos e abraços como manda a tradição, 
lembremo-nos por um momento da NUVEM DE SENTIMENTOS 
e pensemos para nós mesmos que apesar de difíceis, 
QUANTO MAIOR FOR O NÚMERO DE PALAVRAS QUE CONSEGUIRMOS CUMPRIR, MELHOR SERÁ O ANO DE 2014!

BOM EXERCÍCIO PARA TODOS!!!

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Ó SENHOR MINISTRO, EU FICO-LHE COM OS ESTALEIROS!

Julgo perceber, pelo que tem sido comentado publicamente, que o governo ao qual V. Exª pertence tem promovido negócios bastante interessantes para quem manifesta vontade de ficar com o património que é de todos nós. Como me sinto eivado desse espírito patriótico de infinita benemerência resolvi chegar-me à frente e, se não levar a mal, eu fico-lhe com os Estaleiros Navais de Viana do Castelo. 

Receando o ligeiro atraso da minha candidatura, até porque V. Exª não se cansa de apregoar que tudo já ocorreu com a maior das limpezas num concurso internacional supervisionado por autoridades de ineludível transparência e reconhecido mérito que ninguém sabe muito bem quem são mas, mesmo assim, permita-me acalentar uma pequeníssima esperança de que haja ainda uma segunda oportunidade e com vantagens a apresentar.


De construção naval não entendo absolutamente nada! Mas não será impeditivo, já que a Martifer também não percebe nada de construção naval e não foi por isso que foi afastada, como se percebeu. Quanto a condições financeiras para me alcandorar a semelhante cometimento. A não ser que o critério seja eleger o maior devedor, posso garantir-lhe que o meu passivo é infinitamente menor que os 475 milhões de euros da Martifer. 

Prontifica-se V. Exª para o patriótico esforço de ficar com os ‘ossos’ dos estaleiros e pagar, isto é, de ir aos bolsos dos contribuintes sacar os 450 milhões de euros para resolver o passivo, mais aquela chatice do Atlântida e da divida que todos os dias aumenta na doca no Alfeite e mais 30 milhões de euros para indemnizar os 600 trabalhadores que vai ter de por na rua. É de uma generosidade excepcional que eu nem me atrevo a contestar. 

Já estabeleceu o preço para 'pagar' esta operação. Sete milhões euros até 2031, qualquer coisa como uma renda mensal de 32 mil euros. Bem, até suspeito que haja quem pague mais por umas dezenas de metros quadrados num centro comercial para vender sapatos ou roupas. Mas, isto só prova que V.Exª é, de facto, magnânimo.

E não posso deixar de me entusiasmar porque V. Exª vai deixar para a Martifer as encomendas já adjudicadas. Focalizemo-nos, então e apenas, nos asfalteiros da Venezuela no valor de 128 milhões de euros. Para uma margem modesta de 10% e um lucro estimado de 12,8 milhões de euros até digo a V. Exª que me deixo de mais, mais e pago os 7 milhões logo que receba o pagamento da Venezuela. Parece-lhe bem? Assim evito a maçada de andar com pagamentos todos os meses e V. Exª recebe logo e eu nem lhe falo em nenhum 'descontozinho' pronto pagamento, dado o estado em que se encontra o país. 

Quantos aos trabalhadores, o senhor vai despedi-los e livra-me desse aborrecimento, e eu depois decido de quantos precisarei, claro que pagos ao salário mínimo nacional (e olha lá!). Aí já V. Exª não tem que se preocupar porque já disse (e muito bem) que a solução encontrada permite a criação de postos de trabalho. Então, esquecendo os 600 que vão para o desemprego, se eu admitir um já criei um posto de trabalho. Mas não tema Vexa a estreiteza do raciocínio pois contratarei, certamente, mais uns quantos. Fazemos negócio?


Até lá, passe V.Exª muito bem e sobretudo durma descansado pois parece-me, modéstia à parte, que arranjou uma candidatura transparente e séria e seguramente não irá ter nenhuma dúvida com a escolha.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

LUGARES COM HISTÓRIA

CASTELO DE ALMOUROL

Prédio Militar n.º 6. É esta a denominação toponímica e cartográfica do Castelo de Almourol, conquistado por D. Afonso Henriques aos mouros e com histórias mil para contar. A explicação é simples. Afinal de contas, trata-se de uma propriedade do Exército português, inevitavelmente incluída nos roteiros turísticos nacionais e de além-fronteiras.


Entre Vila Nova da Barquinha e Constância, Almourol com cerca de 310 metros de comprimento, 75 de maior largura, ergue-se no meio das águas do Tejo, há séculos “plantado” num pequeno ilhéu, diminuta formação granítica literalmente a dividir as margens do rio, foi há séculos, um ponto nevrálgico manobras militares.

A sua história registada por achados arqueológicos remonta à época da ocupação romana da Península Ibérica, por volta do século II a.C., que tomou o que então seria um castro lusitano. Mais tarde, os alanos, visigodos e mouros ali assentaram arraiais, até que, em 1129, D. afonso Henriques tomou de assalto a fortaleza estratégica, situada pouco a jusante da confluência do Tejo com o rio Zêzere.
Reedificado em 1171 por Gualdim Pais, mestre templário e monge-cavaleiro a quem D. Afonso Henriques havia doado, Almourol foi aos poucos perdendo relevância dado o avanço das conquistas para Sul por parte dos cruzados lusitanos. 
Entretanto, já no reinado de D. Dinis (de 1279 a 1325), dá-se a extinção da Ordem dos Templários, com todos os seus bens e direitos a passarem para as mãos da Ordem de Avis. Daí em diante Almourol sofreu várias alterações, com algumas das mais profundas a serem levadas a cabo já no século XIX e ao longo de grande parte do seguinte.

Enquanto não se concretizar o prometido Parque de Almourol (um mega-projecto de capitais públicos e privados que pretende criar um pólo de lazer, desporto e cultura, resta percorrer o interior e o exterior do castelo, desviando-nos de ervas daninhas, mato selvagem na sua maioria e perigosas armadilhas. 
Vá, portanto, com atenção, e até pode ser que, no meio dos escondidos caminhos em cimento construídos pelos militares e pode ser que descubra algum dos vários túneis que, reza a historia contada de boca em boca, ligavam a ilha às margens.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Democraticamente corruptos

Historicamente a corrupção sempre foi um dos maiores inimigos de uma nação. Promovida por governos pouco éticos e, geralmente, pouco eficientes, cabe assinalar que este fenómeno também é alimentado por sociedades viciadas ou no mínimo permissivas. 
Recentemente a ONG Transparency International publicou o 'índice de percepção de corrupção 2013' uma lista que são avaliados índices de corrupção de instituições e organismos administrativos e políticos de cada país.
Nas pontuações de 177 países, classificados em uma escala de 0 (muito corrupto ) a 100  nenhum país obteve resultado perfeito mas dois terços dos países estão abaixo de 50, o que indica um grave problema de corrupção em todo o mundo.
Os países do pódio são os inevitáveis - 1ºs ex-aequo, Dinamarca e Nova Zelândia; 2º Noruega e 3ºs ex-aequo Suécia, Finlândia e Suiça, respectivamente com 97, 95 e 92 pontos. Quanto aos mais corruptos, também aqui o ranking não oferece grandes surpresas ao atribuir 8 pontos à Coreia do Norte, Somália e Afeganistão.

A percepção da corrupção em Portugal agravou-se no período de dois anos, a tal ponto que demos um trambolhão de oito lugares (de 25º para 33º) com 59 pontos. 
Quem conhece a sociedade portuguesa até pode achar que as coisas não são bem assim até porque tendemos a excluir do leque dos fenómenos de corrupção e do tráfego de influências, os pequenos favores que o cidadão comum e o funcionário trocam considerando como normal o 'pedidozinho' que se faz para mexer ou não mexer no papel ou no processo, para dar andamento mais rápido no requerimento, para 'chegar primeiro' na vaga de emprego, etc, etc, etc.
Mas, por mais voltas que se deseje dar ao tema, o que é facto é que para o exterior continuamos a ter demasiados 'rabos de palha' para que a nossa imagem melhore.
É certo que, nesta Europa tão diversa em matéria de classificação, estamos à frente da Espanha, da Itália, da Hungria, da inevitável Grécia para não falarmos já nas nações dos balcãs e na Roménia mas isso, por si só, não chega para consolo.


Ninguém pode ignorar que os casos Expo98, Euro2004, Freeport, BPN, BPP, mais as PPP, contratos SWAP, submarinos, o TGV, o aeroporto do 'Jamais', a promiscuidade tantas vezes manifestada e nunca contrariada entre poder legislativo e os grandes escritórios de advogados, as constantes derrapagens nas obras públicas, os escândalos das empreitadas, os mega-processos como 'Operação Furacão', Monte Branco ou Face Oculta e muitos outros menores mas que fazem parte de um rol que turva os olhares mais críticos e destrói os alicerces da própria democracia.

Dir-se-á que nosso ADN colectivo existe algo que facilita o pelo menos o tráfego de influências mas ainda estamos a tempo de fazer um esforço para evitarmos esses pequenos escolhos que fazem encalhar a nossa democracia e não facilita a alteração da percepção que se tem das nossas instituições.

No momento em que se fala na necessidade de atrair investimento estrangeiro e com o país a lutar por sair de uma crise que dificilmente abandonará sem esse investimento, seria muito bom que todos nós adoptássemos outro olhar e outras práticas para que o exterior também nos começasse a ver de forma diferente.