sexta-feira, 30 de outubro de 2015

CAVAQUICES EM CAVACOS...


Se, o senhor Aníbal Cavaco Silva tivesse apenas declarado que: ouvidos os partidos como determina a Constituição, convidara o senhor Pedro Passos Coelho para formar governo uma vez que é o chefe da coligação que recebeu mais votos nas eleições, tudo isto seria juridicamente sustentável e politicamente legítimo.

Só que o senhor Aníbal Cavaco Silva não se limitou apenas a enumerar as razões e fez questão, mais uma vez,  de ser Cavaco em vez de ser Presidente da República. 

O senhor Aníbal resolveu acrescentar porque nunca aceitaria um governo em que comunistas e bloquistas tivessem representação no poder, ainda que esse poder emanasse da sua representação na Assembleia da república com o peso de mais de um milhão de votos de cidadãos eleitores.
Nas doutas palavras do senhor Aníbal, a economia deixaria de ter qualquer previsibilidade, os mercados entrariam numa espiral de instabilidade com catastrófico resultado sobre a dívida; as agências de notação financeira atirariam o país para o fundo do contentor dos lixos não recicláveis, os agentes económicos entrariam num pânico que arrastaria as empresas para a falência e a economia para a depressão; os investidores fugiriam para parte incerta ou iriam pôr a dinheirama noutras paragens mais alinhadas com as direitas servilmente adeptas do neoliberalismo contorcionista; a NATO mandaria vasos de guerra empurrar os navios de cruzeiro para a boca da barra; os acordos e tratados no âmbito da União Europeia passariam a estar em permanente questão; e mais um imenso rol do mais despudorado desprezo pelos partidos que formam a oposição que somou mais votos que a coligação.


No seu desnorte, o senhor Aníbal junta considerações e alusões a deputados que eventualmente correspondam aos cânticos de sereia dos 'pafes'. Uma atrocidade que teve o condão de abrir uma guerra de trincheiras com um imenso campo minado ao centro.
Estando o senhor Aníbal condenado a ser Cavaco, fica a  evidência de que isto constitui uma deselegante imbecilidade e uma forma de pressão inadmissível sobre o Parlamento, para forçar a mão a alguns deputados do PS e convencê-los a aprovar o programa da PàF

O senhor Aníbal no auge da 'cavaquice' determina que a Passos Coelho apenas se pede que faça de coelho e que monte um governo tipo 'É tão bom! Não foi?' e que, se necessário, o manterá em gestão numa espécie de banho maria. E, se a oposição o esfolar...

Quando o senhor Aníbal apagar a luz e fechar a porta em Belém, pela última vez, poderá deixar calmamente no papel, as suas memórias...

O senhor Aníbal Cavaco Silva deu hoje posse ao senhor Pedro Passos Coelho e aos restantes membros do governo PàF numa cerimónia já habitual no palácio da Ajuda.

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

CRISTÓVÃO COLOMBO E O ORIENTE....

Cristóvão Colombo nasceu no ano de 1451, mas não se sabe o dia exacto nem o local por isso, se há estudos que indicam que é genovês, outros sustentam que é português e de Cuba.
Foi cartógrafo e navegador que carrega o “título” de primeiro europeu a chegar às Américas. Inspirou o nome do país sul americano: Colômbia e de mais duas regiões da América do Norte: a Columbia Britânica (Canadá) e Distrito de Columbia (onde se situa a capital dos Estados Unidos - Washington DC)

O que se sabe sobre o começo de sua vida, por exemplo, é: que frequentou o colégio, aprendeu a ler e escrever em pouco tempo e que suas preferências eram Geografia e Astronomia.
 
Mesmo seguindo o ofício de tecelão, queria era andar no mar.
Aos 14 anos, foi em sua primeira viagem marítima e aos 20 anos, já tinha o comando de embarcações.
 
Colombo conheceu as mais importantes rotas comerciais do Mediterrâneo, como corsário e estabeleceu-se em Lisboa, pelo menos durante 10 anos.
Casou-se com a portuguesa Felipa Moniz, em Lisboa, com quem teve um filho, chamado Diego. Mas Felipa morreu logo a seguir ao parto.
Com a morte da mulher, deixou o filho ao cuidado de uma ama e, tendo descoberto o “Mapa da Tascanelli”, que na verdade era uma carta, onde estava descrita uma rota para chegar à China seguindo a direção do Ocidente, Colombo fez cálculos e abriu uma rota. Porém, ao apresentar a D. João II, o plano foi rejeitado.
 
Decidiu ir para a Espanha, onde apresenta o mesmo plano aos reis católicos Fernando e Isabel que não tendo recusado a proposta, também não apoiaram de imediato; Colombo que passava por dificuldades financeiras, estava decidido a ir-se embora, quando a rainha o chamou e resolveu apoiar a expedição. Tinham passado seis anos!
 
A 3 de agosto de 1492, largou de Cádiz à frente de três navios e 80 homens, rumo às ilhas Canárias.
 
Em 1502, Colombo fez sua quarta e última viagem; não foi bem sucedido. Doente e desapontado por não ter encontrado um caminho para a Ásia, voltou Espanha.
Morreu quatro anos depois na mais completa pobreza.

domingo, 11 de outubro de 2015

AFINAL, O QUE É QUE A DIREITA AINDA NÃO PERCEBEU?


Apesar de, até agora, não ter havido governo em que o Primeiro Ministro fosse de outro partido que não o mais votado em eleições, nada impede o Presidente da República, se for caso disso, de chamar um outro partido (ou coligação) que lhe preste maiores garantias. 
Já tivemos, ao longo do tempo, governos não eleitos de iniciativa presidencial (no tempo do Presidente Ramalho Eanes, chefiados pelos 'independentes' Nobre da Costa e Maria de Lurdes Pintasilgo) e um governo de coligação PSD/CDS chefiado por Santana Lopes (no tempo de Jorge Sampaio). 

Ora a Direita percebeu, logo na noite das eleições que a vontade do eleitorado tinha mudado tão profundamente que a coligação, apesar de ter ganho, não poderia governar sem, pelo menos, a abstenção do PS.
Daí, na própria noite das eleições, enquanto Antonio Costa aceitava o falhanço mas não se demitia, os discursos de vitória de Passos Coelho e o seu vice Portas, era um foguetório pífio onde já se deixava antever a dificuldade de sentar Costa à mesa.

Mas, a Direita e o PS, talvez não estivessem à espera do que se passou a seguir.
Cavaco, não deixou tropeçar a oportunidade e em vez de se decidir, desde logo, pela audição dos partidos políticos e chamar o mais votado - ou seja, a coligação - indigitar Passos Coelho a formar governo, resolveu encarregá-lo de lhe apresentar, num curto espaço de tempo, um governo estável e capaz de continuar as políticas dos últimos 4 anos, deve ter dito a Passos: Agora entendam-se!.


Passos Coelho (e, claro Paulo Portas) deve ter ficado siderado com esta inovação presidencial esperando que Cavaco lhe voltasse a por a mãozinha por baixo e aproveitasse a derrota de Costa, para deixar o odioso da solução para o PS: ou deixava passar programa e orçamento ou seria responsabilizado por um país ingovernável.

Mas a Direita não estaria à espera do que se passou a seguir.
E, o que se passou a seguir foi que o PCP escreveu preto no branco que o PS só não seria governo se não quisesse; o PCP nunca permitirá que um governo PS seja inviabilizado, disse peremptoriamente Jerónimo. 
Ora, como Catarina Martins também já declarou algo semelhante desde que o PS cumprisse (abandonasse como ela diz) três pontos fundamentais: não baixasse a TSU às empresas; não congelasse as pensões; não facilitasse os despedimentos. 
Isto parece perfeitamente possível para Antonio Costa tentar governar.

Mas, diz a Direita: os programas do PCP e o Bloco são anti União Europeia; não aceitam o tratado orçamental; não querem  pagar a dívida; querem o regresso ao escudo; querem tudo estatizado incluindo a banca; não querem a NATO; entre outros. 
Mas:
Tratado orçamental: será que ainda ninguém percebeu que a Alemanha à beira da recessão e com uma crise na indústria ("Volkswagengate") cuja dimensão não ficará apenas pela Alemanha nem pela indústria automóvel do grupo, em breve será a própria Alemanha a pedir um período de carência para o cumprimento das metas do défice. Lembremos que já não é a primeira vez que sucede...

Renegociação da dívida: é facto que o PS deixou cair essa tese mas nem o BE, nem o PCP deixaram, nem ao de leve, que esse fosse um ponto inultrapassável para apoiar um governo socialista.

Regresso ao escudo: se o PS sempre pôs essa possibilidade de parte, PCP e BE têm sido defensores da tese embora ambos defendendo uma saída ordenada. Mas, também agora parecem ter recuado.
Quanto às privatizações, o próprio Antonio Costa já fez saber na reunião que teve com os 'Verdes' que não permitirá a 'privatização da água'. Quanto ao resto, muito pouco há ainda por privatizar, faltando saber como poderá o PS cumprir a promessa de não privatizar mais do que 49,9% da TAP: Questões como a NATO e outras de carácter politico-militar nem nem sequer foram colocadas.

Será que o único que percebeu alguma coisa, até agora, foi Jerónimo de Sousa?
(o PS só não será governo se não quiser)...
Suponhamos que os socialistas decidem abster-se 'violentamente' e viabilizam o governo e o orçamento da coligação, mesmo negociando alguns pontos.
Não tenho dúvidas que à semelhança do que aconteceu na Grécia ao PASOK de Papandreous, o partido socialista implodirá nas próximas eleições e não terá mais do 6 ou 7% residuais; a direita do PS vai para o PSD e a esquerda do PS vai para o BE;
Daí que Jerónimo de Sousa não querendo perder mais terreno e sobretudo não querendo deixar fugir o BE para segundo partido, já percebeu o que tem de fazer.
Apoiar o PS e obrigar o BE a fazê-lo também...

E Marcelo Rebelo de Sousa está aí já, ao virar da esquina...

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

AS CAGANEIRICES DE UMA DIREITA À RASCA

Vamos supor que, por um mero acaso, o PSD perde um deputado pelo circulo da Europa, para o PS e outro pelo círculo fora da Europa para o Nós Cidadãos.
 
O resultado será: PS - 2 deputados; PSD - 1 e Nós Cidadãos - 1.
O que acontece na Assembleia da República?
PS - 87 deputados; PSD - 86; BE - 19; CDS - 18; CDU - 17; PAN - 1 e Nós Cidadãos - 1.
 
Um escândalo? Não! Uma possibilidade.
Sobretudo, uma realidade ainda mais diferente do que a que temos agora e com implicações decisivas na formação de um governo estável. Porque, os deputados socialistas e bloquistas ultrapassam, em número, os da coligação de direita e ainda teríamos mais os da CDU, do PAN e o deputado de Nós Cidadãos, mesmo que este último se juntasse à coligação.

Mas, como isto só se saberá depois da próxima terça feira, o senhor presidente da república quis despachar mais rapidamente as coisas e ficar de fora caso a 'casa venha abaixo'.
Por isso, encarregou o ainda primeiro ministro a arranjar maneira de formar governo.
Como isso só poderá ser feito caso o PS, no mínimo, se abstenha na votação do orçamento, Passos Coelho e Paulo Portas já andam de falinhas mansas; e algumas figuras mais encarniçadas do PàF, como Marco António Costa e João Almeida, para só falar nos porta vozes dos dois partidos da coligação, já moderaram os seus discursos.
Entretanto, Antonio Costa vai jogando esta simultânea com todos, nos vários tabuleiros, ganhando um protagonismo que a derrota das eleições não fazia prever mas que as circunstâncias têm ajudado.

Até parece que Cavaco Silva, farto de pôr a mãozinha por baixo do governo Coelho-Portas, acaba por conceder a Costa a oportunidade de gerir a 'crise' que os eleitores provocaram com a votação de Domingo passado.

Mas, se o cenário for realmente o de ter PS + BE com mais um deputado que o PàF e uma vez que Catarina Martins declarou a sua disponibilidade até para entrar num governo e a CDU não hostiliza um governo PS, então a Direita está fora.

E, mesmo que Cavaco ceda à tentação de nomear Passos para formar um novo governo, ele não durará nem quatro meses.

Vamos ver se Passos consegue, desta vez, o golpe de rins que o mantenha.... 

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

REFLEXÃO

O senhor presidente da república está em período de reflexão apesar de ter dito que já tinha tudo previsto, visto e revisto e que não era sensível a pressões.
Por isso, sua excelência o senhor presidente da república faltou às comemorações da república porque já tinha tudo previsto, visto e revisto e não é sensível a pressões.
 
O senhor presidente da república está, felizmente, em fim de mandato mas quer deixar o seu partido no poder quando, finalmente, fechar a luz e bater a porta no palácio de Belém.
Por isso, o senhor presidente da república chamará o senhor presidente do psd e actual primeiro ministro para lhe pedir que forme um novo governo, o qual aceitará a incumbência como 'chefe' da coligação de direita.

O senhor secretário geral do PS será o próximo a ir a Belém para que o senhor presidente da república fique a saber se a intenção será manter ou como prometeu na campanha, votar contra o orçamento que for apresentado pela coligação de direita.
O senhor secretário geral dos socialistas dirá que, caso as 'linhas vermelhas' traçadas pelo partido socialista sejam ultrapassadas, o partido votará contra e o governo cairá!
 
Ora como o governo não poderá deixar de ultrapassar as 'linhas vermelhas' traçadas pelos socialistas, das duas uma ou o governo cai ou desaparece o ps!
De qualquer maneira, volta a ser o ps a ter na mão a solução para o problema!
Ou vota contra o orçamento e faz cair o governo.
Ou se abstém e deixa passar o governo para um banho-maria político que ficará até que o partido socialista resolva a sua crise interna ou seja eleito um novo presidente da república que dissolva a assembleia da república para novas eleições.
Ou se espera que a cdu e/ou be e/ou ps apresentem moções de censura e o governo caia.

Então e se a coligação precipitar a sua própria queda na esperança de voltar a receber a maioria nas eleições seguintes quando for eleito um novo presidente?

Lembram-se que já aconteceu quando o actual presidente da república era primeiro ministro?
Seja como for, os próximos tempos vão ser de instabilidade permanente e a coligação vai ser chamada a fazer aquilo que nunca soube nem quis fazer enquanto foi maioria: negociar!
Veremos se sabe e se quer?