O voto ‘útil’ acontece em todas as eleições e as de 5 de Junho não serão excepção.
É com o apelo ao voto ‘útil’, mais uma vez, que estes dois partidos pretendem agarrar-se a um poder que não pode escapar-se, forma de sobrevivência num saque dos votos alheios, no atemorizar de quem se sente tentado em dizer ‘basta!’, de quem pensa que ‘porque não votar agora’.
Discursa o PS sobre a inutilidade de votar BE ou PCP que diz favorecerem o avanço da direita, acenando com políticas de esquerda que depois não cumpre quando é poder e juntando agora mais um argumento de que o PS é que sabe porque tem experiência e os outros não sabem porque não a têm.
Afirma o PSD que pretende governar sozinho ‘sem paus de cabeleira’ e nunca com o PS, na ânsia de obter uma maioria absoluta ou simplesmente para não perder votos para a sua direita e não permitir que o CDS/PP ganhe terreno e se torne um parceiro inevitável e mais poderoso que o conveniente ou para conquistar os votos dos descontentes que sempre propiciam as alternâncias temporárias.
É, pois, num momento crucial em que se exige clarificação que estes dois partidos, PS e PSD agem como se fossem os únicos donos da verdade e os únicos capazes de se constituírem como governo credível quando foram eles que nos governaram nas últimas três décadas com os resultados que hoje conhecemos.
Se Portugal se resumisse a estes dois partidos, por certo estaríamos hoje ainda mais pobres.
Mas, o voto ‘útil’ é não só um voto traidor como um voto traiçoeiro que apenas serve de conveniência cobarde ao interesse ou à armadilha do medo. Não é fingindo que se está de acordo com políticas alheias, nem dando a mão àquilo que em limite se quer fazer crer como o menor dos males que se constrói a democracia, que se defende a democracia.
Não é o voto conveniente que nos fará sair do atoleiro das conveniências em que nos meteram.
O momento excepcional exige clareza de pensamento, convicção no tipo de política e coragem na decisão. Que o voto seja pois tão claro, convicto e corajoso que possa ser ele o elemento dinamizador para aplicar o castigo a quem deve ser castigado e o prémio para quem deva ser premiado.
Uma das frases tantas vezes repetida que deve estar presente. “Voto é a arma do Povo.” Poderemos então, ser tão claros para o pensarmos? Poderemos então, ser tão convictos para escolhermos? Poderemos pois ser tão corajosos para decidirmos em consciência?
“YES, WE CAN”!