A revista Sábado dedica 8 págs a Duarte Lima, desde o tempo em que, órfão de pai aos 11 anos, ajudava a mãe a vender peixe em Miranda do Douro.
Duarte Lima tornou-se um homem imensamente rico.
A investigação de António José Vilela e Maria Henrique Espada está cheia de detalhes picantes.
Na casa da Av. Visconde de Valmor, em Lisboa, dava jantares sumptuosos, confeccionados in situ por Luís Suspiro; no fim 'le chef' vinha à sala explicar aos convidados (entre outros, Manuel Maria Carrilho, Ricardo Salgado, João Rendeiro, Horácio Roque, Adriano Moreira e José Sócrates) a génese das suas criações. Ângelo Correia, que o lançou na política em 1981, nunca foi convidado para esses jantares. O andar da Visconde de Valmor foi decorado por Graça Viterbo: a decoradora cobrou 705 mil euros.
Quando entrou para a Universidade Católica, graças a uma bolsa que o isentou das propinas, era pobre e só Margarida Marante se aproximou dele. Em 1980 já era maestro do coro da Católica. Pacheco Pereira e Santana Lopes assistiam embevecidos aos seus concertos de órgão.
O estágio de advocacia foi feito no escritório do socialista José Lamego, então casado com Assunção Esteves, actual presidente da AR.
O primeiro casamento (1982) foi celebrado pelo bispo de Bragança.
Em 1983 chegou a deputado e, em 1991, a líder parlamentar e vice-presidente do PSD. Nos anos 1980-90 era das poucas pessoas a quem Cavaco atendia o telefone a qualquer hora. Até que, em 1994, o Indy, então dirigido por Paulo Portas, obrigou o Ministério Público a investigar as suas contas.
Demitiu-se de cargos políticos e aguardou a conclusão do processo.
Com o assunto arrumado, candidatou-se em 1998 à Distrital de Lisboa do PSD. Ganhou, derrotanto Passos Coelho e Pacheco Pereira.
A leucemia afastou-o do cargo. Volta ao Parlamento por dois mandatos: 1999-2002 e 2005-2009.
Segundo a revista, Duarte Lima depositou nas suas contas, entre 1986 e 1994, mais de cinco milhões de euros, parte considerável (25%) em cash. É membro da Comissão de Ética do Instituto de Oncologia de Lisboa e fundou a Associação Portuguesa Contra a Leucemia.
Agora é o principal suspeito do assassinato de Rosalina Ribeiro.
Mas o affaire BPN, sendo também um caso de polícia, é sobretudo um assunto de Estado.
E nenhum jornal ou revista investiu ainda o bastante para o elucidar.