quarta-feira, 2 de julho de 2014

QUEREMOS AS NOSSAS VIDAS ( DE VOLTA! )


As recentes revelações e ligações já anteriormente conhecidas sobre o Grupo Espírito Santo tornaram apenas mais firme a convicção que tenho de que criminalidade e fraude financeirs são afinal regra numa economia em que o capital foi deixado à solta capaz de 'adormecer' entidades reguladoras e governos. 
Compreende-se melhor a razão porque o BES, conduzido há duas décadas pela 'mão virtuosa' de Ricardo Salgado, sempre evitou mostrar a sua contabilidade ao regulador do Estado ainda que precisasse de financiamento desse mesmo Estado para se manter dentro dos rácios exigíveis.
Não é de agora, o problema é também desse mesmo Estado que, pela mão de governantes pouco escrupulosos e inquinado de outros 'peões', espalhados por gabinetes ministeriais, lugares do parlamento e outros poisos mais ou menos de favor, se tornou um parceiro e em certos casos cúmplice, em contratos ruinosos contra o próprio Estado, seja em Parcerias Público Privadas ou nos SWAPS; incapaz de agir ou de aplicar justiça em casos como dos Submarinos, Monte Branco, Operação Furacão, Portucale, Contas da Suiça/Agência Akoya, com amnistias fiscais à medida para limpar cadastro. 
Mais recentemente, o investimento da PT na Rioforte e na dívida de 900 milhões que o Grupo Espírito Santo tem de liquidar para a semana que já produziu demissões em cadeia dos administradores nomeados pela parceira brasileira Oí e tem deixado as acções da PT num plano inclinado difiicil de travar. 
Mas, não fica por aqui a lista de casos escabrosos do maior grupo financeiro português. Para além do misterioso desaparecimento dos cinco mil milhões de euros do BES Angola, existem pelo menos mais três casos ainda que menos badalados: movimentos das contas Pinochet através da sucursal de Miami que foram investigados pela autoridade americana e o envolvimento no 'Mensalão' do governo de Lula da Silva com suspeita de pagamentos ilegais ao partido; ou ainda, mais recentemente, o caso da multa de 1,1 mil milhões de euros aplicada pela autoridade espanhola, por suspeita de 'lavagem de dinheiro'. 
O GES-BES está ainda ligado por exemplo à 'sabática' de Washington paga ao Dr. Durão Barroso, numa espécie de 'mecenato político' cuja eficácia poderia ser interessante avaliar. 

Tal como um balão que vamos soprando, soprando, soprando até que há um momento em que ou estoira incapaz de acoitar mais pressão ou vamos abrindo o pipo devagarinho para atenuar a descarga violenta, tamanho escândalo na impossibilidade de o conter por mais tempo entre 'paredes convenientes de uma sala à prova de som' tem sido deixado sair a conta gotas pelas frinchas da janela para que cá fora não se instale o pânico suficiente para pôr a Dona Inércia a correr mais que o Ronaldo!

Todos diferentes mas todos parecidos demais para que possamos continuar a aturar esta casta que se apoderou das nossas vidas e nos lançou numa depressão económica e social sem precedentes, o caso BES junta-se assim a BPN, BPP, BCP e Banf.

Quando na semana passada, numa conferência de imprensa durante a visita oficial do presidente alemão ao nosso país, Cavaco Silva declarou a propósito da austeridade que nos foi imposta que "o povo português aprendeu a lição!", eu também acho que sim.

Aprendemos:
a não confiarmos em políticos sem verticalidade nem dignidade; 
que afinal há mentiras que mesmo repetidas nunca se transformarão em verdade; 
a desconfiar de uma justiça que por tardar tanto quando actua já não é justiça.
Por falar em aprender e em justiça: queremos as nossas vidas de volta!