quarta-feira, 15 de março de 2023

DIA MUNDIAL DO CONSUMIDOR

 

Finalmente um dia de Primavera, com tecto azul imaculado e o cenário verde e dourado de paredes pintadas de alegria, ruidoso chilrear das aves que batem asas em bandos e corolas à beira de um ataque de nervos, empurrando-se nos canteiros para melhor mostrarem o colorido dos chapéus de pétalas.
21ºC e um Sol fantástico a cheirar a Verão.
E eu, entusiasmado, antes de ler as notícias...
Mais de 7 em cada 10 famílias portuguesas (74%) assumem ter tido dificuldades financeiras em 2022, de acordo com a DECO Proteste.
Comparativamente a 2021, o Barómetro da DECO Proteste revela que a dificuldade em enfrentar as despesas com a alimentação sofreu o maior aumento (15%), seguindo-se as despesas com a habitação (5%) e a mobilidade (4%). Cerca de três quartos (74%) das famílias enfrentam, mensalmente, dificuldades financeiras, sendo que 8% se encontram em situação crítica com dificuldade em pagar as despesas ditas essenciais (mobilidade, alimentação, saúde, habitação, lazer e educação)".
Crise? Qual crise?
O secretário de Estado do Turismo, Comércio e Serviços, Nuno Fazenda, anunciou, que a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) está no terreno, numa operação nacional, a fiscalizar os preços dos supermercados.
"Intensificámos a fiscalização e hoje, Dia Mundial do Consumidor, sendo um tema que marca e preocupa os portugueses, estamos a avançar com uma operação nacional, com a ASAE, que mobiliza 45 brigadas e 90 inspectores em todo o país. É a maior operação de fiscalização nesta matéria que vamos fazer e que hoje está no país a fiscalizar os preços", disse o secretário de Estado, em declarações à RTP3.
Esta ação está a decorrer para "saber também a especulação em termos de preços", disse Nuno Fazenda, e para as diferenças entre o preço indicado na prateleira e o preço pago em caixa.
Parece que os senhores governantes começaram a ir, também, às compras! Mais vale tarde que nunca!
ACP - Comboios de Portugal indica que dos 66 comboios regionais previstos não se fizeram 23 ligações e nos urbanos de Lisboa foram suprimidos 24 dos 115 programados. Nos urbanos do Porto, foram suprimidos apenas 6 dos 53 previstos. Quanto aos comboios de longo curso, tal como na terça-feira, realizaram-se todas as ligações (11) previstas até às 08:00.
A greve foi convocada pelo Sindicato Nacional dos Maquinistas dos Caminhos de Ferro Portugueses (SMAQ) contra a última proposta de aumentos salariais de 51 euros, que representa uma progressão média na carreira de 3,89%, que a estrutura sindical considera "claramente inaceitáveis".
Os trabalhadores iniciaram a greve à prestação de todo e qualquer trabalho das categorias representadas pelo SMAQ, desde as últimas horas de quinta-feira e até às primeiras horas de sábado.
Claro que nos urbanos é que se faz a diferença. Mas uma greve de maquinistas era coisa que já não se sentia há muito tempo...
Assembleia da República debate habitação a pedido do PSD. O debate, que contará com a presença da ministra da Habitação, Marina Gonçalves, servirá para discutir o pacote apresentado pelos sociais democratas na semana passada e iniciativas de Chega, IL, BE, PCP e Livre, com votação de um total de 13 diplomas no final da discussão.
O líder parlamentar do PS manifestou abertura para "continuar a discutir" este tema, sem concretizar que propostas poderão ser viabilizadas para a discussão na especialidade.
O Governo apresentou o pacote "Mais Habitação", num processo que só ficará fechado em Conselho de Ministros no final de Março, e várias das propostas a terem de passar ainda pelo parlamento.
Na semana passada, o PSD apresentou um conjunto de diplomas, cujo custo disse não ser possível quantificar sem dados que só o Governo possui, mas que considerou "acomodáveis no Orçamento do Estado para 2024".
A especialista nas políticas de habitação, Helena Roseta, considera, que "tem faltado trabalho de casa" aos partidos políticos sobre a questão da habitação em Portugal, salientando que o "debate tem sido muito pobrezinho".
"A habitação faz-se para ser usada, não se faz para estar ali parada quando ela é tão necessária", começou por dizer, em entrevista à RTP3.
E eu faço minhas as palavras dela: "A habitação é para ser usada!"
e acrescento: não para ser especulada!"
A China afirma-se como novo "árbitro global" com Pequim a exibir uma vitória fundamental na esfera de influência dos Estados Unidos escreve hoje o Público nas suas páginas centrais, ao apadrinhar as novas relações diplomáticas entre Riad (Arábia Saudita) e Teerão (Irão) e acrescenta que Xi Jiping irá brevemente a Moscovo numa cimeira com Putin para apresentação de proposta para a paz.
Se isto não é o nascer de uma nova ordem internacional, então o que é uma "nova ordem" internacional?
Entretanto nos Estados Unidos, o ex-presidente norte-americano Donald Trump e o governador da Florida, Ron De Santis, rivais para a nomeação Republicana às presidenciais de 2024, convergiram no argumento de travar a ajuda financeira à Ucrânia.
Ambos argumentaram que o envolvimento norte-americano na ajuda à Ucrânia apenas aproximou a Rússia de outros Estados adversários, como a China, e condenaram que os Estados Unidos tenham fornecido milhares de milhões de dólares numa guerra insustentável.
Eu oiço e reflicto. Fácil de argumentar mas alternativa é que não há! Ou será que acabar com a ajuda e consagrar a invasão terrorista de Putin não trará ao ocidente maiores dores de cabeça?
E, HOJE, É DIA MUNDIAL DO CONSUMIDOR que foi criado para proteger e lembrar sempre dos direitos do consumidor, não apenas entre as pessoas que consomem, mas que também as empresas e lojas se lembrem do compromisso de respeitar leis que protegem os seus clientes.
O Dia Mundial dos Direitos do Consumidor foi instituído pela 1ª vez em 1962, pelo presidente dos Estados Unidos John F. Kennedy, como defesa dos interesses dos consumidores americanos.
O presidente norte-americano deu quatro direitos fundamentais aos consumidores: direito à segurança; direito à informação; direito à escolha e direito a ser ouvido
Após 23 anos da acção, em 1985, a Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) adoptou o dia 15 de Março como Dia Mundial do Consumidor, tendo como base as directivas da lei de Kennedy e o reconhecimento internacional para a data.

domingo, 12 de março de 2023

COMUNICAÇÃO

  

Na idade da pedra lascada comunicar seria, talvez, à pedrada!

Porque não? Se pedra era o que havia mais à mão.

ou talvez à cacetada.

Num frente a frente, trocavam-se até uns murros.

De forma diferente, comunicava o homem de então.

Enquanto não aprendeu a falar, seria aos berros, aos gritos, aos urros.

Para abreviar a questão! Tudo era comunicação!

 

Mas, numa tarde de trovoada, quando andavam à pedrada,

saltou faísca de uma pedra; ou terá sido antes um raio(?)

Uma pequena chama se fez grande, enorme, de meter medo.

E não mais se apagou. Castigo dos deuses (está visto!)

Nunca vista por ali, tal coisa.

Abrigaram-se os homens nas grutas do medo,

bem como todos os outros animais

A fogueira poderosa não acabava. Chamas. Labaredas,

Um enorme calor

Estava tudo a arder que era um pavor,

Era preciso fugir. Quem não quisesse morrer.

Mas, passado algum tempo, houve quem descobrisse a solução.

Um pequeno tronco, um ramo a arder, bem seguro na mão

Dominar o fogo, descobrir utilidade. Um archote,

E o homem acabou com a agitação!

Subiu aos altos dos montes e nasceram mais fogueiras,

Iluminou-se a noite de outras maneiras,

Sinais de fogo, sinais de fumo…sinais e mais sinais…

e das paredes das grutas saíram linhas simples, desenhadas

Arcos, flechas, lanças, humanos e animais, riscos, traços,

Desejo de comunicar a vida em toda e qualquer parte

A comunicação. E hoje chamamos-lhe arte.

Pedras para riscos, pedras para escrever,                                                                 

pedra roseta, tábuas de madeira, papiros, pergaminhos.                                          

Símbolos simbolizados por letras, códigos, alfabetos,                                      

Palavras, frases, ideias, como se fosse alguém a dizer

Para toda a eternidade! Para sempre, sem nunca morrer!

Oh! Cheira aqui a queimado. Há um fogo por dominar!

Tocam os sinos a rebate. É preciso comunicar!

Vai gente a correr pró combate. É preciso apagar…

 

E eis que chegou o papel!

Bibliotecas do saber, a informação, folhas e mais folhas,

Textos e mais textos, livros e mais livros, cadernos, revistas, jornais,

Árvores que ardem, árvores que se abatem, árvores que morrem.

Árvores que se transformam em livros, cadernos revistas, jornais,

Saber ler. Saber ouvir. Saber escutar. Comunicar.

Sempre a comunicar.

 

Telefone. Telégrafo. O cinema aprende a falar.

A voz. O som. A Imagem. A rádio. A televisão.

O satélite no espaço a girar. Dispara-se um foguetão.

“Dabliu”, “Dabliu”, “Dabliu”.

A tontura do progresso para além da imaginação

A vertigem da velocidade, chegou a globalização!

Esta coisa de ser chique. Tudo à distância de um clique!

A notícia em directo, o acontecimento antes de acontecer

Pode ser um grande sucesso ou uma enorme catástrofe

Smartphone, iphone, tablete, comunicação até mesmo na retrete.

Conversa, email, livro, jornal, realidade ou fantasia,

Cada vez mais virtual, no nonassegundo, pelo éter

Amor, paixão, amizade, crise do coração,

Ler, escrever, conversar, apostar, dizer bem e dizer mal.

Nem bem, nem mal, nem coisa e tal, antes assim.

E a estranha sensação de que quanto mais informados estamos,

Mais sós nos sentimos, mais virtuais nos transformamos

E menos comunicamos."

 

( Mário Jorge Santos, in “Memória Descritiva”, 2019 )