segunda-feira, 18 de julho de 2011

poema matemática

Um Quociente apaixonou-se, um dia, doidamente por uma Incógnita.
Olhou-a com seu olhar inumerável e viu-a, do Ápice à Base... uma figura Ímpar; olhos rombóides, boca trapezóide, corpo ortogonal, seios esferóides. 

Fez da sua, uma vida paralela à dela, até que se encontraram no Infinito. 
"Quem és tu?" indagou ele com ânsia radical. 
"Sou a soma do quadrado dos catetos. Mas podes chamar-me Hipotenusa." 
E de falarem descobriram que eram o que, em aritmética, 
corresponde a alma irmãs primos-entre-si. 
E assim se amaram ao quadrado da velocidade da luz. 
Numa sexta potenciação 
traçando ao sabor do momento e da paixão, 
rectas, curvas, círculos e linhas sinusoidais. 
Escandalizaram os ortodoxos das fórmulas euclidianas 
e os exegetas do Universo Finito. 
Romperam convenções newtonianas e pitagóricas. 
E, enfim, resolveram casar-se. 
Constituir um lar. 
Mais que um lar. 
Uma Perpendicular. 
Convidaram para padrinhos o Poliedro e a Bissectriz. 
E fizeram planos, equações e diagramas para o futuro 
sonhando com uma felicidade Integral 
e diferencial. 
E tiveram uma secante e três cones 
muito engraçadinhos. 
e foram felizes até àquele dia 
em que tudo, afinal, se torna monotonia. 
Foi então que surgiu o Máximo Divisor Comum... 
frequentador de Círculos Concêntricos. 
Viciosos. 
Ofereceu-lhe, a ela, uma Grandeza Absoluta, 
E reduziu-a a um Denominador Comum. 
Ele, Quociente, percebeu que com ela não formava mais um Todo. 
Uma Unidade. 
Era o Triângulo, chamado amoroso. 
E desse problema ela era a fracção mais ordinária. 
Mas foi então que Einstein descobriu a Relatividade. 
E tudo que era espúrio passou a ser Moralidade 
Como aliás, em qualquer Sociedade.

Agradecimentos à minha sobrinha Joana que mo enviou e com a devida vénia à autora que não tenho o prazer de conhecer, Inês Almeida Ferreira.