Acabou hoje mais um Tour. Para quem não esteja familiarizado com esta designação, 'ciclisticamente falando', Tour é a Volta a França em bicicleta, um espectáculo extraordinário que durante 3 semanas enche a paisagem do colorido próprio dos grandes momentos, com as estradas que serpenteiam pelos vales verdes e pelas encostas pedregosas das montanhas dos Alpes e dos Pirenéus onde, aqui e além, o branco da neve persiste e onde sempre está presente uma multidão entusiasta que acolhe a 'caravana' dos verdadeiros gigantes das bicicletas nas cores garridas das camisolas, pelo pelotão estridente dos carros de apoio, das motos das televisões e dos jornalistas. É o último fôlego de um sprint final de loucura na busca de uma linha que se atravessa como se a vida dependesse dela ou de uma chegada num esforço quase desumano para vencer uma estrada que se empina até ao cume.
Ganhou, este ano, pela primeira vez na história do Tour, um australiano, de seu nome Carel Evans que aqui aparece ladeado pelos 2 irmãos, Andy e Frank Schleck , luxemburgueses que com ele subiram ao pódio em Paris.
Cadel Evans passou, hoje, a fazer parte de uma extensa galeria de heróis onde cabem nomes que ficaram para sempre nos livros e na nossa recordação (lembram-se do nosso Agostinho? Claro que sim!) e muitos outros cujos nomes provavelmente só os mais conhecedores saberão, mas anónimos que ajudaram tantas e tantas vezes de forma decisiva o tal líder a chegar aos Champs Ellisés de amarelo vestido.
Cadel Evans mereceu o triunfo de 2011, por tudo o que demonstrou durante etapas e etapas, principalmente sabendo no contra relógio final manter os preciosos segundos que ganhara na véspera ao deixar para trás os dois irmãos Schleck e, sobretudo, um prémio pela persistência, depois de nas duas últimas edições ter sido segundo, atrás de Alberto Contador e em 2010, apenas por 7 segundos.
Passam hoje 6 anos que o norte americano Lance Armstrong venceu o seu 7º Tour consecutivo, feito verdadeiramente inédito e que importa recordar pois nunca antes havia sido alcançado tal resultado e muito dificilmente alguém deverá repetir semelhante façanha. Mas, Lance Armstrong ficará igualmente para a história pela sua vitória, quiçá mais importante que os nove tours e que foi a sua vitória sobre o cancro.
Lance fundou a "Fundação Lance Amstrong" para a luta contra o cancro e relatou, em vários livros, a sua própria história para demonstrar que se pode superar tudo desde que se tenha energia e querer. O seu primeiro livro "It’s not about the bike", vendeu milhares de exemplares, êxito que foi repetido com a sua biografia "Vontade de Vencer – A Minha Corrida contra o cancro.