Poderá ser discutível a data escolhida pela UNESCO que em 1995 instituiu 23 de Abril como o Dia Mundial do Livro e do Direito de Autor, assinalando da morte de Shakespeare. Mas não será isto o mais importante.
O primeiro livro impresso por Johannes Gutenberg, "A Bíblia" é o símbolo-chave de um momento de transição da história humana pois a sua invenção provocou uma revolução na forma de apresentar e divulgar o conhecimento. Foi produzido na oficina em Mainz, entre 1452 e 1455,
Hoje, o edificio é o Museu Gutenberg, que apresenta no centro da sala com paredes à prova de fogo e pesadas portas de ferro, envolta em penumbra, o primeiro "livro dos livros" impresso, devidamente protegido da luz que o decomporia, numa caixa de paredes de vidro à prova de bala, tudo protegido por um complexo sistema de segurança e alarme..
As minhas recordações vão até um pequeno livro de pano que me acompanhava durante as refeições, em cima da pequena tábua da cadeirinha de bébé, quando o pato donald que aparecia no fundo do prato das papas deixou de produzir o efeito desejado para a minha curiosidade e a minha mãe descobriu que era mais fácil distrair-me com um livro que eu folheava, sacudia e sujava de papa enquanto a colher me entrava na boca com muito menos reclamações, da minha parte.
O 'vício' acompanhou-me para o resto da vida.
Não que esteja à mesa com livros à minha frente para distrair a aversão à comida mas porque o livro se tornou uma das minhas paixões.
Na minha infância era frequente trocar um qualquer brinquedo por um livro e na adolescência preferia andar de nariz no ar a 'farejar' prateleiras de livraria do que perder tempo a apreciar um brinquedo, por muito sofisticado que fosse.
Tornei-me eclético e ainda continuo a ler tudo o que vem parar às minhas mãos. Ficção, romance, aventuras, poesia, política, história, filosofia, geografia, ciência, Para além do tal livro de pano que até teve o condão de amenizar a minha fase de ódio à sopinha, à pescadinha cozida com batatinha e ovinho ou ao bifinho passado e à bananinha com bolachinha Maria, aos 66 anos, calculo que possua mais de 1200 livros.
Não consigo nomear o livro de que gostei mais de ler. Para além de difíil, senão impossível, seria inútil o esforço pois deixaria sempre de fora uma série deles de que gostei também imenso de ler.
Posso, todavia fazer um pódio com três obras que me marcaram.
A ideia de que uma quantidade de conhecimentos científicos e técnicos, alguns dos quais de civilizações extraterrestres, têm sido mantidos em segredo durante longos períodos da história, Para os autores, a fantasia não é "a ocorrência do impossível", mas "uma manifestação das leis naturais" filtradas por preconceitos religiosos e pelo conformismo.
Critica o cientismo do séc XIX, evoca a ideia duma sociedade internacional secreta, que junta mentes intelectualmente avançadas e aborda o tema das civilizações perdidas. Fala longamente sobre a teoria da Terra oca.
Dedica-se à explicação de capacidades mentais do homem, à parapsicologia, à telepatia, ao espírito "mágico" e aos "mutantes".
"Cem Anos de Solidão" é uma obra do colombiano Gabriel Garcia Marquez, (Maio de 1967), considerada uma das obras mais importantes da literatura latino-americana.
A passa-se numa aldeia fictícia na América Latina fundada pela família Buendía. A primeira geração desta família peculiar é formada por José Arcadio Buendía e Úrsula Iguarán. Este casal teve três filhos: José Arcadio, rapaz forte, viril e trabalhador; Aureliano, contrasta com o irmão mais velho era filosófico, calmo e introvertido; Amaranta, a típica dona de casa de uma família de classe média do século XIX. E Rebeca, enviada da aldeia, sem pai nem mãe.A história desenrola-se à volta desta geração e dos filhos, netos, bisnetos e trinetos, com a particularidade de Úrsula ter estado sempre presente pois terá vivido entre 115 e 122 anos.
'Memorial do Convento' é um romance de José Saramago, de 1982, traduzido em mais de 20 línguas e dos mais conhecidos internacionalmente pelo nosso prémio Nobel da Literatura.
A acção decorre durante o reinado de D. João V e dos tempos da Santa Inquisição em Portugal. Através da íntima relação entre a narração ficcional e a histórica, o romance critica a exploração dos pobres pelos ricos, que origina a guerra e a corrupção pertencentes à natureza humana - com especial enfoque na corrupção religiosa. Revela igualmente o tema do solitário que luta contra a autoridade, recorrente nas obras do escritor. Ver e não ver são as chaves simbólicas do romance. Baltasar tem a alcunha de Sete-Sóis, porque apenas consegue ver à luz, enquanto que Blimunda é chamada de Sete-Luas, porque consegue ver no escuro, Assim, esta dupla, cuja alcunha contém o Sete e a relação Sol-Lua, representa simbolicamente o uno.
Um dia poderei explicar porque considero estas três obras com direito a pódio...
Uma coisa tenho por certa. O livro é essencial como fonte de conhecimento, companhia e prazer!