quinta-feira, 23 de abril de 2015

MEU QUERIDO LIVRO

Poderá ser discutível a data escolhida pela UNESCO que em 1995 instituiu 23 de Abril como o Dia Mundial do Livro e do Direito de Autor, assinalando da morte de Shakespeare. Mas não será isto o mais importante.

O primeiro livro impresso por Johannes Gutenberg, "A Bíblia" é o símbolo-chave de um momento de transição da história humana pois a sua invenção provocou uma revolução na forma de apresentar e divulgar o conhecimento. Foi produzido na oficina em Mainz, entre 1452 e 1455,
Hoje, o edificio  é o Museu Gutenberg, que apresenta no centro da sala com paredes à prova de fogo e pesadas portas de ferro, envolta em penumbra, o primeiro "livro dos livros" impresso, devidamente protegido da luz que o decomporia, numa caixa de paredes de vidro à prova de bala, tudo protegido por um complexo sistema de segurança e alarme..
As minhas recordações vão até um pequeno livro de pano que me acompanhava durante as refeições, em cima da pequena tábua da cadeirinha de bébé, quando o pato donald que aparecia no fundo do prato das papas deixou de produzir o efeito desejado para a minha curiosidade e a minha mãe descobriu que era mais fácil distrair-me com um livro que eu folheava, sacudia e sujava de papa enquanto a colher me entrava na boca com muito menos reclamações, da minha parte.
O 'vício' acompanhou-me para o resto da vida.
Não que esteja à mesa com  livros à minha frente para distrair a aversão à comida mas porque o livro se tornou uma das minhas paixões.
Na minha infância era frequente trocar um qualquer brinquedo por um livro e na adolescência preferia andar de nariz no ar a 'farejar' prateleiras de livraria do que perder tempo a apreciar um brinquedo, por muito sofisticado que fosse.
Tornei-me eclético e ainda continuo a ler tudo o que vem parar às minhas mãos. Ficção, romance, aventuras, poesia, política, história, filosofia, geografia, ciência, Para além do tal livro de pano que até teve o condão de amenizar a minha fase de ódio à sopinha, à pescadinha cozida com batatinha e ovinho ou ao bifinho passado e à bananinha com bolachinha Maria, aos 66 anos, calculo que possua mais de 1200 livros.
Não consigo nomear o livro de que gostei mais de ler. Para além de difíil, senão impossível, seria inútil o esforço pois deixaria sempre de fora uma série deles de que gostei também imenso de ler.
Posso, todavia fazer um pódio com três obras que me marcaram. 

'O Despertar dos Mágicos' de Louis Pawels e Jacques Bergier (1960).
A ideia de que uma quantidade de conhecimentos científicos e técnicos, alguns dos quais de civilizações extraterrestres, têm sido mantidos em segredo durante longos períodos da história, Para os autores, a fantasia não é "a ocorrência do impossível", mas "uma manifestação das leis naturais" filtradas por preconceitos religiosos e pelo conformismo. 
Critica o cientismo do séc XIX, evoca a ideia duma sociedade internacional secreta, que junta mentes intelectualmente avançadas e aborda o tema das civilizações perdidas. Fala longamente sobre a teoria da Terra oca.
Dedica-se à explicação de capacidades mentais do homem, à parapsicologia, à telepatia, ao espírito "mágico" e aos "mutantes".

"Cem Anos de Solidão" é uma obra do colombiano Gabriel Garcia Marquez, (Maio de 1967), considerada uma das obras mais importantes da literatura latino-americana. 
A passa-se numa aldeia fictícia na América Latina fundada pela família Buendía. A primeira geração desta família peculiar é formada por José Arcadio Buendía e Úrsula Iguarán. Este casal teve três filhos: José Arcadio, rapaz forte, viril e trabalhador; Aureliano, contrasta com o irmão mais velho era filosófico, calmo e introvertido; Amaranta, a típica dona de casa de uma família de classe média do século XIX. E Rebeca, enviada da aldeia, sem pai nem mãe.A história desenrola-se à volta desta geração e dos filhos, netos, bisnetos e trinetos, com a particularidade de Úrsula ter estado sempre presente pois terá vivido entre 115 e 122 anos. 

'Memorial do Convento' é um romance de José Saramago, de 1982, traduzido em mais de 20 línguas e dos mais conhecidos internacionalmente pelo nosso prémio Nobel da Literatura. 
A acção decorre durante o reinado de D. João V e dos tempos da Santa Inquisição em PortugalAtravés da íntima relação entre a narração ficcional e a histórica, o romance critica a exploração dos pobres pelos ricos, que origina a guerra e a corrupção pertencentes à natureza humana - com especial enfoque na corrupção religiosa. Revela igualmente o tema do solitário que luta contra a autoridade, recorrente nas obras do escritorVer e não ver são as chaves simbólicas do romance. Baltasar tem a alcunha de Sete-Sóis, porque apenas consegue ver à luz, enquanto que Blimunda é chamada de Sete-Luas, porque consegue ver no escuro, Assim, esta dupla, cuja alcunha contém o Sete e a relação Sol-Lua, representa simbolicamente o uno.

Um dia poderei explicar porque considero estas três obras com direito  a pódio... 
Uma coisa tenho por certa. O livro é essencial como fonte de conhecimento, companhia e prazer!