Apesar de, até agora, não ter havido governo em que o Primeiro Ministro fosse de outro partido que não o mais votado em eleições, nada impede o Presidente da República, se for caso disso, de chamar um outro partido (ou coligação) que lhe preste maiores garantias.
Já tivemos, ao longo do tempo, governos não eleitos de iniciativa presidencial (no tempo do Presidente Ramalho Eanes, chefiados pelos 'independentes' Nobre da Costa e Maria de Lurdes Pintasilgo) e um governo de coligação PSD/CDS chefiado por Santana Lopes (no tempo de Jorge Sampaio).
Já tivemos, ao longo do tempo, governos não eleitos de iniciativa presidencial (no tempo do Presidente Ramalho Eanes, chefiados pelos 'independentes' Nobre da Costa e Maria de Lurdes Pintasilgo) e um governo de coligação PSD/CDS chefiado por Santana Lopes (no tempo de Jorge Sampaio).
Ora a Direita percebeu, logo na noite das eleições que a vontade do eleitorado tinha mudado tão profundamente que a coligação, apesar de ter ganho, não poderia governar sem, pelo menos, a abstenção do PS.
Daí, na própria noite das eleições, enquanto Antonio Costa aceitava o falhanço mas não se demitia, os discursos de vitória de Passos Coelho e o seu vice Portas, era um foguetório pífio onde já se deixava antever a dificuldade de sentar Costa à mesa.
Mas, a Direita e o PS, talvez não estivessem à espera do que se passou a seguir.
Cavaco, não deixou tropeçar a oportunidade e em vez de se
decidir, desde logo, pela audição dos partidos políticos e chamar o mais
votado - ou seja, a coligação - indigitar Passos Coelho a formar
governo, resolveu encarregá-lo de lhe apresentar, num curto espaço de
tempo, um governo estável e capaz de continuar as políticas dos últimos 4
anos, deve ter dito a Passos: Agora entendam-se!.
Passos Coelho (e, claro Paulo Portas) deve ter ficado siderado com esta inovação presidencial esperando que Cavaco lhe voltasse a por a mãozinha por baixo e aproveitasse a derrota de Costa, para deixar o odioso da solução para o PS: ou deixava passar programa e orçamento ou seria responsabilizado por um país ingovernável.
Mas a Direita não estaria à espera do que se passou a seguir.
E, o que se passou a seguir foi que o PCP escreveu preto no branco que o PS só não seria governo se não quisesse; o PCP nunca permitirá que um governo PS seja inviabilizado, disse peremptoriamente Jerónimo.
Ora, como Catarina Martins também já declarou algo semelhante desde que o PS cumprisse (abandonasse como ela diz) três pontos fundamentais: não baixasse a TSU às empresas; não congelasse as pensões; não facilitasse os despedimentos.
Isto parece perfeitamente possível para Antonio Costa tentar governar.
Ora, como Catarina Martins também já declarou algo semelhante desde que o PS cumprisse (abandonasse como ela diz) três pontos fundamentais: não baixasse a TSU às empresas; não congelasse as pensões; não facilitasse os despedimentos.
Isto parece perfeitamente possível para Antonio Costa tentar governar.
Mas, diz a Direita: os programas do PCP e o Bloco são anti União Europeia; não aceitam o tratado orçamental; não querem pagar a dívida; querem o regresso ao escudo; querem tudo estatizado incluindo a banca; não querem a NATO; entre outros.
Mas:
Mas:
Tratado orçamental: será que ainda ninguém percebeu que a Alemanha à beira da recessão e com uma crise na indústria ("Volkswagengate") cuja dimensão não ficará apenas pela Alemanha nem pela indústria automóvel do grupo, em breve será a própria Alemanha a pedir um período de carência para o cumprimento das metas do défice. Lembremos que já não é a primeira vez que sucede...
Renegociação da dívida: é facto que o PS deixou cair essa tese mas nem o BE, nem o PCP deixaram, nem ao de leve, que esse fosse um ponto inultrapassável para apoiar um governo socialista.
Regresso ao escudo: se o PS sempre pôs essa possibilidade de parte, PCP e BE têm sido defensores da tese embora ambos defendendo uma saída ordenada. Mas, também agora parecem ter recuado.
Quanto às privatizações, o próprio Antonio Costa já fez saber na reunião que teve com os 'Verdes' que não permitirá a 'privatização da água'. Quanto ao resto, muito pouco há ainda por privatizar, faltando saber como poderá o PS cumprir a promessa de não privatizar mais do que 49,9% da TAP: Questões como a NATO e outras de carácter politico-militar nem nem sequer foram colocadas.
Será que o único que percebeu alguma coisa, até agora, foi Jerónimo de Sousa?
(o PS só não será governo se não quiser)...
(o PS só não será governo se não quiser)...
Suponhamos que os socialistas decidem abster-se 'violentamente' e viabilizam o governo e o orçamento da coligação, mesmo negociando alguns pontos.
Não tenho dúvidas que à semelhança do que aconteceu na Grécia ao PASOK de Papandreous, o partido socialista implodirá nas próximas eleições e não terá mais do 6 ou 7% residuais; a direita do PS vai para o PSD e a esquerda do PS vai para o BE;
Daí que Jerónimo de Sousa não querendo perder mais terreno e sobretudo não querendo deixar fugir o BE para segundo partido, já percebeu o que tem de fazer.
Apoiar o PS e obrigar o BE a fazê-lo também...
E Marcelo Rebelo de Sousa está aí já, ao virar da esquina...