O GRANDE PRÉMIO DE SAN MARINO DE 1994 em Ímola, terceira corrida da temporada de fórmula um, talvez nem devesse ter começado.
No dia 30 de Abril, o austríaco Roland Ratzenberger morreu quando tentava qualificar-se para a grelha. A asa dianteira do Simtek soltou-se e o piloto perdeu o controlo do carro e chocou violentamente contra o muro da curva Villeneuve, a cerca de 308 km/h.
Na ante véspera o brasileiro Rubens Barrichello correu risco de vida, num aparatoso acidente, quando o seu Jordan foi em frente ao fim da recta da meta, capotou por duas vezes ao bater nos pneus de protecção e o piloto ficou de cabeça para baixo no meio de um monte de destroços.
Antes do Grande Prémio, na corrida Porsche, um acidente que envolveu seis carros obrigou a interrupção e condução imediata de três pilotos para o hospital.
Todos os pilotos nitidamente abatidos.
Ayrton Senna encabeçava a lista reivindicativa para que não houvesse corrida caso não fossem implementadas regras de maior segurança, porém, acabou por ser punido com uma advertência dos presidentes da Associação de Construtores e da FIA, respectivamente, Ecclestone e Max Mosley.
Dois acidentes nas boxes da Ferrari e da Williams, no início da prova deixaram dez mecânicos feridos.
A partida acabou por ser dada à hora marcada sem que as exigências feitas pela generalidade dos pilotos tivessem sido consideradas.
Senna tinha a pole position à frente de Schumacher.
Após o sinal verde, o motor do Benetton do piloto finlandês J. J. Letho apagou e o carro ficou parado na quinta fila, o que gerou enorme confusão atrás. Pedro Lamy,em Lotus, bateu violentamente na traseira de Letho. Ambos os carros ficaram destruídos, porém, não aconteceu nada de grave com os pilotos. Contudo fragmentos dos carros, e uma roda, voaram para a arquibancada, atingindo pelo menos vinte espectadores, cinco deles com gravidade.
No final da quinta volta o carro de segurança voltou aos boxes e a corrida continuou.
Senna à frente de Schumacher, no início da 7º, saíu a direito na curva Tamburello, bateu no muro a 236 km/h, fez tabela já quase completamente destruído e continua arrastando-se alguns metros.
Senna ficou inerte no carro. Corrida interrompida. O piloto continuava imóvel segundos depois quando os primeiros socorristas chegaram ao local. Levado para o hospital central de Bolonha, em coma, às 18H40, hora local era anunciada a morte de Ayrton Senna da Silva.
Schumacher acabou por vencer a corrida. Vitória amarga num dos mais trágicos grandes prémios de sempre.
A curva Tamburello, que seria modificada,era a mesma onde Nelson Piquet tivera traumatismo craniano em consequência de um aparatoso acidente, sete anos antes, igualmente no dia primeiro de Maio.
Senna morreu aos 34 anos.
Considerado por muitos o maior piloto de todos os tempos, ainda é o recordista mundial de pole positions (65).
"...Eu pedi para que ele não corresse...
Mas ele disse-me: 'Sid... eu tenho de ir adiante'"
Sid Watrkins foi o médico neurocirurgião que assistiu Ayrton e era um dos seus grandes amigos. Bernnie Eclestone tinha-o convidado em 1978 para chefiar a equipa médica da F1 em que ficou conhecido por 'Professor'; mas, após a morte de Senna, o professor Sid retirar-se-ia três anos depois
As suas competências foram decisivas para melhorar a segurança dos pilotos, além de salvar a vida de muitos entre eles: Didier Pironi, Nelson Piquet, Gerhard Berger, Martin Donnelly, Érik Comas, Rubens Barrichello, Karl Wendlinger, Mika Hakkinen, Michael Schumacher e Luciano Burti.
Mas o Professor Sid também sofreu a morte de Ronnie Peterson, Gilles Villeneuve, Ricardo Paletti, Roland Ratzenberger e especialmente do amigo Ayrton Senna.
Aqui fica uma memória mais alargada...