domingo, 14 de maio de 2017

A FALAR É QUE A GENTE SE ENTENDE.

E SE RESPIRÁSSEMOS UM POUCO?
PORTUGAL- desde algum tempo - ESTÁ NA MODA. 
Já não era sem tempo!
Seja porque milhões de pessoas descobriram que por este Portugal inteiro se pode passear, visitar o que de bom há para ver, sentir o que tem este povo de hospitaleiro e apaladar os sabores únicos das nossas cozinhas, com a serenidade dos tempos de paz, sem os sobressaltos e os atentados de outras paragens que até eram por eles preferidas;
seja porque temos o presidente da república mais popular de sempre, cá dentro, indefectível defensor de tudo o que é nosso, lá fora e, ainda por cima, parece ser omnipresente, cá dentro.
seja por termos um primeiro ministro tão optimista que até dá raiva, que deixou de ir aos 'senhores de uma Europa à rédea solta' só para curvar a espinha e esfolar os joelhos na pungente súplica do 'desculpem lá qualquer coisinha';
seja porque existe o governo que esfrega na cara dos seus detractores internos e externos o sucesso das políticas que voltaram a por o económico e o social nos carris; o sorriso na cara do país e o conforto nos bolsos dos portugueses;
PORTUGAL ESTÁ NA MODA!

De tão anormal, esta atitude que como o povo diz 'quando a esmola é grande o pobre desconfia' pois de habituado a ser olhado de lado, a ser destratado como calão, esbanjador do dinheiro alheio e mau pagador de dívidas, na vertigem de uma cambalhota, ainda meio estonteado, está o país a assistir a uma contínua e inédita publicidade por todo o lado que é lado, aqui, acolá, longe, perto, do outro lado do mundo, um enorme clamor que só encontrará histórico paralelo na gestas de quinhentos, passe o exagero! (Agora deixei-me levar pelo entusiasmo, confesso!)

E, se a visita do Papa, a canonização das crianças durante a comemoração do centenário das aparições em Fátima eram eventos antecipadamente certos, metodicamente planeados e construídos desde há mais de um ano; aliás tal e qual o caso dos 'encarnados' que na sua catedral da Luz bastaria a vitória frente a uns rapazes que vinham da cidade berço tentar adiar a festa do 'tetra' e a consequente explosão de luz e alegria na rotunda do Marquês, já a vitória no festival da canção acabou por ser a cereja no topo do bolo, de tão inesperada rapidamente ocupou espaço que acabou por transbordar as anteriores talvez porque foi evento que não pertence a um grupo, mas a todos nós!

PERMITO-ME FICAR PELO ÚLTIMO EVENTO 
Porque os últimos são os primeiros? Não! 
Porque é nele que se dá a história do improvável herói.
Lamento, não me deixar elevar às nuvens mas habituei-me desde há muito a não dar nenhum crédito a este tipo de festivais dos quais a maior parte de nós diz o pior possível, desde a existência menos sãs políticas de bastidores até às não menos controversas votações de júris nacionais com um desagradável cheiro a coisa mais ou menos preparada, com os interesses a falar mais alto que o mérito ou a beleza da canção que vence.

ONTEM GANHOU PORTUGAL! Terá mudado alguma coisa?
Com certeza que sim. Como foi PORTUGAL que ganhou
Então tudo o que está para trás deixa de ser verdade! 
Deixaram de existir as tais manobras nos bastidores; a votação quase maciça na nossa canção só reflecte o bom gosto universal e nada nem ninguém melhor do que Portugal. 
Quando anos a fio ficávamos a zeros ou pouco mais do que isso, aquilo estava tudo comprado e clamávamos justiça, ruminando a derrota e a frustração com os votos não retribuídos que dávamos a Espanha na secreta esperança de que nuestros hermanos se lembrassem de nós.

ONTEM PORTUGAL GANHOU! VIVA PORTUGAL!
Cale-se tudo o que antiga musa canta que outro valor mais alto se levanta, assim dizia o épico na obra que o imortalizou a cantar a gesta de quinhentos.

É por isso que digo PORTUGAL ESTÁ NA MODA. E ainda bem! Já não era sem tempo. 
E qual é o preço? Pequeno! Porque apenas bastará calar os nossos pensamentos espúrios de que isto também teve 'mãozinhas invisíveis' com algum interesse porque há negócios por detrás e nunca pela frente para apreciarmos o sossego das nossas consciências ontem tão revoltadas. Pela frente ficam, o Salvador e a irmã Luísa.  Ele interpretou de forma comovente, sem recurso aos relâmpagos e explosões de luz talvez porque não precisava abafar, nem as palavras nem a melodia contidas na canção que ela escreveu. Se é a melhor canção; talvez sim, talvez não. Quantas vezes houve unanimidade pela melhor canção do festival? Demasiado poucas, arrisco-me a dizer com a convicção de que foram mesmo muito poucas.
PORTUGAL GANHOU! Parabéns aos manos Sobral. Gostei muito da franqueza do Salvador quando disse 'isto está tudo comprado!'. Não sei se está! A brincar se dizem coisas muito sérias. Parabéns até por isso.
Termino transcrevendo a inspiração de Luísa Sobral que é um comovente poema de amor e saudade que lido, longe das turbulências dos gritos dos holofotes e da luminosidade excessiva das pessoas.
É lindíssimo!.
AMOR PELOS DOIS
"Se um dia alguém perguntar por mim
Diz que vivi para te amar
Antes de ti, só existi
Cansado e sem nada para dar

Meu bem, ouve as minhas preces
Peço que regresses, que me voltes a querer
Eu sei que não se ama sozinho
Talvez devagarinho possas voltar a aprender

Meu bem, ouve as minhas preces
Peço que regresses, que me voltes a querer
Eu sei que não se ama sozinho
Talvez devagarinho possas voltar a aprender

Se o teu coração não quiser ceder
Não sentir paixão, não quiser sofrer
Sem fazer planos do que virá depois
O meu coração pode amar pelos dois