Salam'Aleikum, como sabemos, uma expressão árabe significa "a paz esteja entre vós", usa-se como saudação amistosa, acompanhado de um gesto de mãos juntas à frente do rosto e uma ligeira inclinação da cabeça. Depois de séculos de andar nas bocas não só dos árabes foi-se transformando tanto na escrita como na fonética e também quanto ao significado.
"Salamaleque" o termo aportuguesado no que deu a expressão original que adquiriu uma faceta de exagero gestual e cerimonioso e de algum exibicionismo. Diz-se da pessoa que "faz salamaleques" ou determinada postura que é "cheia de salamaleques".
Talvez, se fosse um árabe a abrir o dia aqui no face, abrisse assim!
Com salamaleque!
Quando comprei "on line", durante o confinamento de 2020, um livro sobre curiosidades da língua portuguesa não imaginava que houvesse tantos vocábulos importados de outras línguas e que se tornaram mais do que vulgares. Nem só a necessidade aguça o engenho, a curiosidade também.
E, recordo o professor de inglês do meu longínquo quinto ano do liceu, cujo nome não recordo, porque entre era sempre o "Teacher" - como os futebolistas chama "mister" ao treinador - um excelente comunicador e sempre transmitindo-nos conhecimentos que ajudassem a perceber as relações entre o inglês e o português.
Ligado ao termo com que se designa, na gíria, as travessas usadas para manter paralelos e fixos os dois carris dos caminhos de ferro que são as célebres "chulipas" ou "sulipas" está o inglês! Estranho? Talvez não.
E, contava a história. Como os caminhos de ferro foram introduzidos em Portugal, durante o reinado de D. Luís I - a linha Lisboa-Carregado - por ingleses, chegaram engenheiros e operários ingleses especializados aos quais se juntaram trabalhadores portugueses que ajudavam no trabalho de transporte e assentamento das linhas. E, então os ingleses sempre que lhes pediam as ditas "travessas" apontavam para os madeiros e com o gesto nomeavam "SLEEPERS" (dorminhoco, em inglês).
Sleeper para aqui, sleeper para ali, os trabalhadores baptizaram as ditas travessas e passaram a designá-las entre si, por "sulipa" ou "chulipa, o que até dava para dar um sotaque diferente ao termo.
Ora para o que me havia de dar. isto mais parece uma abertura cheia de salamaleques; devo ter dormido mal na chulipa...
Para não os maçar mais, hoje, volto noutro dia com mais coisas e loisas.
A propósito, sabem de onde vem esta expressão' Ahhhhhhhh, fica para a próxima... até mais logo!