Para a fixação da data e da lei canónica que definiria a celebração da Páscoa foi necessário esperar pelo ano 325 DC e pelo Concílio de Niceia, onde bispos cristãos das várias dioceses, comunhões e tendências se reuniram na cidade com o mesmo nome (atualmente Isnik) na Turquia, sob a presidência pelo Imperador Romano do Oriente, Constantino I que se encarregou de toda a organização e protecção.
Como representação de toda a cristandade, acolheu bispos das dioceses, várias comunhões e tendências tendo sido Ósio, bispo de Córdoba encarregue da promulgação das deliberações que deliberaram, também, sobre a necessidade de ficar resolvida a questão cristológica da natureza divina de Jesus de Nazaré e da sua relação com Deus Pai que, tem como se sabe, uma especial relevância durante o período pascal.
Dito isto, vamos perceber o como e porquê desta quadra, das mais importantes festividades da Igreja Católica, ter sido datada e adaptada em relação a tantas outras manifestações com raízes, fundamentalmente pagãs.
A palavra “páscoa” no português deriva dos respectivos termos das três línguas: “Pessach”, no hebraico, “Pascha”, no latim, e “Paskha”, no grego.
A Páscoa judaica ou “Pessach” que significa “passagem” no hebraico, tem um significado totalmente diferente da páscoa cristã, pois comemora o fim da escravidão do povo hebreu, no Egipto e é sempre celebrada próximo ao período em que se inicia o equinócio e deve ser conforme o determinado no salmo Exodus 12 que inclui a ordem expressa de Jeová a Moisés e menciona a passagem do Anjo da Morte, pelo Egipto, durante a oitava praga também responsável pela dizimação de todos os primogénitos egípcios, incluindo o filho do Faraó Ramsés III.
A Páscoa cristã, apesar da "colagem" no tempo (é celebrada sempre ma primeira sexta feira de lua cheia, seguinte ao equinócio da primavera no hemisfério norte) e na terminologia da comemoração judaica, o sentido é diferente, pois refere a crucificação, morte e ressurreição de Cristo, tornado um dos pilares da fé cristã, enviado por Deus com a missão de se oferecer em sacrifício para salvar a humanidade dos pecados. Após ter sido crucificado e morto, ressuscitou após três dias.
Todos esses eventos teriam supostamente ocorrido durante a realização da Páscoa Judaica, comemorada durante uma semana, criando-se assim um conveniente paralelismo entre estas duas comemorações.
A Páscoa cristã encerra o período da Quaresma, que é marcado por jejuns e no qual muitos fazem promessas e a tal última semana conhecida como Semana Santa inicia-se com o Domingo de Ramos, que é supostamente a entrada triunfal de Cristo em Jerusalém e nos dias finais, a última ceia, que aconteceu na Quinta-feira Santa; a crucificação e morte de Cristo acontece na Sexta-feira Santa, e a ressurreição de Cristo aconteceu no Domingo de Páscoa.
Além da tradição judaico-cristã, a Páscoa agregou elementos de culturas pagãs, sobretudo, a partir da cristianização de povos germânicos europeus. No caso da Páscoa, historiadores estabelecem a conexão com o culto a uma deusa germânica chamada Eostern (ou Ostara), uma vez que em alemão e inglês, Páscoa diz-se Ostern (semelhante a Ostara) e em inglês, o termo é Easter (semelhante a Eostern). Durante o equinócio da primavera, ou seja, próximo da época em que os cristãos comemoravam a Páscoa, os povos germânicos realizavam festividades em homenagem à deusa Eostern, o que criou um paralelo entre as comemorações nessas localidades do hemisfério norte.
Outros símbolos da Páscoa – o coelho e os ovos – são atribuídos a influências pagãs. Acredita-se que coelhos e ovos eram tradicionais símbolos que representavam a fertilidade para diferentes povos e, à medida que foram sendo cristianizados, esses símbolos foram sendo agregados à comemoração cristã.