Já se contam espingardas no Largo do Rato, a 'guerra civil' parece pronta a estalar entre as hostes socialistas; jornalistas, comentadores, politólogos, sociólogos e outros que tais já esfregam as mãos pela hipótese de grande azáfamas opinativas, em período pós troika e pré legislativas. Tudo isto por causa do fraco resultado do PS que despoletou mais um avanço de Costa.
Então e se víssemos os resultados eleitorais desta maneira?
Deixemos as percentagens e o número de deputados eleitos, de lado, porque já todos estamos fartos de saber que a representatividade do método de Hondt tem as suas armadilhas e façamos uma análise comparada entre as eleições europeias de 2009 e 2014 considerando apenas os votantes em cada partido e coligação e assim ficaremos a saber quem mais ganhou e quem mais perdeu.
Então e se víssemos os resultados eleitorais desta maneira?
Deixemos as percentagens e o número de deputados eleitos, de lado, porque já todos estamos fartos de saber que a representatividade do método de Hondt tem as suas armadilhas e façamos uma análise comparada entre as eleições europeias de 2009 e 2014 considerando apenas os votantes em cada partido e coligação e assim ficaremos a saber quem mais ganhou e quem mais perdeu.
Pode ser interessante saber que:
MPT teve mais 211.109 votantes ( 23.410 votos em 2009 e 234.519 em 2014 )
PS ganhou 86.407 votos ( 946.475 votos em 2009 e 1.032.882 em 2014 )
CDU obteve mais 36.323 sufrágios ( 379.707 votos em 2009 e 416.030 em 2014 )
BE teve menos 232.445 votantes ( 382.011 em 2009 e 149.566 em 2014 )
PSD+CDS/PP perderam 527.869 votos ( 1.427.300 votos em 2009 e 909.431 em 2014 ).
Pela análise, e tirando o efeito 'Marinho e Pinto', pode concluir-se.
1- Afinal, o PS ganhou mais votos do que a CDU que foi referida como a grande vencedora,
2- A Aliança perdeu mais de meio milhão de votos, do que PSD+CDS/PP em 2009. Ora, perder mais de um terço do eleitorado não é uma queda, é uma hecatombe!
Não tenho dúvida de que a abstenção (a mais elevada de sempre) e a fragmentação dos votos revelam alguma incapacidade de captação dos votos pelos socialistas o que pode ter uma leitura, necessariamente ligeira, das fragilidades que são assacadas tanto ao discurso como à figura do secretário geral do PS.
Mas há que considerar a percepção instalada de que a generalidade dos políticos não é confiável e a ausência de unidade à esquerda que constituísse um programa válido e aceite como alternativa credível às medidas do governo e às imposições da 'troika', aumentou o número de abstencionistas, não esquecendo a emigração que retirou certamente às listas quase meio milhão de eleitores.
De resto, os votos em Marinho e Pinto, são como que sempre acontece em períodos de grandes dificuldades sociais e económicas e de incerteza política, quando um candidato com um discurso 'justicialista', visto como não comprometido com os poderes instituídos e com currículo anti governo. É o 'imã' do protesto mais do que uma possibilidade de efectiva mudança.
Por tudo isto, fiquei surpreendido (ou talvez não) pela opinião esmagadora dos 'opinion makers' das televisões e dos jornais de que não houve uma derrota histórica do PSD e do CDS/PP porque também não é possível encontrar uma vitória histórica?
Ou será que o cheiro de um poder que se adivinha já está a criar aquele formigueiro tão próprio dos grandes partidos 'plurais'? Não será que o terceiro avanço de Costa, neste momento, só pode servir uma direita em fanicos mas que pretende desesperadamente manter-se agarrada ao poder para não desaparecer totalmente.
Urge meditar sobre isto!
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