"COINCIDÊNCIA I"
Telmo Correia, deputado pelo CDS/PP e preside à Comissão Parlamentar de Inquérito que vai investigar o caso dos submarinos que tem Paulo Portas, vice primeiro ministro e presidente do CDS/PP como principal visado. Em qualquer Estado de Direito, a credibilidade sobre a isenção desta comissão já estaria ferida de morte. Em Portugal, pelos vistos, não tem importância de maior porque se trata de uma coincidência.
Afinal, sempre há coincidências...
"COINCIDÊNCIA II"
O administrador do BCP, Cristopher de Beck ficou ilibado pelo Tribunal de Pequena Instância Criminal de Lisboa das acusações que a CMVM - Comissão do Mercado de Valores Mobiliários levantou a ex-gestores do BCP porque, segundo explicou, entre outras coisas que os contratos de crédito da sucursal das Cayman do BCP chegavam à sua secretária já assinados pelos directores da Direcção Internacional, pessoas de grande capacidade técnica, em que tinha total confiança, pelo que nunca recusaria créditos ou montantes que já tivessem passado pela sua mão.
O ex-administrador referia-se ao caso das 'Offshores' em que eram desconhecidos os últimos beneficiários de 17 sociedades sediadas nas Cayman a que o BCP concedia empréstimos para a alegada compra de acções próprias.
Os factos têm mais de dez anos.
Então quem foram os directores da área internacional do BCP?
João Esteves Oliveira que dois anos após a sua saída do BCP abria uma galeria de arte moderna e contemporânea, em Lisboa. O outro director para a área internacional do BCP é o actual Governador do Banco de Portugal, Carlos da Silva Costa.
Em qualquer Estado de Direito, o investidor em arte estaria, no mínimo, a ser investigado há muito tempo enquanto que o outro senhor nunca chegaria ao lugar de governador de um banco central. Em Portugal, pelos vistos não tem importância de maior porque se trata de uma coincidência.
Afinal, sempre há coincidências...
"COINCIDÊNCIA III"
Miguel Namorado Rosa, ex-responsável do BCP testemunhou em tribunal, no julgamento do processo crime que envolve o banco que não era autor ou criador de sociedades 'offshore' mas apenas transmitia as ordens a quem teria a responsabilidade de as operacionalizar.
E completou as suas declarações dizendo que foi o então administrador Pedro Líbano Monteiro, a quem reportava, que dava as indicações para as referidas constituições de sociedades, em conversas pessoais.Ora, Miguel Namorado Rosa chegou a supervisor da CMVM que está agora em litígio com o banco no qual era director por razões que têm a ver com responsabilidades dele próprio. Confusos?
Quanto a Pedro Líbano Monteiro que dedicou a sua carreira à banca, ainda foi fundador do Banco Primus que vendeu em 2008 para se tornar um empresário agrícola em Serpa onde tomou conta da propriedade Irmãos Líbano Monteiro.
Em qualquer Estado de Direito, a circunstância de um banco sob suspeição de ilícito criminal ter um director que embora alegue ter estado indirectamente relacionado com o alegado ilícito seria impeditivo de exercer qualquer cargo no supervisor do próprio banco, a não ser que seja uma lamentável coincidência.
Afinal sempre há coincidências...