PADRE ONÓRIO TINHA CHEGADO aquela idade em que mesmo um assistente de Deus precisa de descanso. Retirou-se para uma cela num convento de jesuítas e, lá na terra, toda a gente ficou a aguardar a escolha do bispo e o substituto de quem durante mais de quarenta anos estivera à frente da paróquia.
CASIMIRO, O SACRISTÃO de fino trato e sensibilidade à flor da pele logo abordou o novo padre recomendado pelo bispo, muito ponderado por natureza e depois de reflectir sobre o que deveria fazer para que os paroquianos sentissem o menos possível a ausência do velho antecessor, afiançou que talvez fosse ajuizado começar pela tabela de pecados e correspondentes penitências.
RECEBIDA DAS MÃOS DO SACRISTÃO uma lista muito completa escrita pela punho do velho padre Onório, logo o novo padre se dispôs a ouvir em confissão, os paroquianos que assim dissessem dos seus pecados, seguro estava que a justeza das penitências seria compreendida pelos pecadores como justa e arrependidos e aliviados, logo manifestariam o seu carinho e amizade.
DE FACTO, TUDO PARECIA IR MUITO BEM com o novo padre a distribuir penitências conforme os pecados e que os paroquianos aceitavam com respeito e compreensão quando numa tarde se ajoelhou no confessionário uma pecadora que confessava uma traição ao companheiro tendo praticado sexo anal com o amante, e exigindo uma penitência por pecado tão abjecto.
LEU E RELEU A LISTA, o novo padre, na ânsia de penitenciar a pecadora e passar ao seguinte mas da lista não constava que ao acto 'prática de sexo anal' correspondesse penitência alguma.
Esgueirou-se pela lateral e num passo rápido chegou à sacristia ciente que Casimiro lhe daria imediata solução.
CASIMIRO LIMPAVA UM CRUCIFIXO quando o novo padre lhe perguntou: " Casimiro, qual era a penitência do padre Onório para sexo anal?". O sacristão parou a acção de limpeza e com os olhos rebrilhando disse na sua voz fina e sensível, um pouco trémula.
"AH! Senhor padre, a mim o padre Onório, dava um triângulozinho de Toblerone!!!