segunda-feira, 4 de julho de 2022

SOBRE ALGUMAS CRISES DA HISTÓRIA UNIVERSAL E NÓS????' VIVEMOS (NUM PAÍS) EM PERMANENTE CRISE?

 

Em 1689, Isaac Newton fez publicar o seu “Principia Mathematica” e as leis de atracção e do movimento aparente dos corpos os quais explicavam a própria gravidade e afastaram o “Grande Relojoeiro” detrás dos fenómenos planetários. A ciência antiga com base em justificações mais ou menos místicas e inexactas, entrou em crise.
Em 1589, mercadores neerlandeses acharam um bolbo, na Turquia, cuja beleza chamou a atenção. Eram tulipas! Levaram várias sementes de regresso aos Países Baixos e todos os neerlandeses começaram a pagar um preço exorbitante pelas plantas mas, dez anos depois, o preço afundou e milhares de famílias ficaram falidas.
Em 1617, o frade agostinho Martinho Lutero afixou nas portas da igreja do Palácio de Wittemberg, um texto com frases muito contundentes para a Igreja por vender indulgências aos crentes com o intuito de financiar a Basílica de São Pedro. A Igreja excomungou Lutero e exigiu uma retratação. Lutero recusou! Nascia assim a primeira grande cisão na Igreja com o surgimento de uma nova corrente a que se chamou: protestantismo.
Crise científica, crise financeira e crise religiosa! Trata-se de três acontecimentos que alteraram muito profundamente convicções, costumes e a visão de toda a sociedade.
Mas, as crises podem tornar-se tão avassaladoras que poderão inclusive estar na origem do nascimento de superpotências como o caso do grupo de cidadãos que, disfarçados de índios, despejou na baía de Boston milhares de quilos de chá numa forma de protesto pela exorbitância dos impostos cobrados pela Coroa inglesa às colónias americanas. Foi assim que 1773 começou a guerra da independência dos Estados Unidos!
Aliás, existe sempre uma crise profunda por detrás de uma guerra.
O mais extraordinário é que a publicação de um único livro pode ter um efeito contundente. Foi o que aconteceu quando Charles Darwin publicou a sua “Origem das Espécies” e demonstrou que os seres vivos são resultado de uma selecção onde sobrevivem os mais aptos e os mais evoluídos. Se o Homem também está incluído então o que fazer com a Bíblia onde se fala da Criação de Adão e Eva, por Deus?


E NÓS???????
Por acaso esta semana o preço dos combustíveis baixou mas nos hipermercados os preços de tudo aumentam todos os dias para não falar já noutros bens essenciais como a água e o gás.
Há quem diga que é da guerra na Ucrânia. Há quem diga que caminhamos alegremente para nova bancarrota mas, francamente, esta parece-me uma ideia falsa (ou será o desejo de alguns?)
O colapso da economia portuguesa em 2020 já tinha sido a maior contracção anual registada desde a queda da monarquia e a mais recente num conjunto de 25 quebras anuais do PIB desde 1910.
No entanto, se considerarmos que o ciclo de uma crise só termina quando o valor do PIB ultrapassa o valor anterior à recessão, os anos de quebras anuais registadas entre 1913 e 2020 transformam-se em mais de meio século de crises, quase metade do período histórico desde a implantação da República.
Nas maiores recessões registadas desde o início do século XX, o colapso de 8,44% da economia portuguesa há dois anos, primeiro ano de pandemia, é a terceira maior crise económica desde 1910. eram até 1940.
A mais devastadora, com uma quebra de 12%, ocorreu no período da 1ª República, entre 1913 e 1918, em virtude de anos agrícolas muito maus e dos impactos da Primeira Guerra Mundial (onde entrámos efectivamente só no começo de 1917 ) e da pandemia da pneumónica, também conhecida como gripe espanhola (a primeira onda iniciou-se em Maio de 1918).
A segunda, em 1935/1936, já ocorreu em plena ditadura, Salazar como chefe do governo desde 1932, e deveu-se ao fim do ciclo do trigo e aos impactos do início da Guerra Civil espanhola.
Se considerarmos a duração dos períodos de regresso do PIB ao nível anterior à sua primeira quebra anual, as duas mais longas crises da economia portuguesa demoraram uma década: a mais antiga iniciou-se em 1913 só terminando em 1922 (quando o PIB superou o nível de 1912) e a mais recente começou em 2009 (logo a seguir à crise financeira mundial) e só terminou em 2018 (quando o PIB ultrapassou o valor de 2008).