O senhor primeiro-ministro foi a Berlim para um encontro de meia hora com a senhora chanceler alemã que, disse a comunicação social, teria sido chamado por ela.
Para se perceber a importância deste encontro é necessário lembrar o que se passou antes. E, passaram-se 3 episódios importantes: primeiro, o senhor primeiro-ministro anunciou o êxito extraordinário e inédito de redução da despesa pública em 3,6%. E, ao anunciar este êxito extraordinário agregou-lhe outro, não menos extraordinário – o défice ficaria abaixo dos 4,8% no final do ano. Depois veio outro episódio que é um ‘dêjá vu’ – Portugal não precisa de ajuda externa e sabe muito bem fazer o que tem a fazer, sózinho! Finalmente, o que mais pareceu um não episódio, protagonizado pelo senhor ministro das finanças a meias com o senhor primeiro-ministro – o governo não abdicará de tomar as medidas que forem necessárias para cumprir o défice, ainda que sejam necessárias mais medidas de austeridade. Isto tudo foi dito e redito num curto período de dez dias, antes do encontro com a senhora!
O senhor primeiro-ministro já nos habituou a estes episódios em que ora tira um coelho da cartola, qual exímio prestidigitador que oferece ilusões como se fossem a realidade, ora se transforma num não menos experimentado vendedor de produtos estragados que com receio que o controlo de qualidade lhe estrague a acção veio logo declarar que se fosse preciso, novas medidas seriam aplicadas para corrigir as fragilidades da qualidade do produto.
Mas, afinal, o que tem isto a ver com o encontro com a senhora?
Primeiro, porque o senhor primeiro-ministro tinha de arranjar almofada para potenciais alfinetadas que a senhora Merkel pudesse espetar no senhor primeiro-ministro. Segundo, porque quem é chamado para mostrar o que anda a fazer à matéria, precisa de levar os trabalhinhos de casa escorreitos e a sebenta sem borrões. Terceiro porque precisava de preparar o terreno (e o país) para a hipótese, mais que provável aliás, de trazer umas recomendações, na pasta.
E, aí estão os três episódios premonitórios. Triunfante com o resultado de Janeiro no orçamento. Fanfarrão com, ‘nós não precisamos de ajudas’ e, finalmente, antecipando a iminência de novas medidas de austeridade.
O que se passou durante os trinta e três minutos em que o senhor primeiro-ministro de e a senhora chanceler estiveram frente a frente, não se sabe. Mas, no final, lá vieram os dois sorridentes prestar declarações e esclarecimentos sobre a ‘converseta’. Ficou claro que a senhora acha que o senhor primeiro-ministro está no bom caminho, tem feito os trabalhinhos de casa, mostrou a sebenta sem grandes borrões e está muito animado em prosseguir os estudos, por isso uns sorrisinhos bem dispostos, uns elogios amistosos e umas palmadinhas nas costas para dar ânimo. Mas, atenção, as reformas estruturais têm de ser executadas, ou seja, vê-se que tem estudado mas é preciso aplicar-se um nadinha mais. O senhor primeiro-ministro ouviu com desvelo a senhora chanceler falar sobre Portugal e sobre o seu governo como se o país fosse dela e o governo também. O senhor primeiro-ministro tinha aquele sorriso entre o amarelo forçado e o descansado trémulo de quem sabia que se tinha desenrascado no exame mas que ainda faltava passar de ano.
Já se sabe que o senhor primeiro-ministro não precisa de ajuda e o país também não, por isso fez bem, em ter ido a Berlim, de chapéu na mão.
Só não se sabe se a senhora acreditou nos coelhos que o senhor primeiro-ministro lhe mostrou, porque que as fanfarronadas devem ser para consumo interno. Ah! E já agora, por consumo interno!
Reformas aos sessenta e sete anos; flexibilização dos despedimentos; mais austeridade nos apoios sociais; cortes no subsidio de Natal. Que tal irmo-nos preparando para ‘consumirmos’ isto dentro em breve?
Para se perceber a importância deste encontro é necessário lembrar o que se passou antes. E, passaram-se 3 episódios importantes: primeiro, o senhor primeiro-ministro anunciou o êxito extraordinário e inédito de redução da despesa pública em 3,6%. E, ao anunciar este êxito extraordinário agregou-lhe outro, não menos extraordinário – o défice ficaria abaixo dos 4,8% no final do ano. Depois veio outro episódio que é um ‘dêjá vu’ – Portugal não precisa de ajuda externa e sabe muito bem fazer o que tem a fazer, sózinho! Finalmente, o que mais pareceu um não episódio, protagonizado pelo senhor ministro das finanças a meias com o senhor primeiro-ministro – o governo não abdicará de tomar as medidas que forem necessárias para cumprir o défice, ainda que sejam necessárias mais medidas de austeridade. Isto tudo foi dito e redito num curto período de dez dias, antes do encontro com a senhora!
O senhor primeiro-ministro já nos habituou a estes episódios em que ora tira um coelho da cartola, qual exímio prestidigitador que oferece ilusões como se fossem a realidade, ora se transforma num não menos experimentado vendedor de produtos estragados que com receio que o controlo de qualidade lhe estrague a acção veio logo declarar que se fosse preciso, novas medidas seriam aplicadas para corrigir as fragilidades da qualidade do produto.
Mas, afinal, o que tem isto a ver com o encontro com a senhora?
Primeiro, porque o senhor primeiro-ministro tinha de arranjar almofada para potenciais alfinetadas que a senhora Merkel pudesse espetar no senhor primeiro-ministro. Segundo, porque quem é chamado para mostrar o que anda a fazer à matéria, precisa de levar os trabalhinhos de casa escorreitos e a sebenta sem borrões. Terceiro porque precisava de preparar o terreno (e o país) para a hipótese, mais que provável aliás, de trazer umas recomendações, na pasta.
E, aí estão os três episódios premonitórios. Triunfante com o resultado de Janeiro no orçamento. Fanfarrão com, ‘nós não precisamos de ajudas’ e, finalmente, antecipando a iminência de novas medidas de austeridade.
O que se passou durante os trinta e três minutos em que o senhor primeiro-ministro de e a senhora chanceler estiveram frente a frente, não se sabe. Mas, no final, lá vieram os dois sorridentes prestar declarações e esclarecimentos sobre a ‘converseta’. Ficou claro que a senhora acha que o senhor primeiro-ministro está no bom caminho, tem feito os trabalhinhos de casa, mostrou a sebenta sem grandes borrões e está muito animado em prosseguir os estudos, por isso uns sorrisinhos bem dispostos, uns elogios amistosos e umas palmadinhas nas costas para dar ânimo. Mas, atenção, as reformas estruturais têm de ser executadas, ou seja, vê-se que tem estudado mas é preciso aplicar-se um nadinha mais. O senhor primeiro-ministro ouviu com desvelo a senhora chanceler falar sobre Portugal e sobre o seu governo como se o país fosse dela e o governo também. O senhor primeiro-ministro tinha aquele sorriso entre o amarelo forçado e o descansado trémulo de quem sabia que se tinha desenrascado no exame mas que ainda faltava passar de ano.
Já se sabe que o senhor primeiro-ministro não precisa de ajuda e o país também não, por isso fez bem, em ter ido a Berlim, de chapéu na mão.
Só não se sabe se a senhora acreditou nos coelhos que o senhor primeiro-ministro lhe mostrou, porque que as fanfarronadas devem ser para consumo interno. Ah! E já agora, por consumo interno!
Reformas aos sessenta e sete anos; flexibilização dos despedimentos; mais austeridade nos apoios sociais; cortes no subsidio de Natal. Que tal irmo-nos preparando para ‘consumirmos’ isto dentro em breve?