terça-feira, 15 de março de 2011

GUTEN TAG, HERR JOZEF

Ao jantar, tivemos o senhor José numa comunicação à comunicação social que é como quem diz, ao país. O senhor José veio justificar-se. Foi mais do mesmo, bem sei mas do que se deve ter medo é quando o senhor José nos atira com novidades, Assim como aquelas de sexta-feira passada. Para quem queria explicar porque é que tirou da cartola mais uma data de coelhos sem previamente debater, esse passe de mágica, com a assembleia da república, sem uma palavra ao presidente da república, sem uma sms aos parceiros sociais, não explicou nada! Lá apareceu a costumada ladainha da defesa do interesse nacional, mais a crise política que os malandrecos da oposição querem provocar, mais a inevitabilidade da apresentação de novas medidas para que o país erga a cabeça, meta os credores na ordem e afaste a vinda da ajuda externa que seria um verdadeiro calvário. O senhor José julga-nos uma cambada de PEC’s (‘Parvalhocos Estupidamente Crédulos’) para pensar que pode continuar a vender o seu peixinho sem se dar conta que o dito já cheira pessimamente mal. O que o senhor José quer, de facto, é arranjar a tal crise política, e põe-se a fazer o suficiente para levar o chutozinho da ordem. A verdade é que a situação está de tal modo insustentável que o senhor José já percebeu que não se safa, apesar dos beijinhos e abraços de que se diz rodeado pela tribo de eurocratas que se reúne para saber o que a senhora Merkel vai determinar que se faça. Portanto, senhor José, não vale a pena vir agora com conversas nem com comunicações à hora do jantar, do almoço ou do lanche. A malta está farta, mas tão farta de o ouvir sempre nas mesmas coisas tão boas que o senhor se propõe fazer que, se calhar o melhor era o senhor abrir gabinete em Bruxelas ou em Berlim e dirigir o país daí, porque estando sempre perto de quem lhe traça o programa e longe de nós, é que era um verdadeiro alívio. E, que conversa é essa? É ou não verdade que esteve cá uma equipa de auditores que detectaram que as suas contas não batiam assim muito bem e que ainda estavam por aí uns buracos por tapar? É ou não verdade que, para não darem ainda mais cabo das contas, queria levar os custos com o funeral do BPN para 2008 em vez deste ano mas os tais auditores não deixaram? É ou não verdade que a senhora Merkel lhe insinuou para que não aparecesse no conselho com as mãozinhas a abanar e enfim, trouxesse mais umas medidazinhas para mostrar aos senhores conselheiros a seriedade da coisa? Com a maioria absoluta e permitia-se umas arrogâncias, umas mal criadices, umas jactâncias e umas bazófias. Ás vezes até conseguia achar-lhe graça! Depois a coisa complicou-se mesmo. Veio a tal crise e o senhor continuou a dizer que estava tudo bem! Até aumentou o funcionalismo público em ano de deflação. Mas, escandaleira das escandaleiras – em tempo de um fósforo o país passou de ‘el dorado’ a teso endividado, na bancarrota. O senhor José, como menino rabino, logo que teve o orçamento aprovado no parlamento, não se conteve e, desta vez embora minoritário, voltou com arrogâncias e bazófias. E, chegámos ao ponto em que estamos. Uma traiçãozinha ao país. Mais uma austeridadezinha a pedido da senhora Merkel. Uma converseta em família para dizer que os malandrecos da oposição é que são os culpados. Ao menos, na hora da despedida tenha juizinho. Faça um intervalo, que diabo! E, sossegue um pouco e sobretudo, deixe-nos sossegados a nós.