Realizador mais velho do mundo em actividade, Manoel de Oliveira provém de uma família da alta burguesia nortenha, filho de Francisco José de Oliveira, primeiro fabricante de lâmpadas em Portugal, e de Cândida Ferreira Pinto.
Ainda jovem foi para La Guarda, na Galiza, onde frequentou um colégio de jesuítas mas admite ter sido sempre um mau aluno. Dedicou-se ao atletismo, tendo sido campeão nacional de salto à vara, pelo Sport Club do Porto, um clube de elite. Depois foi o automobilismo e a vida boémia sendo um habitual das tertúlias no café Dina, na Póvoa do Varzim, com os amigos José Régio, Agustina Bessa-luís e outros.
Em 1928, entra para a escola de actores fundada no Porto por Lupo, o cineasta italiano ali radicado, e um dos pioneiros do cinema português. Berlim: sinfonia de uma cidade, documentário vanguardista de Rutmann, influência-o profundamente. A curta-metragem sobre a faina no Rio Douro — Douro, Faina Fluvial foi o seu primeiro filme, em 1931, o qual suscitou a admiração da crítica estrangeira e o desagrado dos críticos nacionais. Seria o primeiro documentário de muitos de cariz etnográfico.
Adquiriu entretanto alguma formação técnica nos estúdios alemães da Kodak e participou como actor no segundo filme sonoro português, A Canção de Lisboa, de Cotinelli Telmo, vindo a dizer, mais tarde, não se identificar com aquele estilo de cinema popular.
Apenas em 1942, se aventuraria na ficção como realizador: adaptado do conto Os Meninos Milionários, de Rodrigues de Freitas, filma Aniki Bobó, um enternecedor retrato da infância no cru ambiente neo-realista da Ribeira do Porto. O filme foi um fracasso comercial, mas com o tempo daria que falar. Oliveira decidiu, talvez por isso, abandonar outros projectos, envolvendo-se nos negócios da família. Só voltaria ao cinema catorze anos depois, com O Pintor e a Cidade, em 1956.
Em 1963, com O Acto da Primavera e a Caça, obras marcantes na sua carreira, filmes representativos enquanto incursões no documentário, trabalhados com técnicas de encenação, conheceram a supressão de cenas por parte da censura. Por causa de alguns diálogos no filme passou vinte dias de cadeia na PIDE.
A sua obra cinematográfica, até então interrompida por pausas e projectos não-realizados, só em 1971 com O Passado e o Presente, prosseguiria até ao final do século. A teatralidade de O Acto da Primavera, é recuperada como estilo pessoal e forma de expressão que irá marca os filmes, apoiado em reflexões teóricas de amigos e conhecidos comentadores. Insiste que só cria filmes pelo gozo de os fazer, independente da crítica.
Apesar de inúmeros prémios e galardões conseguidos em alguns dos festivais mais prestigiados do mundo, como Cannes, Veneza e Montreal leva uma vida retirada e longe das luzes da ribalta. Os actores preferidos, com quem mantém uma colaboração regular são Luís Miguel Cintra, Leonor Silveira, Rogério Samora, Miguel Guilherme, Isabel Ruth e, mais recentemente, o seu neto, Ricardo Trepa e as participações de actores estrangeiros, como Catherine Deneuve, Marcello Mastroiani, Michel Piccoli, Irene Papas e Lima Duarte.
Apesar de inúmeros prémios e galardões conseguidos em alguns dos festivais mais prestigiados do mundo, como Cannes, Veneza e Montreal leva uma vida retirada e longe das luzes da ribalta. Os actores preferidos, com quem mantém uma colaboração regular são Luís Miguel Cintra, Leonor Silveira, Rogério Samora, Miguel Guilherme, Isabel Ruth e, mais recentemente, o seu neto, Ricardo Trepa e as participações de actores estrangeiros, como Catherine Deneuve, Marcello Mastroiani, Michel Piccoli, Irene Papas e Lima Duarte.
Em 2008, ao completar 100 anos, foi condecorado pelo Presidente da República e homenageado com a produção de um documentário sobre a sua vida e obra. Dotado de uma resistência física e saúde mental ímpares, continua a manter planos futuros.
Prémios e galardões
- Professor honorário da Academia de Skopje (Macedónia), desde 2007.
- Recebeu em 2008, o prémio mundial do Humanismo e o grau Honoris Causa pela Universidade do Algarve.
- Em 2009 recebeu nos XIV Globos de Ouro da SIC, o prémio de prestigio e de homenagem.
Longas-metragens
- 2009 - Singularidades de uma Rapariga Loura; 2007 - Cristóvão Colombo – O Enigma; 2006 - Belle Toujours; 2005 - Espelho Mágico; 2004 - O Quinto Império; 2003 - Um Filme Falado; 2002 - O Princípio da Incerteza; 2001 - Vou para Casa; 2000 - Palavra e Utopia; 1999 - A Carta; 1998 - Inquietude; 1997 - Viagem ao Princípio do Mundo; 1996 - Party; 1995 - O Convento; 1994 - A Caixa; 1993 - Vale Abraão; 1992 - O Dia do Desespero; 1991 - A Divina Comédia; 1990 - Non, ou a Vã Glória de Mandar; 1988 - Os Canibais; 1986 - O Meu Caso; 1985 - Le Soulier de Satin; 1981 - Francisca; 1979 - Amor de Perdição; 1974 - Benilde ou a Virgem Mãe; 1971 - O Passado e o Presente; 1963 - Acto da Primavera; 1942 - Aniki-Bobó
Curtas e médias metragens
- 1985 - Simpósio Internacional de Escultura em Pedra - Porto; 1983 - Lisboa Cultural; 1983 - Nice - À propos de Jean Vigo; 1982 - Visita ou Memórias e Confissões; 1966 - O Pão (documentário); 1965 - As Pinturas do meu irmão Júlio (documentário); 1964 - A Caça; 1956 - O Pintor e a Cidade; 1941 - Famalicão (filme); 1938 - Já se Fabricam Automóveis em Portugal; 1938 - Miramar, Praia das Rosas; 1932 - Estátuas de Lisboa; 1931 - Douro, Faina Fluvial
- Como actor
- 1994 - Lisbon Story, de Wim Wenders; 1980 - Conversa Acabada, de João Botelho; 1933 - A Canção de Lisboa, de Cotinelli Telmo; 1928 - Fátima Milagrosa, de Rino Lupo.
- Como supervisor e outros
- 1970 - Sever do Vouga… Uma Experiência, de Paulo Rocha; 1966 - A Propósito da Inauguração de Uma Estátua - Porto 1100 Anos, de Artur Moura, Albino Baganha e António Lopes Fernandes
- 1937 - Os Últimos Temporais: Cheias do Tejo (documentário); 1958 - O Coração (documentário); 1964 - Villa Verdinho: Uma Aldeia Transmontana (documentário); 1987 - Mon Cas; 1987 - A Propósito da Bandeira Nacional; 2002 - Momento; 2005 - Do Visível ao Invisível; 2006 - O Improvável não é Impossível