quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

DIVAGAÇÕES RARÍSSIMAS.

DIVAGAÇÕES RARÍSSIMAS.
TODOS OS ANOS É ISTO! Entramos na recta final, afinal hoje é o tricentésimo quadragésimo oitavo dia do ano e a cena repete-se. Boas Festas, Festas Felizes, Santo Natal, Ano Novo Próspero, Boa Saída e Melhor Entrada, etc.
A quadra convida-nos a sermos todos uns bonzinhos para todos sem distinções de género, raça, credo ou outra coisa qualquer, nem que seja apenas por uns quinze dias.
No geral trata-se de um exercício mais ou menos confuso de intenção programada que leva a um esforço de boa vontade. Mas pronto!

DIZ O POETA QUE NATAL é todos os dias, Natal é quando um homem quiser e é bem verdade, a começar por não se saber bem se o menino nasceu realmente em Dezembro ou Março ou mais provavelmente em Agosto como documentos históricos recentemente encontrados deixam suspeitar mas isso não interessa nada! Pelo menos por agora...
A PROPÓSITO DE NASCIMENTOS foi em 1503 que nasceu 
em Saint-Rémy-de-Provence, MIQUEL DE NOSTRADAMA, aliás NOSTRADAMUS, que foi médico e praticava a alquimia (como muitos dos médicos no século XVI) que acabou por ficar na História pela sua suposta capacidade de vidência e pela sua obra "As Profecias", composta de quadras unidas em blocos de cem (centúrias) que alguns acreditam conter previsões codificadas do futuro.
Sofria de epilepsia psíquica, de insuficiência cardíaca e de gota e morreu com 62 anos sem nunca ter saído da região onde nasceu.

NASCIMENTOS HÁ TODOS OS DIAS e partos difíceis também. O caso RARÍSSIMAS vai ser mais um. 
O problema maior é que penso que onde estão interesses instalados e onde os poderosos metem a unha ou são convidados a cair em tentação, a JUSTIÇA apenas torna TRANSLÚCIDO o que deve ser TRANSPARENTE e, embora isto já seja melhor que continuar OPACO, fica sempre aquela sensação amarga de que sabemos apenas aquilo que outros acham que devemos ficar a saber para pensarmos que sabemos mesmo tudo!

Bem, divagações por divagações, vou mas é divagar para a cama e despeço-me, como sempre o faço, desejando que TENHAM UMA EXCELENTE NOITE que eu sou dos pensa que Natal é todos os dias e todas as noites. 
Uma fartura!

quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

HÁ COISAS QUE SÃO RARAS, OUTRAS NEM POR ISSO

LÁ POR SER DIA DO VIOLINO não nos dêem mais música.
HÁ LADRÕES QUE PARA SACAREM dinheiro precisam de rebentar com caixas multibanco a coberto das sombras das madrugadas, mas fazem sempre enorme barulho e são logo perseguidos e presos, passado mais ou menos pouco tempo.
HÁ OUTROS QUE O SACAM sem precisar de rebentar caixa e fazem-no silenciosamente durante anos a fio,até que um dia alguém resolve bater com a língua nos dentes e então é um estrondo do caneco.
MAS, AO CONTRÁRIO dos primeiros não vão logo presos e resolvem a coisa andando mais uns anos por audiências nos tribunais, de requerimentos em requerimentos, uns processos até prescrevem e outros não se escrevem...
HÁ COISAS QUE SÃO RARAS, outras nem por isso. 
RARÍSSIMAS é o nome de uma das coisas que nem por isso.
A senhora que geria a instituição decidiu que devia ter um salário razoavelmente razoável, que também devia ser paga pelas viagens que gostaria de fazer que ainda teria de andar num 'pópó' de uma 'marca executiva' que devia vestir bem e comer ainda melhor, por isso, no silêncio dos gabinetes, durante anos e anos, foi rebentando com a escrita da instituição que dirigia sem que ninguém, ao que parece, tenha dado por isso....de repente, o escândalo estrondou e agora toda a gente 'com a corda ao pescoço', incluindo a dita senhora, dá entrevistas e fala para os micros televisivos, dizendo que as contas estão auditadas e certas, que nunca se fez nada fora da lei, que nunca foi detectada nenhuma acção fraudulenta. 
Estamos então no lodaçal em que coisas que deviam ser RARÍSSIMAS são 'nem por isso'. 
E, o piro disto tudo, é que a gente vai-se habituando a estes 'violinos' que nos querem dar uma melodia muito melodiosa ou nem por isso.

segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

CHAMAR NOMES ÀS COISAS TEM IMPORTÂNCIA

Última notícia de uma estação "televisionária", afirma que a ANA depois de ter andado numa correria aqui por cima, dirigiu-se para sul a bordo do Alfa que deverá já ter chegado à gare do Oriente; tem um ar bastante forte e veste gabardina tipo agente da CIA e nos pés umas galochas vermelhas sem salto que lhe permitem movimentar-se a grande velocidade.
Por aqui andou, de um lado para o outro, desde o meio da tarde, soprando com mais intensidade a partir da hora do jantar só para não deixar a malta comer descansada!
Na 'ilha' deixou-nos às escuras por três vezes, abanou-nos as janelas e a porta com tal violência que tive que lhe gritar.
- já demos, tenha paciência -
não teve! mandou pelos ares a tampa do depósito da água do Luís Edgar, deixou-me o jardim com dois vasos tombados e um partido e os amores perfeitos, menos perfeitos, o carro lavado por fora e (se calhar) também por dentro, duas fileiras de gotas por cima da porta da casa de banho e um pinga pinga a meio do quarto e a janela da cozinha a precisar de um parafuso novo no fecho.

Espero que aí pelo sul, a nossa 'amiga' vá perdendo força pois por aqui trabalhou bastante; estamos num tempo de excessos e eu que não sou crente, tenho mais facilidade em saber quem hei-de criticar....o culpado disto é o TRUMP!|!!
O homem semeia ventos por todo o lado mas são os outros que colhem as tempestades....
Até quando conseguirá ele segurar o penteado!?


PASSOU A ANA, VEM AÍ O BRUNO. 

Chamar nomes às coisas tem a sua importância. Atribuir nomes próprios a fenómenos naturais é tradição mas mais para os lados das Américas, a furacões, tornados, etc.
Não estávamos habituados a ter neste pedaço tão posto em sossego, tais fenómenos naturais extremos com necessidade de ter nome próprio.
Ontem, a ANA foi a força da natureza que iniciou a moda Varreu o pedaço posto em sossego com a violência de mulher traída em zanga com marido que chega tarde a casa vindo de outras tempestades e ela à espera, para partir a loiça toda.
A zaragata durou madrugada dentro e só amainou já o dia começava a clarear.

POIS PARA HOJE, está previsto o BRUNO.bater-nos à porta.
Deixem que lhes apresente o rapaz.
Menos dramático que a ANA, é contudo mais permanente e duradoiro que a menina, por isso, parece que vem para ficar não umas horas mas uma semana, pelo menos.
Com proveniência da região do norte da Europa, parece que tem um parentesco (para aí neto) com o velho barrigudo das barbas que tem a mania de, a bordo de um trenó, andar a distribuir encomendas.
O BRUNO vem a pé e parece que a única coisa que tem para distribuir é frio e alguma água..preparem-se, pois, que essa de gelados só no Verão vai acabar.
Gelados vamos nós ficar, mesmo sem pauzinho espetado no..

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

A OBRA DO REI MAGNÂNIMO

JÁ A TERRA VIAJOU 300 VEZES AO LONGO DA SUA ELÍPTICA SOLAR E DEU MAIS DE 49.500 VOLTAS SOBRE SI PRÓPRIA DESDE QUE FOI LANÇADA A PRIMEIRA PEDRA A 17 DE NOVEMBRO DE 1717
promessa que D. João V, o Rei Magnânimo fizera pela descendência que a rainha Maria Ana de Áustria, viesse a dar-lhe e foi o nascimento da primeira filha, Maria Bárbara viria a ocasionar o cumprimento da promessa.
Obra de referência do chamado 'período joanino' numa época de monarquia absoluta, a obra nasce por oportunidade económica, usando o ouro do Brasil e política dando uma marca ao reinado e mudando o paradigma das artes do Reino.
Destinado à ordem dos Franciscanos, o Convento foi pensado inicialmente para 13 frades mas o projecto foi sendo sucessivamente alargado para quarenta, oitenta e finalmente uma comunidade de trezentos religiosos, ao qual foi acrescentada a estrutura de um palácio real.
Johann Francis Ludovice, ourives, arquitecto e engenheiro militar prussiano que estudara arquitectura em Florença dirige a obra até 1730 mas será o seu filho Johann Peter que a concluirá, 52 anos depois.
Para os altares da Real Basílica, capelas, áreas conventuais, portaria e refeitório, foi encomendada uma colecção de pintura religiosa do século XVIII onde avultam obras dos pintores italianos Mazucci, Giaquintto, Trevisani e Bettoni e de portugueses como Vieira Lusitano e Inácio de Oliveira Bernardes.
A estatuária da Basílica dos grandes mestres italianos Monaldi, Corsini e Rusconi, constituindo a mais significativa colecção de escultura barroca italiana fora de Itália, a qual inclui ainda os seus estudos em terracota, bem como a produção da Escola de Escultura de Mafra, aqui criada no reinado de D. José I.
Por vontade do Rei, a cerimónia da sagração da Basílica foi realizada no ano de 1730, a 22 de Outubro, data do seu 41º aniversário, que nesse ano caía a um domingo, dia destinado pelo ritual da Igreja para esse fim, embora as obras ainda estivessem bastante atrasadas. Trezentos e vinte e oito frades ingressaram então na comunidade de Mafra, vindos de diversos conventos na região mandados extinguir por Decreto Real e também do Convento de São Francisco da Arrábida.
O romance de José Saramago, "Memorial do Convento" é também a história do grande amor de Baltazar, jovem pedreiro por Blimunda mulher dotada do estranho poder de ver o interior das pessoas. Os dois conhecem um padre, Bartolomeu de Gusmão, que entrou na história como pioneiro da aviação e iniciam a construção de um aparelho voador, a Passarola que sobe em direcção ao Sol, sendo que este atrai as vontades, que estão presas dentro da Passarola. Blimunda, ao ver o interior das pessoas, recolhe as suas vontades, descritas pelo autor como nuvens abertas ou nuvens fechadas.
Bartolomeu foge para Espanha perseguido pela Inquisição que o condenara por heresia por voar o que era contrário às normas divinas. Blimunda e Baltasar escondem os materiais de manutenção da passarola e a própria fica dissimulada por uns arbustos em Montejunto. Um dia, Baltasar fica preso à passarola, enquanto fazia a sua manutenção, os cabos que a impediam de se elevar nos céus rebentaram, tendo sido levado pelos ares. A aeronave despenhou-se e Baltasar foi capturado pela Inquisição, acusado de bruxaria. No epílogo da acção, Blimunda recolhe a vontade de Baltasar enquanto este é condenado à fogueira.

Em "Memorial do Convento", as personagens são de dois grupos opostos. A aristocracia e o alto clero que representam o grupo do poder, enquanto o povo e os oprimidos, que representam o grupo do contra-poder. Os primeiros são caracterizados pela falsidade, ridículo, ostentação e indiferença pelo sofrimento humano e crueldade mal disfarçada de religiosidade. Os segundos são os heróis esquecidos pela História oficial, que ganham relevo e rebeldia através da ficção do romance.
O Palácio possui dois carrilhões mandados fabricar em Antuérpia e Liége com um total de 98 sinos, sendo os maiores existentes no mundo, cobrindo cada um deles uma amplitude de quatro oitavas (carrilhões de concerto) realizados por um dos mais respeitados fundidores de sinos, Nicolaus Levacher de Liége que deixou, em Portugal uma tradição de fundição que perdurou por mais de um século após a conclusão dos trabalhos em Mafra. O conjunto inclui o maior sistema de relógios e de cilindros de melodia automática, conhecido em ambas as torres (quatro cilindros rotativos com cavilhas e alavancas) um marco mundial quer da concepção de música automática quer da relojoaria, capazes de tocar cerca de dezasseis diferentes peças de música, em qualquer momento.
No entanto, é a sua biblioteca o maior tesouro de Mafra, chão em mármore, estantes em rococó e uma colecção de mais de 36 000 livros com encadernações em couro gravadas a ouro e prata, incluindo uma segunda edição de Os Lusíadas.  Abrange áreas tão diversas como medicina e farmácia, história, geografia e viagens, filosofia, teologia e direito canónico e civil, literatura, matemática e história natural. 
Muitos deste volumes foram encadernados na oficina local. A biblioteca de Mafra é também conhecida por acolher morcegos, que ajudam a preservar as obras.
Classificado Monumento Nacional em 1910 foi finalista da iniciativa 7 Maravilhas de Portugal em 2007.




domingo, 29 de outubro de 2017

PORQUE AMANHÃ É DOMINGO


AOS DOMINGOS íamos - o pai, a mãe e eu - almoçar a casa dos avós maternos que ficava para perto do largo da Graça, num rés do chão esquerdo, alto porque a rua era bem inclinada mas o prédio não. 
A viagem de eléctrico só valia a pena sentado no banco dos 'palermas', aquele banco junto à plataforma, com costas para a janela; eu ficava a olhar para quem estava no banco em frente; rostos silenciosos e inexpressivos; se olhavam para mim, escolhia entre um cândido sorriso e uma careta mais azeda conforme a cara do interlocutor me agradava ou não. 
Uns respondiam; outros, continuavam 'palermas'. 
A minha mãe que temia estas terríveis falhas na educação do 'isso parece mal', repreendia-me com um olhar furioso, enquanto o meu pai disfarçava um sorriso, escondido atrás do Diário Popular, com as notícias da véspera.
À tarde, depois do almoço,- sempre bacalhau cozido naquela enorme travessa de cavalinho verde esborratado, as batatas e feijão frade, ai feijão frade e ai batatas que me salvavam - se o tempo o permitia, o passeio até ao miradouro da senhora do monte. 
E era então que o meu avô me sentava no colo e conforme lhe ia apontando o casario, os barcos no rio, o castelo, o mosteiro, a sé catedral, o terreiro do paço, contava-me sempre qualquer história relacionada com ele.
Estava uma manhã de Sol quando me vi sentado no colo do meu avô, num banco de jardim virado para o rio, a ouvir-lhe curioso a história; mas tudo se evaporou quando acordei na obscuridade do quarto...
Da próxima vez que for a Lisboa, vou passar por lá!

sexta-feira, 27 de outubro de 2017

E CONNOSCO FOI MAIS OU MENOS ISTO...

O CONDADO PORTUCALENSE foi a prenda do casamento de Henrique de Borgonha com Teresa de Leão, filha de Afonso VI de Leão e Castela. 
Henrique um cruzado que viera ajudar cristãos das Vascongadas e Astúrias contra os infiéis de Tarik, o Brilhante; além de ter sido heroicamente premiado ainda se apaixonou por Teresa, a filha mais nova do rei e foi assim que chegou a Conde de Portucale. Davam-se todos tão bem que Afonso Henriques teve o nome do avô materno e Henriques, filho de Henrique, claro.
Ainda que sob a tutela do pai, Teresa era mulher decidida e acabou por tomar conta do condado quando em 1112, o marido morreu. 
Mas, Teresa também era jovem e viúva ardente. 
Sentindo-se só, já que o jovem Afonso andava a aprender a ser gente com o fiel Egas, com os Invernos gelados e a cama fria, acabou por piscar os dois olhos a Fernando Peres, um galego de Trava, com o qual desejava juntar os trapinhos.
Mas o príncipe Afonso Henriques, então com 18 anos, é que não gostou nada da história e com mais uma rapaziada amiga revoltou-se, e em São Mamede depois dado uma carga de porrada nas forças que o padrasto juntara, ainda segundo rezam as crónicas mais ousadas deu, pelo menos, uma chapada na mãe, uma falta de respeito que lhe valeu a fúria de uma data de gente à volta.
Mas, Afonso declarou o território independente e durante 14 anos, foi raro dia em que não houve zaragata com galgos, leoneses, castelhanos, e Afonso VII, primo direito de Afonso Henriques, que estando pelo lado da tia, nem queria ouvir falar dele quanto mais de independências.. 
Até que a 5 de Outubro de 1143 em Zamora, cansados de tanta treta e ainda por cima com os mouros à perna, lá se entenderam para fazerem paz e como selar melhor esse entendimento senão dar a independência, sob os auspícios do enviado papal, o Cardeal Guido de Vico?. Afonso radiante com o desfecho, logo pôs bandeira em Guimarães embora só em 1179, com a bula 'Manifestis Probatum', o papa Alexandre II tivesse reconhecido com efeitos retroactivos a independência da nova nação PORTUCALE.

COMO POSSO NÃO SIMPATIZAR com a causa 'catalana' e a sua (perigosa) coragem de quererem a independência se já lutam por ela há quase tantos anos como Afonso Henriques lutou pela nossa? 
E também não me esqueço que foi graças a eles que em 1640 nos libertámos dos espanhóis...não fora Filipe IV andar às voltas com os independentistas de Catalanya e ter desviado para lá as tropas que estariam destinadas a vir até cá subjugar-nos e hoje talvez ainda fôssemos uma 'Andaluzia' ao alto!
Pelo menos não sou ingrato!

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

CRÓNICA DO DOMINGO 'NUNCA MAIS'!

Martin Luther King disse: 'Começamos a morrer no dia em que permanecermos em silêncio sobre o que é importante".

O meu país deixou de ser uma mancha verde junto ao mar para se tornar numa nódoa cinzenta, um manto negro de luto e de revolta. 

A destreza da comunicação social, capaz de nos por em casa, em directo, as imagens mais violentas de uma tragédia anunciada; imagens de gente que sofre num caldeirão de medos desmedidos e de emoções incontroláveis; imagens de gente que se defende do fogo que tudo consome, com a coragem de saber que não pode contar com mais ninguém senão com as suas próprias forças; imagens de centenas animais que morreram num purgatório de fogo assassino; imagens de paredes negras, restos de casa e coisas que ficaram para atestar a passagem das chamas; imagens de zonas industriais onde armazéns de empresas são uma amálgama de ferros retorcidos e mais paredes negras e máquinas destruídas; imagens, outra vez, de mais carros que arderam; imagens, outra vez, de mais estradas invadidas pelas chamas e por um calor de crematório; imagens de funerais de vítimas, mais 42 a juntar às 64 de há 4 meses; imagens de um cenário por onde parece ter andado uma guerra, pior que guerra dos homens, que em guerras onde entra a natureza raramente o homem tem vitória.

Imagens de um país que se vai consumindo em fogo, num só dia!

Trágico e revoltante. Porque recordamos que tantos foram avisos de vozes e porque percebemos, rápida e convenientemente esquecidas, afogadas nas políticas corruptas e incompetentes ao serviço do compadrio e do amiguismo, da submissão ao negócio de uma teia de interesses instalados; do desleixo de muitos e da ausência de muitos mais; da rendição aos ditames de um espartilho financeiro capaz de subverter os interesses superiores do Estado e do colectivo do país. 

Por isso, também todos temos uma parte, pequena que seja, na responsabilidade e na culpa, mas somos assim: mais vale fazer de conta. Se calhar até não vai dar em nada!
Mas deu! Desta vez deu! Outra vez! Já tinha dado no incêndio de Pedrogão quando a estrada da morte colocou uma dose de terror no calor da discussão. 

Não me deixa menos revoltado o facto de agora tudo desabar num governo quando vejo e oiço, na oposição a hipócrita gritaria e o cobarde esquecimento das culpas que também tem no cartório. E, não são pequenas..
É certo que o governo andou mal. Porque foi incompetente ao desmobilizar prematuramente a estrutura de combate a incêndios, como se incêndios obedecessem a decretos numa necessidade de poupar euros e de salvaguardar défices; depois por proferir declarações arrepiantes de frieza e de falta de humildade. 
Amanhã, um conselho de ministros extraordinário vai analisar o tal relatório da comissão independente de Pedrogão, apresentar medidas, definir prioridades, proceder a indemnizações. É bom que o faça. Só que tudo o resto que está por fazer (e é tanto) não pode ser deixado à espera que o tempo se encarregue...

Este Domingo, nunca mais!    


sexta-feira, 18 de agosto de 2017

UM SALTO PARA A MORTE

PRIMEIRO FOI O SOM de uma ordem gritada e logo repetida, vinda de um posto de vigia do muro que cortou o silêncio da madrugada; depois foi o som de um disparo e logo de outro a seguir e, por fim, o baque dum corpo que caía na calçada, uns trinta metros mais à frente. Naquele alvorecer de 18 de Agosto de 1962, um ano e quatro dias após a conclusão da edificação do muro, Gunter Littin tinha saltado para a morte. Tinha vinte e um anos e era carpinteiro numa oficina de móveis, a meio da Zimmerstrasse.
O VELHO PRÉDIO de três andares ainda assumia no telhado e nas fachadas a violência das bombas que tinham caído dezassete anos antes nas vésperas da entrada das tropas soviéticas. Gunter Littin conhecia.o movimento dos soldados no posto de vigia, a uns trinta metros do local de trabalho, no ângulo do muro onde a Zimmerstrasse fazia à esquerda um ângulo de quase noventa graus. Às quintas feiras, cerca das seis da manhã, um camião do exército parava junto ao posto para descarregar caixotes que deveriam conter alimentos e munições para os três guardas que eram rendidos de seis em seis horas e, porque parava precisamente no ângulo da curva, o soldado descia da guarita para o controlo dos papéis enquanto os outros dois se ocupavam da descarga. Durante uns cinco a sete minutos, não mais, aquele sector do muro, que quase encostava ao prédio, estava sem vigilância.
O PLANO ERA SIMPLES! Gunter e o seu amigo Hanz Polloeck teriam de ficar na oficina na noite de quarta feira depois desta fechar. Depois, à hora do abastecimento, sairiam pela porta das traseiras do segundo andar que outrora tinha uma escada de serviço até ao rés do chão que agora era apenas uma cascata ferros retorcidos pendurados junto à empena mas mantivera o patamar que se aproximava do muro. Era daí que saltariam para cima do bordo do muro, tentado evitar a fileira de arame farpado, um salto de cerca de metro e meio a mais de seis metros do solo e depois um novo salto para o muro exterior e, por fim percorrer os cerca de vinte metros até que seria possível saltar para o lado ocidental, para cima de um monte de entulho que permanecia há duas semanas junto ao muro, que pertencia a uma obra cujo guarda os socorreria naturalmente.
GUNTER tinha perdido o pai, soldado da Wehrmacht, desaparecido durante o cerco a Estalinegrado e a mãe morrera em plena rua, agarrada a ele para o proteger, num bombardeamento durante a guerra. Foi apanhado pela tripulação de um tanque soviético uma semana após o fim da guerra quando, exausto de fome e sede, deambulava pelas ruas de Berlim. Tinha pouco mais de dois anos de idade. Enviado para um centro de refugiados de guerra e mais tarde para uma escola em Leipzig onde permaneceu até aos dezoito anos. Foi aí que conheceu Hanz, também órfão de pai e mãe que tendo tirado o curso de carpinteiro, como ele, acabaram por ir trabalhar para a oficina de móveis na Zimmerstrasse. Planeavam, há alguns meses, aquela fuga, depois de um amigo ter fugido, incentivando-os a fazerem o mesmo.
NA QUARTA FEIRA, véspera do dia D, deixaram-se ficar propositadamente até mais tarde e quando todos se tinham embora despediram-se do encarregado e mal viraram a esquina do prédio, treparam pelos ferros retorcidos e entraram no primeiro andar. Ouviram o homem correr a pesada porta de ferro da oficina, no rés do chão e depois subiram pela escada interor até ao segundo andar que ainda tinha partes destelhadas e as paredes suportadas por umas vigas de madeira. estava em reparação para depois fazer dali escritórios, diziam. A noite foi demasiado longa e nenhum conseguiu dormir, pelo menos, com a tranquilidade suficiente para que quando ouviram o motor do camião de abastecimento, Hanz tremia e, com ar de pânico, disse a Gunter que não seria capaz. Tinha pensado melhor, toda a noite, e Gunter que fosse pois ele não iria conseguir e só o prejudicaria na fuga. Gunter insistiu tanto que Hanz fingiu dispor-se mas com a condição de ser Gunter o primeiro.
O CAMIÃO PAROU de motor a trabalhar, o soldado vigias desceu da guarita e abeirou-se da porta do lado do motorista ficando assim encoberto e os outros dois guardas saíram da porta do posto e começaram a carregar os caixotes. Eram três e o primeiro parecia muito pesado. Gunter já estava agachado no patamar e formou o primeiro salto indo cair silenciosamente no bordo do muro, abafando um gemido de dor quando teve de se agarrar ao arame farpado com ambas as mãos, apesar das velhas luvas de cabedal que tinham pertencido ao pai quando tivera uma moto que ele nunca conheceu mas que tinha guardado uma foto do pai e da mãe num passeio que fizeram juntos. Hanz estava no patamar da escada enconstado à parede sem se mexer. Gunter viu os seus olhos aterrorizados e percebeu que o amigo não conseguiria mas já não podia voltar atrás. Fez-lhe sinais com o braço mas Hanz não se movia, cosido à parede do prédio. O dia nascia!
GUNTER recomeçou a andar em cima do muro e ainda olhou por cima do ombro num último sinal de adeus ao amigo mas já não o viu no patamar. O camião começou a mover-se e foi quando ouviu o grito da sentinela. Estava a formar o salto para o muro exterior quando sentiu que uma espécie de prego incandescente lhe tinha entrado na coxa esquerda e logo a seguir novo impacto a meio das costas, junto ao pescoço. Sentiu uma tontura, depois tudo ficou negro e o corpo de Gunter Littin caiu para o outro lado, sem vida.GUNTER LITTIN foi a primeira vítima. O seu amigo Hanz assistiu a tudo, encostado à parede do prédio, abafando no seu próprio terror, a morte do amigo. No dia seguinte, os operários encontraram-no sem vida, pendurado pelo pescoço, numa trave que sustentava o telhado, no segundo andar da oficina.

terça-feira, 15 de agosto de 2017

O DIA DA PADEIRA DE ALJUBARROTA

O QUE SE PASSARA NO CAMPO DE ALJUBARROTA, na tarde do dia anterior deixara no ar um cheiro de morte e os ecos dos gritos dos feridos e dos gemidos dos moribundos. Quando a noite foi caindo, na claridade trémula das fogueiras percebia-se que muitos preferiram ficar para trás preferindo a pilhagem dos caídos e dos equipamentos, em vez de gastar forças na perseguição de castelhanos esgotados na tremenda derrota e aterrorizados pelo que ainda teriam de enfrentar até sentirem que haviam escapado com vida aos seus ferozes perseguidores.
BRITES ERA MULHER mas o corpo forte e o seu semblante carregado de olhos vivos mas pequenos, sobrancelhas muito espessas e um cabelo farto mas encrespado facilmente faria com que a confundissem com um homem não fosse o trajar. Nascera em Faro numa família muito pobre e humilde, órfã aos vinte anos, desde cedo que andou metida em brigas e aprendeu a manejar a espada e o pau. Toda a gente tinha medo dela pois, como nascera com seis dedos em cada mão, dela se dizia ter sido obra demoníaca. 

Acusada de assaltos e mortes começou a ser perseguida pela justiça e fugiu para Castela mas foi capturada e vendida como escrava. Depois de muitos trabalhos conseguiu fugir ajudada por outros dois escravos portugueses mas uma tempestade afundou em que vinha com outros fugitivos e procurada pela justiça, para evitar ser apanhada cortou o cabelo, disfarçou-se de homem e fez a sua vida como se fosse um almocreve. 
Seis anos de fugas e disfarces, até que encontrou lavrador, homem honesto e bom e casou, tendo aceitado entretanto ser padeira em Aljubarrota.

OS SEIS CASTELHANOS estavam atemorizados, depois de uma noite pelos pinhais, a fugirem dos vigias e dos soldados portugueses. Não sabiam sequer para onde se dirigiam e a preocupação de não se denunciarem, levava-os a despirem as vestes com as cores e brasões inimigos e apenas com umas capas a cobrirem os corpos e descalços mais pareciam uns pedintes ou vagabundos. 

Viram ao longe na aldeia, os gritos de vitória com o povo em festa; grupos de soldados, escorria o vinho em abundância, dois porcos nuns paus a girar em fogueiras e grandes pães muitos pães espalhado sobre padiolas. 
Sombras cosidas às paredes das casas, o medo de serem vistos ali no meio de tanta gente, levou-os àquela casa de aspecto humilde cuja curiosidade era aquela grande chaminé que forçava o telhado. 
Ali se abrigaram, depois de verificarem que a sala ampla e única estava sem ninguém para ganharem novo alento antes de voltarem à fuga de risco para as suas vidas incertas.

BRITES ACABAVA DE CHEGAR puxando o carro depois de mais uma leva de pão quando se apercebeu de movimento estranho no interior, junto ao forno onde cozia o seu pão tão apreciado por aquelas bandas. Logo desconfiou que inimigo deveria ser pois que ladrão tinha muito mais e melhor para roubar, especialmente naquela noite. Olhou para o carro e apenas viu a pá enorme com que raera o forno naquela tarde e nela pegou decidida a dar caça ao que fosse. 

Foi ao entrar que os viu. Dois definhavam encolhidos junto à porta do forno, certamente feridos mas os restantes sacaram de espadas e de paus, de debaixo das capas e dispuseram-se em roda dela, ameaçadores. Certamente não sabiam eles da reputação da padeira e menosprezando a que tinham por presa fácil, logo se enganaram quando a viram crescer num berro assustador e segurando na enorme vara com a pá logo ali despachou três, ficando o outro sem pinga de sangue. No terror que se gerou, a fuga para o sítio errado que a porta da casa era no outro lado e aquela era a porta do forno e a porta para a morte.

ESTA A HISTÓRIA QUE SE TORNOU LENDA e por essa razão esta mulher na região de Aljubarrota ficou conhecida como uma grande e valente mulher “A Valente Padeira de Aljubarrota”. Ainda hoje todos os 14 de Agosto, feriado, ela é lembrada e uma pá que dizem ser a verdadeira vai na procissão, em honra de Brites de Almeida, padeira de Aljubarrota.

terça-feira, 8 de agosto de 2017

QUANDO O DINHEIRO ACABAR...

PERGUNTA DESCABIDA. DIRÃO MUITOS...
IMPOSSÍVEL, DIRÃO OUTROS TANTOS...
Uma simples nota que se rasga, hoje, é considerado crime pois é destruição de 'moeda' e embora a nota até possa ser de quem a rasgou, é crime na mesma mas, se for um banco central a fazê-lo já não é crime e autorizado por lei, desde que não estejam em circulação ou estejam já de tal forma utilizadas que seja necessário novas.

Mais poderoso que o Goldman Sachs, o BIS Banco International of Settlements ( Banco de Compensações Internacionais ou Banco de Pagamentos Internacionais) com sede em Basileia, na Suíça é responsável por toda a supervisão bancária e visa a cooperação entre os bancos centrais e outras agências na busca de estabilidade monetária e financeira e reúne quase metade dos bancos centrais do mundo. Uma espécie de câmara de compensação dos bancos centrais. Considerado “o banco dos bancos centrais”, constitui um fórum privilegiado para discussão ao mais alto nível de questões relativas ao sistema financeiro internacional e ao papel dos bancos centrais nas economias; organiza reuniões periódicas entre os altos funcionários dos seus membros, para definição de estratégias económicas e tomadas de decisões sobre a política monetária e o sistema financeiro. Além disso, são frequentes os encontros entre os técnicos em que são tratadas questões mais operacionais, como questões judiciais, gestão de reservas, auditoria interna e cooperação técnica.
Pois tem vindo desta instituição 'ecos' do que parece inverosímil, por agora. Acabar com o dinheiro físico na próxima crise financeira do sistema e com razões são simples. tais como dinheiro físico tornou-se um problema com grandes custos de produção e dificuldades depois na sua manutenção, fiscalização e sustentabilidade e, por outro lado, com os avanços tecnológicos tornou-se, a breve prazo dispensável e obsoleto!
Razões mais do que suficientes para estarmos alerta quanto aos sinais e aos passos que vão sendo dados rumo a esse desígnio. Se já hoje, muitas vezes, ficamos contrariados quando não há terminal multibanco em determinada loja onde efectuámos uma compra irrisória pois já nos encantar pelo 'dinheiro de plástico'... cada vez mais dependentes do sistema bancário, os usuários caminharão para um sistema e entregar-se-ão totalmente a ele, ajudando-o como a uma inevitabilidade a dar ainda mais poder a todo o 'mundo financeiro' que se tornará 'dono' de todo o património financeiro de cada um, ainda que possa ser pequeno mas por isso mesmo mais subjugado pelo poder..
A ERA DO DINHEIRO VIRTUAL! 
Está (apenas) a um pequeno passo Será possível? Infelizmente, acredito que sim....
e contará, ainda por cima, com o apoio dos precursores que se apressarão com o seu arrebatado e habitual deslumbre a dar apoio à boa nova!

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

AL KASER, EL KIBIR. A VÉSPERA DA BATALHA

TRISTÃO VAZ ESTÁ ESTA NOITE, que antecede a fatídica batalha, deitado de costas no murete de palanque que ele e outros camaradas estiveram a erguer, durante toda a manhã, debaixo de um Sol abrasador e vento quente que ainda sopra dos lados da cordilheira do Rif, uma planície conhecida por campos de Shuaken, a não mais de três léguas de Alcácer Quibir, abandonada pela população ainda antes da chegada da vanguarda do exército português. Olha as estrelas brilhantes e a lua amarela e oval e tudo lhe parece tão diferente do sitio de onde veio. Ele que sempre vira naquela largueza infinita dos céus do Alentejo, a largura dos seus sonhos, nessa noite os seus olhos parecem-lhe baços, sujos, talvez por se sentir completamente esgotado, talvez porque o sonho não tenha a intensidade de quando partiu e em seu lugar se tenha colocado um terrível pesadelo dos dias vividos e que lhe antecipam a noite seguinte quando aquelas mesmas estrelas e aquela mesma lua voltarem a iluminar aquele chão de deserto, um campo cheio de corpos de soldados e de animais, dispersos pelo imenso areal, coberto de sangue, onde os gritos dos feridos de chagas abertas e os gemidos dos moribundos se confundem e o nauseabundo cheiro dos mortos com o acre da pólvora, paire no ar. É um arrepio que lhe enregela o corpo e lhe despedaça o ânimo. Ainda se ali estivessem os seus dois irmãos. Mas, Diogo é porta-estandarte num terço de espingardeiros sob o comando de D. João da Silveira e encontra-se para sul, a uma boa légua dali e dele nada sabe há mais de dois dias, desde que o corpo de batedores se tinha partido em vários grupos dispersos pelas múltiplas sortidas dos árabes de Mulei Moluco, a que os soldados portugueses já chamavam de diabos brancos pois surgiam do nada e para o nada se evaporavam depois de infligirem algumas baixas a uma tropa esgotada pelo calor, pela fome, pela sede e pela marcha forçada que já contava dez dias e dez noites. De Nicolau apenas sabia que tinha sido evacuado, ferido num recontro mal sucedido pois apanhados, em campo aberto, pelo fogo cruzado de artilheiros árabes dissimulados em dois promontórios de Asilah. Manoel Brás, amigo comum que com eles partira de Évora, disse que o tinha vista numa padiola, coberto de sangue e sem dar acordo, apesar de vivo. Tristão não quer adormecer. São os pesadelos que tem que não o deixam fechar os olhos para não ver sua mãe numa imagem de dor, para nõ vr a sua linda Violante, a quem prometera voltar, num choro junto à sua própria campa, numa noite negra de nuvens de tempestade. Da sua garganta sai um grito estrangulado. “Meu Deus, não me tires as forças que amanhã me perderei!”
A SEU LADO, AFONSO DE MASCARENHAS, moço de boa aparência e fino trato que com ele embarcara em Lisboa a bordo da nau Conceição. Está na trincheira, meio de cócoras, com uma pequena vara na mão a agitar a fogueira à sua frente e assim está há já um bom bocado. Tão moço quanto Tristão, de existência bem diversa. Seu pai D. Álvaro de Mascarenhas morrera, tinha ele cinco anos, durante uns confrontos com holandeses, em terras de Vera Cruz. A mãe, D. Beatriz, enlouquecida pelo desgosto retirara-se para o convento de Xabregas onde veio a falecer ao cabo de uma agonia, em profunda tristeza. O património confiado ao tutor até a maioridade dos filhos. O irmão Samuel, mais velho do que ele seis anos, embarcou para o Brasil, aos dezassete anos, já alferes mor, também ele viria a morrer nessa terra longínqua de umas febres terríveis que mataram muitos dos nossos. A sua irmã Leonor viria a casar-se com o tutor, vinte anos mais velho que ela que entretanto tomara conta da herança de família; mas Lúcio Pratas era um homem metido com a bebida, jogo e mulheres. Leonor viu o casamento um inferno e toda a herança, aos poucos, esvair-se. Lúcio Pratas acabou assassinado em circunstâncias misteriosas e Leonor sem nada de seu, acabou como sua mãe no convento de Xabregas que a recolheu, vindo a morrer de peste, durante a terrível epidemia que graçou por Lisboa. Afonso ouviu o grito sufocado de Tristão como uma prece e voltou-se.“Ah companheiro, assim estou eu que de minha existência só desgostos guardo, por isso motivos me sobejam para desejar que sabre mouro me leve amanhã bem cedo, deste mundo. Mas tu, de juventude feliz e sonhadora e gente que te ama e te aguarda, desesperas assim tanto na vez de buscares na esperança, a força para te salvares.“ Tristão ergue-se de lado, apoiando-se no cotovelo, talvez surpreendido com a fala do amigo, por ter pensado que não fora ouvido. “Com sonhos eu vim e de sonhos arrastei meus irmãos para esta desesperança em que me encontro, razão tão pequena seria a minha que depressa me ficou esmagada no coração.” Afonso pôs-se de pé, apoiado numa das estacas aguçadas destinadas à defesa do palanque. “Não desesperes, pois razões para tal, não tens.” Tristão também se levantou e avançando para aquele moço da sua idade mas com uma vida tão cheia de tristeza, abraçou-o fortemente. Conforto buscava nele que conforto também lhe queria dar naquele momento de incerteza. “Que posso eu dizer-te, amigo, que consolo te traga senão que contigo reparta a desventura dos teus dias. Mas se Deus assim dispôs, razão Lhe assiste. De Sua justiça não duvides que se Ele vivo te tem algo no futuro de bom te dará."
Os dois abraçados e Tristão viu um relâmpago no olhar do amigo quando este apenas lhe respondeu. “Pode ser que estejas certo, amigo... e desejar não quero contrariar a tua crença. Que no vigor deves acalentá-la e não esmorecê-la com agonias, como há pouco. Mas, a mim não censures que da fé já não possa saber mais que uma triste sombra.” Sentaram-se, lado a lado, na beira da trincheira, as pernas a balançar, olhando as estrelas sempre brilhantes e a lua que entretanto desandara para o lado direito e parecia um pouco mais pequena e pálida. Foi então que Afonso comentou não esperando resposta alguma pois pergunta não era. “Como será, daqui a umas horas, quando o dia nascer?” Tristão disse, apenas, sem olhar para ele. “Quem pode sabe... “. Afonso remexeu-se na sua própria dúvida. “Saberá Deus?”
FOI NA MANHÃ DE 5 DE AGOSTO DE 1578 que se deu o desastre de Alcácer Quibir; para assinalar data de tão grande importância que inclusive foi causa próxima da perda de independência e de domínio espanhol durante 60 anos, apresento-vos um excerto de uma minha iniciativa épica (quase livro) intitulada AL-KASER EL-KIBIR que ando a escrevinhar há cerca de dois anos, com períodos de grande azáfama e outros de 'nem por isso' mas que me tem dado imenso gozo e conhecimento histórico pela obrigatória consulta de fontes e livros de romancistas e historiadores e também pelo exercício de imaginação que a construção de personagens que fazem uma história paralela da lenda em que se tornou a verdadeira, sempre traz:

quarta-feira, 2 de agosto de 2017

IGUALDADE É QUE CONTINUA A NÃO SER!

PARIDADE? MEDIOCRIDADE? HIPOCRISIA?
IGUALDADE É QUE CONTINUA A NÃO SER.

MAS O QUE É ISTO? 
Pertenço ao género dos que são menos à nascença, por isso há mais bébés fêmeas que bébés machos nos berçários das maternidades; 
dos que são mais mortais no primeiro ano de vida por isso há mais meninas que meninos nos infantários e no básico; 
dos que abandonam primeiro os estudos e é por isso que há mais raparigas que rapazes no sistema educativo, 
e também por isto tudo há, assim, mais mulheres que homens no trabalho e na falta dele
e também, há mais viúvas que viúvos, e mais avós que avôs, e mais mães que pais, e mais irmãs que irmãos, e mais tias que tios, e mais primas que primos 
e para cavar ainda mais o fosso, curiosamente, por causa do cromossoma ingrato ou da falta dele, faz com que sejam 'eles' a passarem-se para 'elas' mais do que o contrário;. 
Em resumo, há sempre mais elas seja onde for...

OHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH! PERDÃO! 
ESQUECI-ME DAS ADMINISTRAÇÕES DAS EMPRESAS!
MAS ISTO NÃO PODE SER! ISTO É UMA CATÁSTROFE!
ENTÃO FAÇA-SE UMA LEI PARA REMEDIAR JÁ ISTO!

Mas, cuidado, para os ELES não ficarem chateados, para já só um terço dos lugares em cada conselho de administração para sentar A ELAS! 
33,3333333% ou seja, por cada 10 cadeirões de veludo só 3 mulheres mais 1/3 de outra é que terão direito ao assento, a partir de Janeiro do ano que vem. 
Assim está bem! 
Têm de estar sentadas 3 por cada 10!
É suave e nem precisa de ser por mérito! 
Depois logo se vê...
Por não ser machista, nem conservador, o que me revolta é esta espécie de atestado de menoridade passado em pleno século XXI, às mulheres, a coberto de pretensa virtuosa capa de cidadania democrática e de defesa de direitos humanos.
A luta das mulheres pela igualdade, durante décadas, com tantas conquistas feitas, com determinação e coragem, sobre a violência e a discriminação, MERECIA MAIS QUE ISTO!.

sexta-feira, 28 de julho de 2017

ESPÉCIE DE CARTA ABERTA A SUA EXCELÊNCIA A SENHORA PROCURADORA GERAL DA REPÚBLICA


Teve Vossa Excelência o iluminado gesto de mandar proceder à publicação da lista com os nomes das vítimas de Pedrogão Grande que permitiu responder a suspeitas sobre a actuação do governo, sobre a veracidade das informações prestadas. 
Foi saudável que tal tivesse acontecido até porque permitiu ao senhor Passos Coelho ir de férias descansado, pois nunca mais se viu nem ouviu, digo eu. . 
Se me permite Vossa Excelência o atrevimento, gostaria de a felicitar pelo virtude e extrema clarividência.
Mas, sem querer importunar Vossa Excelência que deve ter imensas coisas em cima da sua imensa e douta secretária, permito-me a sua atenção para o mais humilde dos reparos. 
Então e se Vossa Excelência tratasse com igual destreza da publicação de três outras listas que julgo seria de oportuno bom senso e muito inspirador, sobretudo para certos sectores políticos que parecem tirar da desgraça alheia a vontade, direi desvergonhada, de tirar dividendos e ganhar votos, como já assinalou e bem o senhor presidente da república na entrevista que deu ao DN, a propósito.
Refiro-me no caso às listas das vítimas:
- dos casos de legionella de Vila Franca de Xira, em 2014 que viram as suas vidas ceifadas e outras interrompidas de forma abrupta, sustento de famílias sem direito a qualquer indemnização; por onde andam os então ministros?
- sobre os casos de suicídios verificados durante os anos de 2012, 2013 e 2014 que foram comprovada e directamente relacionados com os 'roubos' perpetrados pelo anterior governo aos salários e pensões de milhões de cidadãos mandando-os para a pobreza extrema e deixando-os sem possibilidade de solverem dívidas e honrarem compromissos depois de muitos se terem endividado para ajudar filhos e netos ainda mais desesperados, sem trabalho e sem futuro;
-sobre os casos ocorridos com os nove mortos dos incêndios que só em Agosto de 2013 de resultaram na maior área florestal ardida desde 2005 e cerca de 208,9 milhões de euros de prejuízos. por onde andam os então ministros?
Muito provavelmente ficaríamos todos confrontados com este extraordinário paradoxo: os então ministros são,afinal os que agora, sentados nas bancadas da oposição, tão indignados exigem a queda de cabeças do governo e do próprio governo.
Fico à espera que possa Vossa Excelência iluminadamente prestar à oposição este enorme serviço que seria o de a por à frente do espelho da sua própria vergonha.
Tenha Vossa Excelência um excelente dia que é o que eu costumo dizer quando me despeço dos meus amigos.
Respeitosamente,
Mário Jorge Santos. .

sexta-feira, 21 de julho de 2017

COMO NÃO HÁ UMA SEM DUAS


AQUI ESTOU DE NOVO para fazer esta crónica acerca do dia de ontem e de hoje pois agora já estou na Praia Grande em casa do tio Pêras e da tia Fátima e com o Pedro Afonso que é o neto do tio Pêras. O tio Pêras tem barbicha branca chama-se Rogério e não é bem meu tio mas é como se fosse e eu gosto muito de estar aqui em mais uns dias de férias.
Ontem ainda estava de manhã em Odivelas mas depois do pequeno almoço fui com os avós visitar a minha tia Fina que se chama Josefina e as minhas primas Filipa e Iara que estão a passar uns tempos em Santa Cruz e foi um dia muito divertido com elas. 
A minha prima Iara tem uma gatinha que se chama Mel e que é muito arisca e pequenina. Almoçamos por lá, em casa delas, e depois fomos dar uma volta pela praia e também pelas ruas e fomos a uma espécie de farol ver o mar que tem ondas muitos altas e é preciso ter cuidado quando se toma banho. 
Só não tomamos banho porque estava vento e frio e o mar também estava muito bravo mas à tarde a minha avó deu-me um vestido da Lanidor que estava em promoções e assim ficou mais barato. Mas é muito giro. Hoje até já fui almoçar com ele. 
Depois de despedirmos das minhas primas e da minha tia viemos de carro para a Praia Grande que é perto de Sintra e hoje de manhã fomos com o Pedro Afonso que foi comprar uma bola nova de basket à Decathlon porque a que ele tinha estava furada e já não saltava nada e depois fomos almoçar a um restaurante muito grande que há na Terrugem e que se chama Capador e estava cheio de gente. 
Nós ficamos numa mesa que parecia que estava lá à nossa espera e comemos todos o mesmo. Pregos no prato com ovo e umas batatas fritas aos palitos. Eu e o Pedro Afonso ainda tivemos direito a sobremesa que foi pudim porque o leite creme não era queimado e a minha avó disse logo que assim não era leite creme. Estava tudo muito bom.
Depois viemos de novo e enquanto se prepara o jantar vim escrever a cronica porque o meu avô está muito mandrião e diz-me que depois vem ver se está tudo bem mas eu já sei que ele só vem ajudar-me a por as fotografias e depois diz logo que posso publicar. 
Bem agora vou jogar um bocadinho com o Pedro Afonso e a sua bola nova até ao jantar e como diz o meu avô tenham todos uma excelente tarde. Beijinhos. .

domingo, 16 de julho de 2017

A CRONICA DA MINHA NETA ISIS.

LOGO DE MANHÃ, A ÍSIS DISSE-ME: "Avô, hoje sou eu que escrevo a crónica, pode ser?" 
E, eu claro respondi: "Vamos a isso!" 
Eis o que deu:

BOAS TARDES A TODOS,
Ontem fui a Ayamonte com os meus avós e a minha prima Leonor e fomos a uma sapataria dos Hermanos Lopez e a minha prima ofereceu-me uns sapatos com coisas brilhantes e pretos que eu estreei logo e o meu avô também estreou os seus sapatos novos que são azuis escuros e a minha avó disse que os sapatos vermelhos que eram para o meu avô ficavam para o meu pai. A minha prima Leonor também se fartou de comprar sapatos para ela com brilhantes muito bonitos. 
Depois fomos à la Gran Plaza onde almoçamos na cervejaria e comemos Montaditos de frango e de batatas e eu comi um hot dog com ket chup e tudo, só bebemos água fresca pois estava muito calor e o meu avô é que bebeu uma cerveja que na Espanha se chama canha, como ele pediu à menina que estava ao balcão que só falava espanhol que eu não percebi nada.
Depois fomos todos à Mercadona que é um supermercado assim como o pingo doce mas mais pequeno do que existe no Strada, ao pé da minha casa em Odivelas. A avó Ita e a prima Leonor andaram por lá a comprar uma data de coisas e eu tive um chocolate que depois viemos todos a comer pelo caminho mas como estava muito calor, ia derretendo todo e até tivemos de chupar os dedos. Então o meu avô foi por gasolina mais barata e depois voltamos para o jantar.
Hoje fomos à praia de manhã e à piscina à tarde e a água estava muito boa, quentinha e na praia com ondas muito boas que o minha prima Leonor e o meu avô diz que se chama levante. À tarde, na piscina houve um festival com papagaios e araras que fazem muitas habilidades e até sabem fazer contas de somar e tocam a uma campaínha para darem a solução das contas porque não sabem falar. Também andam de triciclo e jogam futebol. São muito espertos! 
Eu tirei uma foto com o Jimmy e com a Fáfá que é o branco.
E, agora tenho de ir jantar. Gostei muito de dizer isto tudo. 
O meu avô esteve por aqui a dar uma ajudinha de vez em quando e disse-me para eu me despedir e eu digo, então, muitos beijinhos para todos.

terça-feira, 4 de julho de 2017

UMA ESPÉCIE DE CARTA ABERTA

UMA ESPÉCIE DE CARTA ABERTA À EXMA SRA
Maria da ASSUNÇÃO Oliveira CRISTAS Machado da Graça,
Esta manhã quando a ouvi apelar ao senhor primeiro ministro para vir numa pressa das Baleares, segundo julgo saber que é lá que foi molhar os pezinhos, V. Exa bem podia ter tido um gesto, digamos, mais patriótico e ser voluntária para ajudar a sra ministra Maria CONSTANÇA Dias URBANO de SOUSA a ter aquela mesma fé de que V. Exa esteve imbuída, quando foi ministra, para que chovesse e assim fossem minimizados os danos causados pelos incêndios, com esse fervor notável e competência indesmentível que teve como resultados uma mancha florestal ardida, a maior no país, segundo dados da Pordata.
Mas V. Exa, optou por pedir a cabeça da senhora ministra da administração interna, quando devia ao espelho, decapitar-se a si própria, pela legislação que assinou sobre a liberalização do plantio do eucalipto e extinção do corpo da guarda florestal
Convenhamos que não foram grandes fezadas!
Como V. Exa não sabe, e pouco lhe importará se ficar agora a saber, nunca simpatizei muito com V. Exa nem quando estava sentadinha numa discreta fila da bancada do seu partido no Parlamento, antes de se dar ares de ministeriável e depois, de se abalançar a 'chefa' dessa espécie de bando de orfãos que ainda dá pelo nome de cêdêesse/pêpê..
Mas, confesso, hoje de manhã tive de ir a correr à casa de banho vomitar o jejum, uma vez que ainda não tinha tomado o pequeno almoço, quando a ouvi (e vi) numa reportagem do bom dia Portugal'!
É que V. Exa tem cá uma lata!
Eu sei que V. Exa anda a representar o papel 'higiénico' de uma oposição que pretende tirar dividendos das tragédias de um país que ainda sofre as chagas que a senhora e os seus colegas de governo deixaram por aí abertas com a esperança de que, à semelhança de outras ocasiões, os portugueses se tenham esquecido, como a senhora finge esquecer-se de que tiveram um governo ao qual pertenceu e que foi dos maiores predadores dos serviços públicos, saúde, educação, cultura, justiça, transportes, energia, forças armadas e policiais.
Mas por ser 'papel higiénico' aquilo que V.Exa tenta fazer é uma merda!
V. Exa ainda assim, poderá ter um gesto patriótico.
CALAR-SE!
Aceite V. Exa os protestos da minha mais profunda aversão
Os meus (não) cumprimentos
Mário Jorge Rodrigues dos Santos

sexta-feira, 30 de junho de 2017

PORQUE NÃO TE CALAS, GRILO FALANTE?


O CARPINTEIRO GEPPETTO desejou, ao ver uma estrela cadente, que o boneco que acabara de criar se tornasse no menino 'de carne e osso', desejo esse que lhe foi concedido por um 'plim' de uma Fada Azul que por sua vez noutro 'plim' pôs um GRILO FALANTE como consciência ética e moral do menino.

POR CÁ, o GRILO FALANTE não se chama Jimmy como o da história de encantar mas sim, Luís Marques Mendes que anda a servir de consciência ética e moral a um menino que também não se chama Pinóquio mas Pedro Passos Coelho.
Mas a história é, na mesma, de encantar

AGORA, O 'NOSSO' PINÓQUIO, ao que parece também com problemas de comunicação, com a 'cara de pau' que tem quis tirar partido dos pretensos 'suicídios' de Pedrogão para atacar o governo e o grilo, não estava lá para lhe dar no toutiço.
Porque para além de ninguém se ter suicidado, seria bom não mexer em assuntos tão delicados, quando houve portugueses (e não foram assim tão poucos) que foram 'suicidados' com a responsabilidade do seu governo. 

EM COMPENSAÇÃO, O QUE DIZ O GRILO? Que a ministra se deve demitir! Então porquê? Porque assinou o contrato com o siresp? Porque instituiu a Protecção Civil? Porque promulgou a lei sobre a liberalização do plantio do eucalipto? Porque acabou com o corpo dos guardas florestais? Porque deixou que o interior do país fosse desertificado? Porque meteu na gaveta o plano de ordenamento do território? Porque, declarou que o mais importante era o ataque ao incêndio e não os conflitos, que depois haveria tempo para os inquéritos e, caso houvesse razão, para as demissões? Porque deixou que o coração lhe saltasse em lágrimas, pelos olhos, no auge da tragédia?

PARECE-ME IMPORTANTE que haja um GRILO FALANTE em todas as cabeças e principalmente em algumas que depois de 'incendiarem' o país e o deixarem sob escombros ainda se permitem palpitar e tentarem tirar dividendos políticos da tragédia e do sofrimento alheio.

O QUE DETERMINADOS GRILOS têm a fazer, é saltarem dos poleiros nasais que lhes sustentam a verve, pedirem a demissão e saírem fininho pela direita baixa de um palco cuja plateia que já não lhes aguenta tanta representação.