domingo, 19 de abril de 2020

UMA COISA É UMA COISA, OUTRA COISA É OUTRA COISA

É apenas o que penso, sem me esconder atrás de frases feitas ou de mera propaganda de falsas indignações que outra coisa parece não ser mais que fomentar o ódio e espalhar uma azia que a pandemia tem vindo a por a descoberto por tudo e por nada! A verdade é que nunca ouvi falar tanto, com tanta antecedência do dia da Liberdade. Em primeiro lugar acho de enorme mau gosto e cínico puxar ao sentimento, a comparação que se tem feito com festividades da Páscoa, funerais e falta de respeito pelos mortos de Covid19 (reparem que só falam do covid19), com o sacrifício do confinamento social a que o governo obriga; antecipo o treze de Maio como a próxima fase. Marcelo, como católico que é, já veio manifestar a sua concordância com a anulação das tradicionais peregrinações e já lhe valeu publicações com cara de palhaço). Porque penso que nenhuma destas situações constitui um argumento válido? Seria verdadeira a comparação se, por imperdoável cedência (que eu próprio não entenderia), fossem permitidas as usuais manifestações e desfiles de rua e os comícios partidários que normalmente assinalam a data e que juntam dezenas de milhar de pessoas em praças e nas grandes artérias das principais cidades. Porém, tal não irá acontecer, como já foi dito e repetido! Porque não falam os detractores da comemoração do 25 de Abril também das manifestações desportivas e eventos musicais e outros semelhantes que estão proibidos ou adiados? Ou será que se seleccionaram "religião, fé, luto" para melhor levarem a "água ao moínho"?
Em segundo lugar, a Assembleia da República, goste-se ou não da sua composição actual é o órgão onde se reúnem os representantes livremente eleitos e que representam em proporção, o pensamento colectivo com as diferentes sensibilidades, muitas vezes, expressando um voto utilitário em cada eleição e em cada momento; repito, goste-se ou não, tenha-se ido votar ou não, tenha-se expressado de qualquer forma o voto, assim é a democracia para todos terem direito à voz em tal liberdade de expressão e de opinião que a todos sem excepção, deu voz mesmo aos que de forma ofensiva o fazem. Talvez estejam mais de acordo com o regime que até ao 25 de Abril prendeu, torturou e amordaçou, durante mais de 40 anos. Lamento que assim seja pois não comungo dessa opinião. Ora, após uma votação de 219 votos a favor contra 11, numa Assembleia que, repito, goste-se ou não, foi resultado de uma eleição universal (só não votou quem não quis!) que estamos a discutir? Uma comemoração com gente nas ruas a aplaudir ou a vaiar (como quiserem) tropas em parada e em desfile e na Assembleia da República os 230 deputados, mais o presidente da república, mais os 17 ministros, mais centenas de convidados espalhados no hemiciclo e nas galerias, mais as restantes centenas de funcionários públicos e assessores e secretários dos partidos ou seja, contas por alto, entre 700 a 800 pessoas????? Não! Estamos a falar de uma reunião com 1/3 dos deputados (75), mais o presidente da república e provavelmente funcionários de apoio e convidados(?) num total que não excede 120 pessoas! Com mais do que isto funciona o Parlamento diariamente e nunca ouvi nada contra, a não ser claro, tradicionais insultos sempre constantes nas bocas (do costume!) numa ligeireza grosseira universalizando convenientemente para não termos dúvidas sobre o ódio que têm à liberdade e a democracia. Sem qualquer hesitação, estou muito mais contra a forma como se expressam os contras; Ser contra é uma opinião tão respeitável como a dos que são a favor mas com seriedade e não para alimentar falsas razões e mexer em sentimentos.O que está em causa são ajuntamentos, não politiquice barata e de imenso mau gosto!