Excelentíssimo senhor ministro Cabrita,
Saiba Voscelência, não que isso lhe importe muito digo eu com os nervos, que estive a gramar a transmissão em directo da Assembleia da República para discussão e votação do pedido de implementação de novo período de estado de emergência.
E, depois dos senhores deputados dos diferentes partidos e já agora daqueles que ficaram voluntariamente sem partido mas não ficaram sem o empregozinho pois continuam voluntariamente como se nada fosse, terem botado discursos mais ou menos iguais para as razões do costume, eis que Voscelência sobe a tribuna, impante com o seu ar de despenteado mental e de homem que está ali para pegar o boi pelos cornos (perdoe-me Voscelência o linguajar por ventura atrevido, salvo seja o "ventura", chiça, dizia eu, sobe Voscelência ao palanque para nos dizer das razões do pedido do governo e sobretudo do imenso sucesso das medidas tomadas até á data.
Voscelência, sôr ministro Cabrita, perdoar-me-á o deslize, não veja má vontade na minha observação mas, hoje pareceu-me um bocadinho mais alucinado do que o costume, tanto mais que a determinada altura até pensei que Voscelência tenha andado estes últimos meses na China ou coisa que o valha.
É que sôr ministro Cabrita, Voscelência acha que nós os portugueses andam a portar-se tão bem mas tão bem que em dez milhões ter mais de quatro mil infectados diariamente e andar acima das oitenta mortes é bom sinal? Ou será que Voscelência quis dizer que andamos a testar menos??????????
E é sobretudo um sinal muito positivo as forças de segurança terem apenas identificado e detido sessenta cidadãos que andavam a passear sem o cão a altas horas?
E que é um excelente sinal o "erre" não sei das quantas estar abaixo de um porque assim só o Macron é que infecta o Costa, no estrangeiro e por cá um infectado só consegue infectar zero vírgula nove de outra pessoa?
E que é um maravilhoso sucesso do governo durante a emergência ter integrado - seja lá o que isso queira dizer - mais de duzentos mil imigrantes e que até só temos a relatar uma morte, numa sala de aeroporto, de um imigrante e nem sequer foi de covid? Se calhar foi de excesso de integração?
E que vai continuar a ser um sucesso estas medidas de uma "democrática emergência" em que ninguém sabe muito bem o que se pode e o que não se pode fazer, a uma semana da tal noite natalícia que está aí mesmo ao virar da esquina?
E, sobretudo Voscelência acha um êxito extravagante este "lavar de mãos" sobre o que se está a passar realmente no país que agora olha para a vacina e para a bazuca com a esperança de que nem as vacinas falhem a esperança nem os morteiros da bazuca falhem os alvos.
PORQUE SÔR CABRITA - e desculpe-me os gritos mas é para chamar a atenção de Voscelência, MAIS PARECIA O MINISTRO DA PROPAGANDA QUE UM MEMBRO DE UM GOVERNO QUE SABE O QUE ANDA A FAZER COM A PANDEMIA E QUE ENQUANTO A EUROPA SE FECHA, O SÔR VEM PARA AQUI DIZER QUE ISTO É DEMOCRÁTICO E NO RESPEITO PELA LIBERDADE É PRECISO É SERMOS RESPONSÁVEIS!!!
O sôr Costa também se fartou de apelar à responsabilidade e foi contaminar-se a França? Que azar! Que merda! Assim até eu posso infectar-me a tomar uma bica e a comer um croquete no café aqui de fronte... e sempre com a maior das responsabilidades!
Tenha Voscelência um exponencial dia e cuide-se!
E aceite os meus protestos cumprimentalícios para um excelente Natal e um próspero Ano Novo.