Entre um céu imaginado de estrelas
e um chão à espera de um Sol que não vem
há toda uma noite por fazer.
O vento corre, apertado e liso, entre casas suspensas em telhados altos que parece desabarem na viela. A roupa estendida pelas varandas nas cordas dos varais como bandeiras abraçadas, num ruído de velas ao vento.
A porta de postigo verde e o degrau onde te sentavas nos fins de tarde, à minha espera. Mal eu punha o pé no último degrau, corrias ao meu encontro com um sorriso que se confundia com os malmequeres do vestido e na vertigem de uma volta, rodopiávamos abraçados, assim como nos finais daqueles filmes onde haja um largo e um par de amantes apaixonados.
Já passaram tantos anos...
O vento continua a correr mas já não estás para me abraçar e, eu só te consigo ver se cerrar os olhos.