domingo, 24 de abril de 2022

CADERNOS DA ILHA - 3

 Algumas vezes não existe próxima vez porque algumas vezes é a vez do agora ou nunca!

A sua vida tinha sido uma história de procura.
Viveu, durante muito tempo, a vida do mundo e dos prazeres mas sem lhes pertencer. os anos de juventude passaram demasiado depressa imersos numa prosperidade que só os sentidos satisfazia, mas não ao coração.
Olhou para o rio, lá em baixo na base da escarpa onde se despenhava a queda de água e, nunca aquela água lhe pareceu tão clara, tão límpida, tão capaz de lhe lavar até a alma e libertá-la daquele corpo do qual só mantinha recordações funestas, sem qualquer ânimo. Parecia que o rio tinha algo especial para lhe dizer, coisa que ela ainda não sabia mas que esperava por ela. Tantas vezes ali estivera e nunca, como agora, tivera aquela sensação de um arrepio suave e quente.
Olhou ainda uma vez mais em volta e foi então que saltou do penedo...