domingo, 24 de abril de 2022

CADERNOS DA ILHA - 6

 É o silêncio da noite que amplia os sons da noite.

A música, oiço-a ao longe, translúcida e leve e há, tenho a certeza, um violino que chora sons hesitantes, unidos numa espécie de lamúria.
De quando em quando, interrompe-se num silêncio breve talvez seja a negrura da noite que lhe magoa a melodia, lhe fere a fúria, desconcerta a consonância. Talvez seja a lua quase nova, num estertor minguante que não abre caminhos de prata nas águas da baía ou estrelas vagabundas escondidas nas nuvens que não sustentem o sonho, seja por um instante.
Por tudo isto ou por outra razão qualquer amanhã, quando nascer uma nova claridade talvez o violino se alegre, se ainda lá estiver!
E me rasgue esta saudade...