terça-feira, 2 de novembro de 2021

UMA VELOCIDADE À MINISTRO

A avaliar pelo que tenho ultimamente "ouvisto" frequentemente com a frequente frequência dos frequentes noticiários das televisões quando começam a ter, para além da imagem e do som, um cheiro a esturro, a SIC depois de enfeitar a reportagem da equipa da Conceição Lino com a fragância pedagógica do perigo dos excessos de velocidade, levado ao ponto de explicar a diferença que existe entre as capacidades de travagem de um Ferrari (porquê um Ferrari?) e Renault Clio da frota SIC reportagem vendida como "caderno extra" que se compra agrafado ao jornal traz a público "a velocidade à ministro"!

"Velocidade à ministro" já existe desde que há governos como este e muitos outros antes que acham que ministro só é ministro se tiver ao seu dispor "bomba" de 250 cavalos ou mais topo de gama de marca de topo. por isso qual a novidade?
Faltava o ingrediente que faz a comunicação social saltar à velocidade do instantâneo, que vende durante várias semanas: a tragédia!!!
Ora, a tragédia aconteceu com a morte de um trabalhador que era o chefe da equipa de empresa subcontratada para proceder à limpeza de bermas da A2. À tragédia associou-se o escândalo: o veículo causador do acidente é o BMW não sei quantos do ministro Cabrita já de si mal visto, apanhado em gafes e confusões.
Não posso opinar sobre mais nada pois desconheço o resto e também não estou a avaliar nada do que está (ou não está) a ser feito porque já me habituei a que o "segredo de justiça" é assim uma coisa que só é e não é segredo sempre que a justiça se mete em apuros para fazer o que lhe compete. Justiça! Oxalá não seja o caso.
Mas... o que pretende a SIC para além da notícia, ter jornalistas atrás de ministros em excesso de velocidade para provar que andam em excesso de velocidade? Ter jornalistas em carros descaracterizados a cento e muitos em estradas com limites de noventa? Ou a cento e oitentas e mais em auto estradas? Jornalistas? Em carros descaracterizados? Não serão mais perigosos que os próprios ministros?
Mas... o que pretende a SIC dando à opinião pública, pelos vistos com sucesso, a aparência de que só há prevaricadores agora chegando ao pormenor de contar o tempo em que um ministro esteve a almoçar e de outro que quebrou a promessa por vinte quilómetros?
Depois isto desaparece logo que a opinião pública for desviada para outro acontecimento nem que seja o golo marcado no jogo tal pelo ponta de lança tal que até tinha a unha do dedo grande do pé direito encravada de modo que nada melhor que passar a reportagem para perguntar à unha do pé como se sentiu, dolorosamente em contacto com a biqueira da bota e depois a dor insuportável quando o cérebro do jogador lhe comandou o chuto.
Ai SIC, SIC..... a vida "costa"!!!

sexta-feira, 27 de agosto de 2021

PENSO LOGO ESCREVO

 Li já não sei onde, que amadurecemos mais com o passar dos (d)anos.

Estranhando, achei graça á ideia daquele "dê" entre os parêntesis como se de uma equação matemática se tratasse. E, fez-me reflectir.
Aprendemos mais com os danos que com os anos?
Provavelmente sim...
Por isso, amadurecer não tem tempo marcado. Uns aprendem primeiro, outros só mais tarde, alguns nunca! Mas, é a saber ler os danos que nos ganhamos a resiliência precisa para continuar e não repetir os mesmos erros ou, pelo menos tentar não o fazer.
E, é nessa disponibilidade da razão, voz da experiência, que nesta vida de laboratório vamos estando, em cada passo que damos no presente, iluminado por um passado professor, olhando sempre em frente como se o futuro não tivesse aquele momento previsível, de imprevisibilidade, onde tudo acaba.
Amadurecer sem envelhecer é arte caprichosa que é preciso saber levar até ao fim das nossas vidas, embora poucos de nós consigam fazê-lo.
Até porque na vida, todos temos

Um sonho inalcançável
Um erro miserável
Um arrependimento indisfarçável
Um remorso irreversível
Um momento imprevisível
Uma decisão inimaginável
Uma opinião indesmentível
Uma acção inexplicável
Um segredo inconfessável
Um pensamento inexpugnável
Uma relação apetecível
Um amor indivisível
Uma paixão inesquecível.

quarta-feira, 18 de agosto de 2021

QUANDO O PASSADO SALTA DUMA GAVETA


Na praia a segurar os calções por baixo (não faço ideia porque não os segurava por cima) panamá na cabeça quando suportava panamá (hoje, se experimento algum, fujo aterrorizado mesmo sem me ver ao espelho); sentado ao lado do Paulinho que não faço ideia quem seja mas pode ser que o Paulinho tenha uma igual a esta e saiba quem eu sou (se a minha fosse viva certamente saberia foi quem identificou a foto); a passear com o meu pai num fim de tarde e talvez, a inspiradora para a decisão da viagem para a Ilha. Eu na jardinagem (coisas do meu subconsciente).


Por cá, a noite está serena e fria. Ouve-se o mar nas arribas e um céu de estrelas que cintilam indiferentes ao Verão que nos deixa desconsolado aqui em baixo. Amanhã, segundo as previsões para Colares, o tempo permanecerá assim... um Verão à espera de ser Verão!

segunda-feira, 2 de agosto de 2021

PARVOEIRAS E MAIS QUALQUER COISA

 

Acordei muito cedo, a ouvir a chuva a bater, com uma desavergonhada insistência na claraboia do quarto e pensei (o que é raro) que deve ser conspiração de deuses para nos tramarem selectivamente, agora uns, logo outros, amanhã todos.
Assim vamos levando, aqui e ali, com tempestades extremas, chuvadas, enxurradas e inundações catastróficas, abalos e "tsunamis", incêndios infernais, ventos e tornados devastadores, tudo ao desbarato, sem pés nem cabeça, a maior parte fora de época, fora do sítio, estupidamente sem aviso prévio nem nenhum nexo. Mas que é isto? Está tudo doido?
Incapaz de permanecer deitado após este choque de neurónios sobre o tempo que faz, resolvi que talvez fosse avisado consultar o oráculo já que profetas meteorológicos dos satélites que giram lá pelos céus, não acertam em quase nada. Cheguei à conclusão que os deuses sabotaram os ditos cujos e agora as informações enganadoras para os tais profetas meteorológicos são tão mentirosas, como as aplicações mirabolantes de smartphones preveem a dez e mais dias. Não me façam rir!
Alguém me disse que para ir ao oráculo é recomendado ir em jejum pois isto de se falar com deuses tem o que se lhe diga e a penitência ainda parece ser o melhor para estas consultas mais elevadas.
Ah! Claro. O comprimido ibesartan 300mg hidroclorotiazida, 12,5 mg para manter a tensão arterial regulada não é quebrar jejum porque isto de falar com deuses é coisa séria e a tensão grande e eu já tomo todas as manhãs mesmo que não fale com ninguém. O que também é raro!
Eu bem sei que não é a primeira vez nas mitológicas devoções que a Humanidade, farta de divindades que perdem o controlo na sua missão de governarem esta complexa teia de astros e se tornam vingativas e sanguinolentas, resolve mudar tudo substituindo deuses e oráculos, cultos e devoções, etc. Mas, lá fui ao oráculo apareceram uns deuses de que não estava nada à espera.
Apresentaram-se-me, por esta ordem, Mercúrio deus romano da luz e da eloquência; Sofrósina deusa grega da moderação e da temperança; Aglaia deusa assíria da claridade); Taramis deus celta da chuva; Seth deus egípcio das catástrofes; Azuristchwei deus maia da tempestade; Éolo deus grego do vento. Fiquei siderado!
-Mas o que vem a ser isto? questionei o oráculo. Então venho tentar saber explicações para o que se está a passar e, apesar de ver aqui uns deuses moderados, não me aparece nenhum que me dê explicações sobre bom tempo, tudo azul, tudo verde, tudo cheio de luz dourada, enfim algo que me cheire a VERÃO!!!???
Foi Mercúrio parecia o mais graduado quem falou com voz de trovão:
- TEMOS PENA! MAS BALBER, O NOSSO COMPANHEIRO NÓRDICO QUE GERIA O VERÃO, COM ALGUMA EFICÁCIA, MORREU.
Embasbaquei de vez:
- Morreu? Mas, como é que isso é possível?
Voltou o trovão:
- QUERO DIZER. FOI ASSASSINADO! FORAM VOCÊS QUE O FORAM ENVENENANDO AO LONGO DOS TEMPOS.
Revoltei-me:
- Se soubesse não tinha vindo... isto é uma acusação? Então agora os deuses também são finitos?
Imperial e mal encarado:
- NÃO TEMOS MAIS NADA A DIZER-TE, Ó INFELIZ! AGORA AGUENTA.
Fechou-se a nuvem com um estrondo e acordei sobressaltado.
Afinal tinha estado a sonhar, a pensar que estava acordado?
A chuva a bater, com uma desavergonhada insistência na claraboia do quarto e eu ali meio sentado na cama a digerir o sonho/pesadelo.
O que é isto? Acusados de matar o escandinavo deus do Verão bastou para tanta perturbação? AH! Não brinquem comigo.
Afinal, nós andamos há décadas a estragar o cenário porquê? Porque os deuses permitiram que o estragássemos e agora castigam-nos? Isto, está a fazer recordar-me a história daquela mãe que deixou marmelada e bolachas à mão de semear e depois, zumba, uma chinelada no rabo da filharada porque se lambuzou toda ... oh deuses!
Uff... o que me havia de acontecer.
Até mais logo! Vou ver se chove...

sábado, 24 de julho de 2021

A FÉ DOS HOMENS

 

Há algo de estranho neste éter pejado de deuses, desde que o homem é homem.

Huitzilopochtli, Tezcatlipoca e Xipe-Totec, a trindade Azteca adorada por supostamente proteger a vida dos seus súbditos está zangada?

Osíris, Ísis e Hórus, há mais de três milénios presentes, viraram-nos as costas?

O deus babilónico Marduk ou os fenícios Baal e Melcart que geriam a vida e a morte nas duas grandes cidades de Sído e Tiro ou será o assírio Assur que resolverou regressar para punir os povos.

Ou talvez o gigante taoista Panghu, de onde saímos, parasitas de um corpo há mais de cinco mil anos, que se cansou de ser hospedeiro de vermes peçonhentos, como nós?

Ou foram Tzansmi e Tzanagui os deuses nipónicos da criação que expulsaram Amaterasu, deus da claridade e da razão, condenando o mundo às trevas?

Será Tuatha Dé Danann, a deusa Celta tão alegre que só quer dançar "sapateado" no grupo dos seus dançarinos se desencantou e nos corre à biqueirada?

Talvez a tríade galesa, Trioedd, Ynys e Prydein, de fama tão imaculada na protecção das verdejantes ilhas que se cansou.

Estava a esquecer-me dos nórdicos perante os seus poderosos Thor (deus do trovão), Odin (deus da guerra) e Hel (deusa dos gelos), Njord (protector dos viajantes e navegadores) ou a deusa de Niflheim, a figura de feições sombrias viva da cintura para cima e morta da cintura para baixo que guarda a terra dos mortos. Serão estes responsáveis pelo caos?

Uma guerra qualquer no Olimpo de que nós insignificantes mortais só percebemos pelos sinais de certa violência doméstica que se ouve cá em baixo. Zeus (o grande senhor do Universo), Poseidon (dos mares e das águas), Ares (filho de Zeus e deus da guerra), Apolo (deus do Sol e da beleza) ou Hermes (o mensageiro) que não se entendem? 

Ou serão Júpiter e Marte, numa inevitável discussão que Minerva (deusa da inteligência e sabedoria) e Juno (rainha do céu, esposa de Júpiter) não conseguem aplacar?

Ou será que Brahma o deus criador do cosmos e todos os seres vivos, primeiro da Trindade Hindu está de candeias às avessas com os seus dois pares na trindade, Vishnu o deus da preservação e Shiva, o oposto deus da morte e da destruição e Shiva está a ganhar?

Talvez esteja a misturar demasiado as coisas porque de há dois mil anos a esta parte a alguém se lembrou que afinal muitos deuses geram confusão e seria preferível dar lugar a um único Deus, Senhor dos Céus e da Terra; já havia um, Jeová deus hebreu que ganhara fana de vingativo e castigador, pois então havia que mudar e foi um achado dar-lhe uma face de pai protector, benevolente e redentor, o que parece ter surtido efeito, pois ganhou rapidamente adeptos e tanto que cerca de quinhentos e setenta anos depois, descobrisse Alá, que para árabes e muitos outros povos orientais e africanos foi sendo uma espécie de "irmão" oriental do Deus dos ocidentes. 

E aqui chegados, defrontamo-nos com uma realidade "nascida" no mesmo sítio e com tanta coisa parecida que haverá quem julgue que tudo poderia ficar mais harmonioso.

Pura ilusão!


Mas, afinal, no meio de todas estas guerras um pouco por todo o lado, pelo meio de todos os desastres climáticos e catástrofes que aniquilam os mais fracos entre nós, ao empurrão de pandemias, epidemias, pestes e outras calamidades que matam milhões e milhões todos os anos, por entre muitas e muitas outras coisas que acontecem entre nós, cada vez com mais frequência e com mais violência.

Pobres terráqueos abandonados à (pouca) sorte de seres simplesmente mortais, apenas "topos de gama" de uma cadeia com muitos milhares de milhões de anos de espécies de onde viemos e agora nos julgamos arrogantemente mais evoluídos, mais inteligentes, mais poderosos, e mais tão tudo que somos capazes de destruir os outros todos que nos acompanham e "at the end" de nos destruirmos a nós próprios.

O que é manifestamente frustrante!


sábado, 17 de julho de 2021

COMPREENDER É A EVOLUÇÃO DA FÉ DOS HOMENS

 

Porque razão o homem imagina deuses imateriais se depois sente necessidade de lhes dar uma forma humana? Será que a imaterialidade é insuficiente perante o materialismo do homem? 

Quem são os nossos deuses? 

como Steinbeck em "A Um Deus Desconhecido"? ou Sartre no seu "Freud, Além da Alma" ou talvez o matemático Russell em "Porque não sou cristão" ou "O Despertar dos Mágicos" de Louis Pawells e Jacques Berger (o primeiro livro que li por volta dos meus 15 anos ) despertou interrogações e questões cuja resposta nunca encontrei no lado da fé. 

Cito estes que têm influência naquilo que penso há muitos anos. 

Não me fazendo depender da existência de deuses (falo no plural por não conseguir definir um) não é importante se existam desta ou doutra maneira ou nem sequer existam mas julgo que a ciência e a religião sempre foram contraditórias e paradoxalmente, complementares. mas para assim pensar, terei sempre que juntar "religiões" a "filosofias de vida" que precisam da ciência para serem "compreendidas". 

A MALDIÇÃO DOS SUBMARINOS ALEMÃES


Quando foram vendidos submarinos alemães a Portugal, à Grécia e à Coreia do Sul, as evidências de corrupção incomodaram a agenda política de cada país e, nos casos mais afortunados, chegaram à barra dos tribunais. Entre nós foi decidido arquivar o caso, bastou que na Alemanha houvesse quem fosse condenado por corromper autoridades portuguesas, era escusado incomodar os outros beneficiários do esquema. Agora, a maldição dos submarinos alemães volta a assombrar a Europa, com a venda de seis unidades de Tipo 214 à Turquia. O negócio já tinha sido assinado há uma dúzia de anos, mas o primeiro submarino chega brevemente e o governo da Grécia reagiu violentamente, pedindo um embargo de venda de armas ao seu rival estratégico, o que foi liminarmente recusado. O contrato vale cerca de um quinto do total das exportações de armas alemães numa década, é uma razão forte. E, como a Grécia compra aviões franceses e duplica este ano os gastos militares (mas ainda assim são metade dos da Turquia), o negócio é bom para muitas potências.

O governo turco sabe que dispõe de carta branca, Merkel protege a venda de submarinos. Além disso, Erdogan até pode comprar ao mesmo tempo armas à Rússia mas, como faz parte da Nato e constitui a sua frente no leste do Mediterrâneo, e para lá é terra incógnita depois da derrota da aliança no Afeganistão, é inimputável. Bem pode ameaçar, que até é pago para isso. A UE já desembolsou seis mil milhões de euros pela contenção de refugiados e, na cimeira que devia ter discutido o embargo de armas, decidiu reforçar a dotação para Erdogan em mais três mil milhões. O presidente turco faz o que quer, a Alemanha fica com uma parte do lucro, tudo corre bem. A Nato aguenta a guerra intestina entre pretensos aliados, a Síria sofre as incursões turcas, Chipre continua dividido, o que é disto é vida anormal?

(Francisco Louçã in "Expresso")

sexta-feira, 2 de abril de 2021

HISTÓRIA DAS HISTÓRIAS DA PÁSCOA


Para a fixação da data e da lei canónica que definiria a celebração da Páscoa foi necessário esperar pelo ano 325 DC e pelo Concílio de Niceia, onde bispos cristãos das várias dioceses, comunhões e tendências se reuniram na cidade com o mesmo nome (atualmente Isnik) na Turquia, sob a presidência pelo Imperador Romano do Oriente, Constantino I que se encarregou de toda a organização e protecção. 

Como representação de toda a cristandade, acolheu bispos das dioceses, várias comunhões e tendências tendo sido Ósio, bispo de Córdoba encarregue da promulgação das deliberações que deliberaram, também, sobre a necessidade de ficar resolvida a questão cristológica da natureza divina de Jesus de Nazaré e da sua relação com Deus Pai que, tem como se sabe, uma especial relevância durante o período pascal.

Dito isto, vamos perceber o como e porquê desta quadra, das mais importantes festividades da Igreja Católica, ter sido datada e adaptada em relação a tantas outras manifestações com raízes, fundamentalmente pagãs.

A palavra “páscoa” no português deriva dos respectivos termos das três línguas: “Pessach”, no hebraico, “Pascha”, no latim, e “Paskha”, no grego.

A Páscoa judaica ou “Pessach” que significa “passagem” no hebraico, tem um significado totalmente diferente da páscoa cristã, pois comemora o fim da escravidão do povo hebreu, no Egipto e é sempre celebrada próximo ao período em que se inicia o equinócio e deve ser  conforme o determinado no salmo Exodus 12 que inclui a ordem expressa de Jeová a Moisés e menciona a passagem do Anjo da Morte, pelo Egipto, durante a oitava praga também responsável pela dizimação de todos os primogénitos egípcios, incluindo o filho do Faraó Ramsés III.

A Páscoa cristã, apesar da "colagem" no tempo (é celebrada sempre ma primeira sexta feira de lua cheia, seguinte ao equinócio da primavera no hemisfério norte) e na terminologia da comemoração judaica, o sentido é diferente, pois refere a crucificação, morte e ressurreição de Cristo, tornado um dos pilares da fé cristã, enviado por Deus com a missão de se oferecer em sacrifício para salvar a humanidade dos pecados. Após ter sido crucificado e morto, ressuscitou após três dias. 

Todos esses eventos teriam supostamente ocorrido durante a realização da Páscoa Judaica, comemorada durante uma semana, criando-se assim um conveniente paralelismo entre estas duas comemorações.

A Páscoa cristã encerra o período da Quaresma, que é marcado por jejuns e no qual muitos fazem promessas e a tal última semana conhecida como Semana Santa inicia-se com o Domingo de Ramos, que é supostamente a entrada triunfal de Cristo em Jerusalém e nos dias finais, a última ceia, que aconteceu na Quinta-feira Santa; a crucificação e morte de Cristo acontece na Sexta-feira Santa, e a ressurreição de Cristo aconteceu no Domingo de Páscoa.

Além da tradição judaico-cristã, a Páscoa agregou elementos de culturas pagãs, sobretudo, a partir da cristianização de povos germânicos europeus. No caso da Páscoa, historiadores estabelecem a conexão com o culto a uma deusa germânica chamada Eostern (ou Ostara), uma vez que em alemão e inglês, Páscoa diz-se Ostern (semelhante a Ostara) e em inglês, o termo é Easter (semelhante a Eostern). Durante o equinócio da primavera, ou seja, próximo da época em que os cristãos comemoravam a Páscoa, os povos germânicos realizavam festividades em homenagem à deusa Eostern, o que criou um paralelo entre as comemorações nessas localidades do hemisfério norte.

Outros símbolos da Páscoa – o coelho e os ovos – são atribuídos a influências pagãs. Acredita-se que coelhos e ovos eram tradicionais símbolos que representavam a fertilidade para diferentes povos e, à medida que foram sendo cristianizados, esses símbolos foram sendo agregados à comemoração cristã.


terça-feira, 9 de março de 2021

ACABOU JOÃO! VOU-ME EMBORA.

Ouviu a porta bater, permaneceu imóvel, sentado à mesa, um silêncio de olhar parado na parede do fundo, a mão esquerda a segurar um pedaço de papel da despedida, a outra a arrepanhar a toalha amarela com barras azuis. Acabaria com raízes naquele lugar, tronco seco, pés de raízes, num inverno permanente.

(Acabou, João. Vou-me embora!)
A voz dela era calma e suave. Ali, de pé, na ombreira da porta, com o vestido azul curto de alças que ele lhe oferecera. Há quantos anos? Quando chegou, apanhou-a de mala de viagem. Viagem sem volta. Ouviu-a como se estivesse debaixo de água, na turbulência engasgada de censuras, desgostos, traições, queixas. Um amor que se tinha apagado como se apaga uma ilusão.
(Acabou, João. Vou-me embora!)
O filho que ela teve no ventre, durante três meses e que perdeu quando caiu pelas escadas no dia dos seus trinta anos. Um lanço inteiro de degraus até chegar ao patamar com uma clavícula esmagada e uma poça de sangue a manchar-lhe as coxas, o vestido e o chão à sua volta. Ninguém soube que ele a tinha empurrado. Uma violência com nome de crime como noutras noites que lhe bateu deixando-a com nódoas negras no corpo e na alma.
(Acabou, João. Vou-me embora!)
Sem razão. Sem nada. Namorado já era assim. Tão depressa gentil e amoroso como num repente se transformava num vendaval soltando todos os demónios que tinha dentro de si. Ela calava mágoas e revoltas em choros solitários. Ele parecia redobrar a violência.
(Acabou, João. Vou-me embora!)
Finalmente achou a coragem nas dores de outras mulheres que como ela tinham tido a coragem de se libertar. A sua melhor amiga, que ficara solteira e vivia só foi o farol que lhe deu caminho. E, agora que lhe retribuía na carne os espinhos da vida que ele lhe dera, sentia um estranho prazer. Tinham passado anos demais. Anos a mais.
(Acabou, João. Vou-me embora!)
Terminou sem uma lágrima. Sem comoção. Ainda pareceu esperar um pouco, tentando adivinhar uma reacção. Mas ele permaneceu debaixo de água onde os ecos das palavras lhe chegavam distorcidos. Sempre se recusara a admitir tal desfecho. E, agora, era ele que ficava só. A sua mulher desprezava-o. Ela teve um sorriso amargo. Sabia que ele era demasiado arrogante para um arrependimento. Um pedido de desculpa que fosse. Ela tinha dito praticamente tudo. Deixava-lhe o papel como quem deixa um lenço branco á despedida.
(Acabou, João. Vou-me embora!)
Aquele tique meio nervoso com o ombro a evitar o escorregar da alça do vestido. Pegou na carteira vermelha que ele achava horrível. Hesitou ainda. Um beijo? Que beijo? Deu meia volta. Ele ficou parado no tempo, a arrepanhar as barras azuis da toalha amarela, o papel com frases engasgadas de censuras, desgostos, traições, queixas, um amor que se apagara como se apaga uma ilusão.
(Acabou, João. Vou-me embora!)
Ficou a ouvir os passos dela a afastarem-se pelo corredor até que a porta se abriu e segundos depois voltou a fechar-se com um estranho silêncio. Ela desceu a escada arrastando o peso da mala e o peso dos anos mas, de repente, a mala pareceu-lhe leve, tão leve que parecia voar atrás de si, passeio fora, rua abaixo. Um último olhar. A luz da sala ainda acesa e a janela meio aberta. E voava já rumo a um dia novo. Rua abaixo...
(Acabou, João. Fui-me embora!)

domingo, 21 de fevereiro de 2021

PRAGAS, PANDEMIAS E EPIDEMIAS DE TODOS OS TEMPOS


 

Peste de Atenas - 430 A.C. (ou Praga de Atenas) terá vitimado dois terços da população daquela cidade estado grega e terá sido uma epidemia de Febre Tifoide, causada por uma 'salmonela'

Peste Antonina - 165-180 (ou Peste Galeno) teve início no período em que o Império Romano estava no auge e o imperador era Marco Aurélio, pertencente à linhagem dos antoninos. A versão, mais comum, da etiologia tem relação com o abastecimento alimentício da região em que o Egipto era o principal fornecedor de sementes do Império Romano. O consenso médico indica que se tratava, na verdade, de uma epidemia de varíola hemorrágica cujos sintomas eram sede excessiva, repulsa por qualquer tipo de alimento, cansaço, delírios e edemas pulmonares.

Praga de Justiniano - 541-544 Justiniano I era o imperador bizantino. A praga foi transmitida por pulgas de ratos infetados pela bactéria Yersinia pestis (Peste Bubónica) teria origem no Egipto, passou pelo Médio Oriente Médio até chegar a Constantinopla, capital do Império Bizantino. A sintomatologia era de febres, pústulas e tumores na pele, delírios, bolhas negras do tamanho de grãos espalhadas pelo corpo e, na fase final, o vómito de sangue. A causa acabou atribuída a um castigo divino que terá causado cerca de cinco milhões de mortos!

Epidemia de Varíola Japonesa - 735-737 atingiu o Japão e matou 1/3 de toda a população japonesa; teve repercussões sociais, económicas e religiosas, significativas, em todo o país que se prolongaram pelos séculos seguintes. Mas a doença atormentou a humanidade por mais de 3 mil anos desde o tempo de Ramsés II no Antigo Egipto, passando por rainha Mary II de Inglaterra e Luís XV da França que tiveram a temida “bexiga”, o vírus Orthopoxvírus variolae era transmitido de pessoa para pessoa, pelas vias respiratórias. Erupções na garganta, na boca e no rosto. A Varíola só acabou em todo o mundo em 1980, após campanhas de vacinação em massa que duraram 10 anos.

Pandemia da Peste Bubónica – 1333… 1800 A doença é considerada, historicamente, a causadora da Peste Negra, que assolou a Europa no século XIV matando entre 75 e 130 milhões pessoas na Europa e Oriente. No total, a praga pode ter reduzido a população mundial de 450 milhões de pessoas para menos de 350 milhões. Causada pela bactéria Yersinia pestis e pode disseminar-se através de pulgas e roedores infetados. A sintomatologia passa por: febre, calafrios, dor de cabeça, fadiga, dores musculares e adenopatias. Ricardo Jorge atingiu a consagração a nível nacional e internacional quando chegou à prova epidemiológica da peste bubónica que, em 1899, assolou a cidade do Porto!

Pandemia da Tuberculose - a doença não tem pátria. Acompanha o homem há muitos séculos, talvez até, desde a época em que ele passou à condição de bípede. Existem relatos de evidência em ossos humanos pré-históricos, encontrados na Alemanha e datados de 8 000 A.C. A doença prosseguiu espalhando-se mundo fora, da miséria e das guerras constantes que aumentavam os níveis da doença. Nos séculos XIV e XV, os médicos da região, que hoje corresponde à Itália, começaram a demonstrar a possibilidade de contágio da Tuberculose entre as pessoas. A partir dos séculos XVII e XVIII, a doença passou a ser melhor compreendida e recebeu, finalmente, o seu nome atual. A partir de 1940, começam a surgir os antibióticos e os quimioterápicos, que iriam trazer, finalmente, a cura. A Tuberculose acompanha a evolução do homem! Robert Koch anunciava a identificação do bacilo gerador da Tuberculose (24/03/1882)

Pandemia da Cólera - Séc. XIX-XX A primeira epidemia global de Cólera, em 1817, matou perto de 2 milhões de pessoas. Desde então, a bactéria Vibrio cholerae sofreu diversas mutações e causou novos ciclos epidémicos em todos os continentes. Portanto, ainda é considerada uma pandemia! Os sintomas são diarreia intensa, cólicas e enjoo. Apesar de existir vacina contra a doença, ela não é 100% eficaz. No Iémen, em 2019, mais de 40 mil pessoas morreram devido à enfermidade.

Poliomielite - (Poliovírus) identificado em 1908, por Karl Landsteiner e por volta de 1910, grande parte do mundo teve um aumento exponencial de casos e as epidemias tornaram-se comuns, principalmente, nas cidades, durante os meses de verão, deixando milhares de crianças e adultos paralíticos. Desenvolvida na década de 1950, a Vacina contra a Pólio reduziu drasticamente o número global de casos da doença, por ano. Foi o pior surto na história dos EUA. Dos 58 000 casos relatados naquele ano, 3.145 originaram a morte e 41.269 paralisia. Foram criados por essa altura os "centros respiratórios" - precursores das actuais Unidades de Terapia Intensiva. em Copenhaga 1977 - em todo o mundo calcula-se acima dos 10 milhões as pessoas atingidas pelo flagelo (em Portugal, comummente designada por "paralisia infantil" terá atingido cerca de 30.000 pessoas).

Febre Amarela é uma doença viral, transmitido pela picada de um mosquito fêmea infetado. O vírus é ARN do género Flavivírus. Os sintomas incluem febre, calafrios, perda de apetite, náuseas, cefaleias e dores musculares, principalmente, nas costas. Todavia, em certos casos, aparecem dores abdominais, lesões no fígado, que causam icterícia, e insuficiência renal. Os sintomas, geralmente, melhoram ao fim de cinco dias. Pessoas que residem ou viajam para zonas endémicas de febre amarela deverão ser vacinadas. A Febre Amarela é endémica em 47 países.

Pandemia da Gripe Russa - 1889 - Espalhou-se por Ásia, Europa, África e América. a primeira detalhadamente, documentada, tendo tido seu início em Maio de 1889, em Bukhara, no sul do antigo Império Russo (atual Uzbequistão). Alastrou pela Rússia em, apenas, duas semanas. Provocada pelo vírus H2N2, caracterizava-se, principalmente, por febre e pneumonia. Causou a morte de dois milhões e meio a três milhões de pessoas entre 1889 e 1893.

Pandemia da Gripe Espanhola - 1918/1919 - em 6 meses atingiu todos os continentes, deixando um saldo entre 50 a 80 milhões de mortos em todo o mundo espalhada, principalmente, por conta da movimentação de tropas no período da Primeira Guerra Mundial. Foi decretado o encerramento de escolas, igrejas, comércio e repartições públicas. Obrigatório o uso de máscaras faciais para reduzir o contágio e a população entrou em quarentena. Em Portugal morreram entre 50 a 70 mil pessoas!

Pandemia da Gripe Asiática - 1957 - O vírus da Gripe A, subtipo H2N2, que se originou na China continuou a ser transmitido até 1968, quando se transformou por mutação antigénica no vírus influenza A subtipo H3N2, a causa da pandemia de influenza de 1968, a Gripe de Hong Kong. Em Portugal morreram 1050 pessoas e no mundo inteiro cerca de quatro milhões.

Pandemia de Gripe de Hong Kong - 1968 - foi a terceira pandemia de Gripe no século XX (1968), com o aparecimento de uma mutação no vírus Influenza A, originando o vírus H3N2. Em todos os países, com exceção dos EUA, a doença foi benigna, não estando associada a grande número de mortes, em comparação com as duas epidemias anteriores. Em Portugal, no final de 1968 e no início de 1969, assinalou-se a primeira onda epidémica. A segunda iniciou-se em 1970!

Pandemia de Gripe Suína - 2009 - inicialmente, designado por vírus H1N1, é uma combinação dos vírus da influenza suína, aviária e humana. A infecção não é adquirida pela ingestão de carne de porco e, muito raramente, é adquirida pelo contacto com porcos infectados. Espalhou-se por 70 países e pelos 50 estados norteamericanos. A maior parte das mortes, inicialmente, ocorreu no México. Entrou em pós-pandemia em Agosto de 2010.

HIV - 1980 - Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA) é uma doença do sistema imunológico humano, causada pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) identificada em 1980 é transmitido, principalmente, através de relações sexuais, transfusões de sangue contaminado, agulhas hipodérmicas e de mãe para filho, durante a gravidez, o parto ou amamentação. Em Portugal, no ano de 2013, foram diagnosticados quase três casos por dia de infecção por VIH/Sida.

Ébola - 2014 - descoberto em 1976 no Zaire (atual República Democrática do Congo), perto do rio Ébola, o vírus da família dos Filoviridae é uma das causas de febres hemorrágicas epidémicas na África Ocidental e a maior já registada tendo causado 14.877 mortes e 39.936 doentes. O vírus chegou à Europa e à América do Norte. Apresenta elevadas taxas de mortalidade. O controlo da epidemia consiste, essencialmente, na profilaxia e respeitar medidas de higiene e boa nutrição!

Malária (Malária, Maleita, Paludismo) - 2003 - foi, desde a Antiguidade, um dos principais flagelos da humanidade. Atualmente, pelo menos 300 milhões de pessoas contraem Malária, anualmente, em todo o mundo. Destas, cerca de 1,5 a 2 milhões morrem. Quase 3 mil crianças morrem por dia de Malária na África! A doença mata, anualmente, duas vezes mais do que a SIDA e muito mais do que qualquer outra doença infeciosa. A Malária está presente em mais de 90 países! Já desapareceu da Europa e da América do Norte. A humanidade deve a dois inimigos que se aliaram há milénios: um protozoário e um mosquito.

Coronavírus - 2002 e 2012 - Antes que o novo Coronavírus SARS-CoV-2 causasse a atual pandemia de Covid-19, outros dois Coronavírus que circulavam em animais, passaram a infectar os humanos e espalharam-se rapidamente. As epidemias de Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars-2002) e Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Mers-2012) comportaram-se de maneira diferente. A Sars, causada pelo vírus SARS-CoV, espalhou-se por 26 países, com 80.098 casos confirmados e 774 mortes. O número de casos confirmados de MERS-CoV gira em torno de 25 mil casos em 27 países.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

AO CAIR DO PANO

 

O ex-ministro da saúde e especialista em saúde pública, Adalberto Campos Fernandes, com base em dados que apontam para redução de casos da covid-19 (de 16% numa semana, em todo o mundo e a nível europeu de 18%), afirma Portugal, infelizmente, terá sido dos piores na última vaga, principalmente devido a decisões erráticas e a deficiente comunicação do governo.
Portugal entrará mais depressa num novo ciclo mais positivo e mais esperançoso, sem embandeirar em arco, mantendo a precaução que ajude o impulso benéfico que as vacinas e novos testes poderão dar para um regresso sustentado à normalidade.
Palavras de esperança contida que gostei de ouvir.
Esperemos que se realizem!
Aqui ao lado, Madrid e Barcelona saíram à rua, em peso na noite desta quarta-feira em protesto pela prisão do rapper Pablo Hasél, detido na Universidade de Lérida, depois de condenado a nove meses de prisão por glorificação do terrorismo e injúrias à monarquia.
Com o escalar da violência, a polícia acabou por voltar a usar da força perante os manifestantes, com vários feridos incluindo uma mulher que terá perdido um olho na sequência dos confrontos.
O cantor também acusou o rei emérito Juan Carlos e Felipe VI, de vários crimes, incluindo homicídio e desvio de fundos.
Em plena pandemia, com as restrições à liberdade de manifestação e de reunião, a polícia teve de intervir dado que os eventos nem estavam autorizados.
As três expedições a Marte, dos Emiratos, China e Estados Unidos já se encontram em órbita e a última a chegar que será a americana vai ter honras de "directo" (que chegará à Terra com seis minutos de atraso) e certamente, com todos os ingredientes que as novas tecnologias devem proporcionar. Na CNN dentro de poucas horas....
E, em noite de "Champions", pela primeira vez na história, os "dragões" levaram de vencida a "vecchia signora" que veio de Turim com o maior do mundo na bagagem, mas CR7 não teve oportunidade para mostrar os seus dotes. Parabéns aos azuis e brancos da Invicta que deram um pontapé na série de resultados menos bons.
E, por falar em pontapé, termino com abri, esta manhã, com FUTEBOL um "aportuguesamento" do vocábulo saxónico FOOTBAL Curioso é que foi dada uma designação para o jogo que está patenteada e em devida referência no Dicionário Priberam da Língua Portuguesa LUDOPÉDIO do (latim ludus, -i, jogo, +latim pes, pedis, pé + -io).. Mas, nem esta; nem a outra de "BOLA NO PÉ" foi atractiva para o léxico "futeboleiro" a não ser para um clube de futebol de Sevilha que tem o nome de REAL BÉTIS BALOMPIÉ, onde joga o internacional William Carvalho que já foi leão.
E, PRONTO! JÁ CHEGA apre! "chega" salvo seja) é mesmo para acabar

SALAM' ALEIKUM

 


Salam'Aleikum, como sabemos, uma expressão árabe significa "a paz esteja entre vós", usa-se como saudação amistosa, acompanhado de um gesto de mãos juntas à frente do rosto e uma ligeira inclinação da cabeça. Depois de séculos de andar nas bocas não só dos árabes foi-se transformando tanto na escrita como na fonética e também quanto ao significado.
"Salamaleque" o termo aportuguesado no que deu a expressão original que adquiriu uma faceta de exagero gestual e cerimonioso e de algum exibicionismo. Diz-se da pessoa que "faz salamaleques" ou determinada postura que é "cheia de salamaleques".
Talvez, se fosse um árabe a abrir o dia aqui no face, abrisse assim!
Com salamaleque!
Quando comprei "on line", durante o confinamento de 2020, um livro sobre curiosidades da língua portuguesa não imaginava que houvesse tantos vocábulos importados de outras línguas e que se tornaram mais do que vulgares. Nem só a necessidade aguça o engenho, a curiosidade também.
E, recordo o professor de inglês do meu longínquo quinto ano do liceu, cujo nome não recordo, porque entre era sempre o "Teacher" - como os futebolistas chama "mister" ao treinador - um excelente comunicador e sempre transmitindo-nos conhecimentos que ajudassem a perceber as relações entre o inglês e o português.
Ligado ao termo com que se designa, na gíria, as travessas usadas para manter paralelos e fixos os dois carris dos caminhos de ferro que são as célebres "chulipas" ou "sulipas" está o inglês! Estranho? Talvez não.
E, contava a história. Como os caminhos de ferro foram introduzidos em Portugal, durante o reinado de D. Luís I - a linha Lisboa-Carregado - por ingleses, chegaram engenheiros e operários ingleses especializados aos quais se juntaram trabalhadores portugueses que ajudavam no trabalho de transporte e assentamento das linhas. E, então os ingleses sempre que lhes pediam as ditas "travessas" apontavam para os madeiros e com o gesto nomeavam "SLEEPERS" (dorminhoco, em inglês).
Sleeper para aqui, sleeper para ali, os trabalhadores baptizaram as ditas travessas e passaram a designá-las entre si, por "sulipa" ou "chulipa, o que até dava para dar um sotaque diferente ao termo.
Ora para o que me havia de dar. isto mais parece uma abertura cheia de salamaleques; devo ter dormido mal na chulipa...
Para não os maçar mais, hoje, volto noutro dia com mais coisas e loisas.
A propósito, sabem de onde vem esta expressão' Ahhhhhhhh, fica para a próxima... até mais logo!

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

É A NOSSA VIDA


 Aqui há tempos li, já não sei onde, que amadurecemos com o passar dos (D)anos; achei graça com aquele "dê" agasalhado nos parêntesis e estrategicamente colocado antes da palavra "anos".

Na vida vamos, de facto, aprendendo mais com os danos que com os anos e é isso que nos dá a resiliência necessária para continuarmos e para não nos repetirmos nos mesmos erros.
Amadurecer sem envelhecer, uma arte caprichosa que poucos sabem levar até ao fim; amadurecer mas sempre vivos como se o futuro não tivesse aquele momento de previsível imprevisibilidade onde tudo acaba.
Sonho por realizar; arrependimento que não tem tempo para ser; um segredo que vai connosco; um amor que se guarda egoísta e único; uma paixão que ficou para sempre no nosso coração como se tivesse memória, o nosso coração...
Na vida, todos temos
um sonho inalcançável
um remorso irreversível
um momento imprevisível
um segredo inconfessável
um amor indivisível
uma paixão inesquecível.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

DOI-ME A VIDA, DOUTOR.

 

A frase proferida por um menino que escrevia versos quando o médico lhe perguntou do que se queixava.
"Dói-me a vida, doutor".
O conto de Mia Couto é a história de um menino triste levado ao médico pela mãe, por ordem do pai, quando começaram a aparecer pelos cantos da casa uns papeis com uns versos escrevinhados. Logo o pai asseverou excessos de cultura, más companhias, mariquices intelectuais.
Quando o médico lhe perguntou como fazia para amenizar a dor, ele respondeu sereno e com um sorriso triste que acordava a sonhar.
"De que vale ter voz se só me percebem quando estou calado? Reparem, então, só no que eu não digo!"
"Dói-me a vida, doutor..."

Anda por aí tanta gente a doer-lhe a vida de tantas maneiras; alguns nem sequer sabem queixar-se onde lhes dói, outros ignoram a dor e vão-se arrastando, sorriso triste, encolher de ombros cansados, perpétua convicção de sofrimento irreparável.
"Dói-me a vida, doutor..."
A chegada do novo ano, o vigésimo parecia trazer selo de garantia depois desse extraordinário feito que foi o abrir as portas do Natal? Descrentes, pessimistas azararam a imprudência. Como podia correr mal (lá estão eles só a pensar só no mal) Mas não! Eram apenas os realistas a falar...
Podem não saber sonhar azul ou cor de rosa mas sabem melhor quando a vida dói.
"Dói-me a vida, doutor.."
Hoje, estamos de novo fechados em casa.
Tentamos replicar os tempos de Março/Abril mas falta-nos já a força de então e sobretudo a novidade, a esperança "isto passa e vamos ficar todos bem!"
Até porque o cerco aperta em volta de cada um quando já é um familiar apanhado pela doença, o melhor amigo que se foi, aquele vizinho que nos dava bons dias todos os dias e que deixou de aparecer.
A vida está a doer-nos muito.
A uns muito mais que a outros, certamente. Mas as dores vão continuar ainda por muito tempo e já poucos se atrevem a recusar a evidência.
Um final de esperança que mantenha a capacidade de sonhar. Felizmente há luar!

quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

ESTADO DE EMERGÊNCIA PARA QUE TE QUERO (PARTE II)

 

Hoje, inevitavelmente, tenho de me referir à comunicação do senhor primeiro ministro sobre o novo estado de emergência que começa às 00H00 ou será que é às 24H00 de sexta feira? ou será que é às 00H00 de sexta feira ou às 24H00 de amanhã?
Bom! Isso agora não interessa nada!
O que interessa é que depois de tanta expectativa, de tanto "xarivari", de tanta consulta a sábios, a profetas, a partidos, a inteiros e a todos os mais não sei quantos que têm opinião, o senhor veio anunciar que
"A MONTANHA PARIU UM RATO!" ou terá sido uma rata?
Bom! Mas, isso agora também não interessa nada!
Vamos então ao que interessa!
Serviços públicos em atendimento só por marcação (já estavam);
tribunais abertos (já estavam);
escolas abertas (já estavam);
hipermercados, supermercados, lojas de conveniência; padarias; farmácias; restaurantes e cafés/pastelarias com serviços de "take away" (já estavam);
jogos de futebol sem público (já estavam);
malta a "passear" pelas ruas de carro porque vão levar/buscar os filhos/netos à escola (já estavam);
malta a "passear" pelas ruas porque vai comprar pão, vai comprar comida pró cão, vai comprar comida pró gato, vai buscar o almoço, vai buscar o jantar, vai à farmácia, vai ao hiper, vai ao super, vai tomar um café num copo de plástico à porta de um café, vai comprar o jornal, vai meter o euro milhões, vai despejar o lixo, vai passear o cão, vai passear o gato, vai passear o periquito, vai passear-se a si próprio (já estavam). e, agora também pode ir ao dentista (que não estava)! e à missa ou ao culto das seis, das sete ou das oito porque as diversas instituições religiosas se organizaram...(?)
produção industrial e construção civil ficam a funcionar (já estavam)
Teletrabalho para quem pode desempenhar essa função agora OBRIGATÓRIA(?) (já estava - agora acrescenta o obrigatório! quem é que fiscaliza?)
Então o que é que não está???????
Restaurantes e cafés sem take away (já quase não existem, à cause des mouches!);
Cabeleireiros, barbeiros, ginásios (já estavam com poucos clientes)
Comércio não essencial (lojas de trapinhos e sapatinhos)
Nos centros comerciais, as lojas de bens não essenciais como por exemplo vestuário e calçado; livrarias; "ilhas" onde se vende toda a espécie de produtos; cinemas, teatros, casas de espectáculos. não sei se as de telecomunicações estarão encerradas(?)
oficinas de automóveis(?) também não sei...
Entretanto: fronteiras abertas malta a desembarcar nos aeroportos e no portos sem teste válido? sem quarentena? venha de onde vier?
Professores, auxiliares de educação e pessoal administrativo das escolas sem teste, sem vacina?
Então e para que se perceba: agora com MAIS DE 100 MORTOS E MAIS 10.000 "FERIDOS" em média por dia, o senhor primeiro ministro vem anunciar, com pompa e circunstância, "FECHAR MENOS" e por menos tempo que em Março/Abril quando o total diário dos feridos pouco passava da centena e não morriam mais que vinte pessoas em média por dia.
E, sempre contrariando especialistas, epidemiologistas, médicos e até matemáticos dedicados ao
estudo da "coisa", só o senhor primeiro ministro parece esperar obter resultados em duas semanas (anunciadas para já) quando pelo menos seis a oito semanas é o período mínimo para recuar para os 3.000 "feridos" diários do início da crise "natalícia".
Para não falar já nos dois domingos eleitorais que devem ser "pacíficos" pois o nível de abstenção deve bater todos os recordes... mais por culpa dos candidatos do que do corona (digo eu!).
Eu posso estar muito errado mas, sinceramente, o governo conseguiu descredibilizar o "estado de emergência" e o que em Março foi percebido realmente como um período de excepção começa a ser uma coisa corriqueira.... talvez esteja a exagerar mas só um "ratito"!
Perceberam?
Eu não!
Mas, vou continuar a fazer o que fiz até agora que é o que acho que ainda resulta melhor - continuar a andar na defensiva, pois se diminuir o risco e me defender também estou a defender os outros.
A vida não tem preço (como disse o senhor primeiro ministro) mas a economia tem! E muito alto! Tão alto que os modelos económicos e os socias, quando se encontram, é uma "guerra pegada!"
Não é senhor primeiro ministro?