O senhor primeiro-ministro, mais o senhor ministro de Estado, das finanças e da administração pública, mais o senhor ministro da presidência estiveram sentados a uma mesa com uma panóplia de microfones, mais uma plateia de jornalistas, mais umas quantas câmaras pela frente, durante cerca de vinte minutos, para anunciarem ao país o que o país mais temia ouvir.
Que para salvar o país tinham que tomar medidas.
E vejamos bem o que foi dito pelos senhores: aumento de dois pontos percentuais na taxa do IVA e corte de cinco por cento na massa salarial da função pública e mais um conjunto de outras medidas putativamente destinadas a reduzir a despesa do Estado. Ora o que fica é o aumento do IVA e o corte nos salários.
As outras, a experiência tem ditado que a concretização costuma ser nula ou que até costuma ter efeitos preversos.
O que garante que agora venha a ser diferente?
As outras, a experiência tem ditado que a concretização costuma ser nula ou que até costuma ter efeitos preversos.
O que garante que agora venha a ser diferente?
Mas é, continua a ser, o despudor, a falta de ética e a amoralidade com que estes senhores se sentam a uma mesa perante o país e debitam medidas arrasadoras para as quais não chega aparecerem com aquele ‘arzinho’ sério, consternado e transtornado de coveiros à força, como se fosse o país e não eles, os primeiros culpados.
Estes mesmos senhores que têm andado a mentir despudoradamente sobre o estado das contas públicas, omitindo o verdadeiro descalabro, sem prestar contas aos portugueses sobre os resultados das medidas dos ‘pec1 e pec2’ que tantos custos já tiveram.
E, como se tudo isto não bastasse, vem aí mais uma habilidade.
Para ajudar a tapar o buraco do défice de 2010, vêm aí os fundos de pensões da PT. São 2,2 mil milhões de euros. Boa! Isto é mais uma receita extraordinária irrepetível, por isso, daí para a frente quem vai ter de pagar aos pensionistas da PT, presentes e futuros, a chorudas pensões é o Estado através da segurança social. Ora, todos sabemos o que tem acontecido com estes negócios. Se o fundo de pensões está capitalizado, bem; se não está, péssimo. Normalmente, está péssimo.
Compreendo que não seja cómodo anunciar o caos, mesmo que já esperado.
Compreendo que não seja cómodo anunciar o caos, mesmo que já esperado.
Afinal em quem acreditar? Para além dos senhores que nos governam desta maneira, no PS que outra coisa não tem feito senão apoiar cegamente este caminho para o desastre? Dir-se-á: é o papel do partido do governo. Então também não servem. E o PSD? Então não foi este o partido que se comprometeu a não obstaculizar o pec2 porque as medidas chegavam? Então também não servem.
Portanto, não tenhamos ilusões sobre estes senhores. Simplesmente não cabem mais onde os pusemos e só é pena não os podermos despedir. De vez e agora! Há mais que justa causa para isso.