domingo, 5 de setembro de 2010

Previna-se e viva!

Na minha caixa de correio apareceu um ‘flyer’ cujo título é: ’PREVINA-SE E VIVA’.
Em subtítulo, num ‘lettering’ mais reduzido: "RESERVAS ALIMENTARES DE EMERGÊNCIA EM SUA CASA – A despensa não se dispensa + a mochila para emergência".
No topo, as entidades emitentes são: Comissão de Planeamento de Emergência da Agricultura do Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas; o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge; o Ministério da Saúde; e um Conselho Nacional de Planeamento Civil de Emergência de que nunca ouvi falar.
No rodapé uma pequena caixa com orientações que visam a sobrevivência alimentar das famílias, se confrontadas com uma situação de ruptura no sistema normal de abastecimento.
Depois, o desdobrável é ocupado por texto, em que voltam a aparecer os tais subtítulos.
No interior, uma grande caixa faz-nos abrir mais os olhos: Consulte, ementas para situações de emergência, equivalências entre alimentos e correspondência das porções de alimentos, com um link para consulta na internet: www.cnpce.gov.pt/?cpea. Finalmente, a última parte do panfleto (‘costas’) mais uma vez totalmente preenchida por um texto com título dê prioridade à água com alguns conselhos em destaque. Depois, o interior está pejado de frases como estas: Imagine que uma calamidade o impede de sair de casa; a sua sobrevivência e a da sua família vão depender de si; prepare uma mochila para cada membro do seu agregado familiar que a possa transportar e que permita que todos fiquem autónomos, pelo menos durante dois ou três dias; reserva alimentar para lactentes (até 2 anos) deve ser recomendada pelo pediatra; lembre-se que poderá viver algum tempo sem comer mas não sem beber; etc.; etc.; etc.
Bom, depois de ler (mesmo em diagonal) o tal documento, a primeira coisa que me veio à cabeça é a de que alguém anda a brincar com coisas sérias.
Sem nenhum aviso prévio, pelo menos que eu tivesse dado conta, ou qualquer anúncio de campanha é lançado um documento com medidas preventivas para fazer face a potenciais catástrofes. É um ‘anti-panfleto’ de péssima qualidade e candidato a ir parar ao lixo, tal é a falta de sensibilidade para as regras que devem ser seguidas para o efeito e que estão mais que descritas em qualquer livreco de publicidade e marketing. Por outras palavras, quem o concebeu é um perfeito ignorante ou, mais grave, incompetente. Profissional é que não será com certeza.
Não cabe na cabeça de um tinhoso, criar um panfleto que ainda por cima quer chamar as pessoas para matérias aterrorizadoramente importantes, cheio de texto, sem qualquer imaginação como se de um livro de má qualidade se trate, reconhecendo-se a pouca apetência que os cidadãos têm para a leitura e ainda por cima, fartos como andam de ‘flyers’, a toda a hora, sobre tudo e mais alguma coisa.
Fui consultar o tal sítio na net.
E, a abrir, temos a imagem das frases chave do desdobrável a que seguem 7 quadros com ementas para os mais variados cenários de crise, aliás, verdadeiramente hilariantes pelo pormenor de enunciar o que devemos tomar ao pequeno-almoço, ao almoço e ao jantar, todos os dias da semana. Até parece a ementa semanal para um qualquer refeitório.
Mas quem é o idiota responsável por isto?
E, volto a afirmar que alguém anda entretido a brincar com coisas sérias! Eu não sei…porque, ao que parece, o sítio tem uma ligação ‘Presidente’ que não existe, mas em ‘Dependência’ diz-se que depende directamente do Ministro da Agricultura e funcionalmente do Presidente do CNPCE que é o tal que não existe.
A ‘Legislação’ remete-nos para decretos dos anos de 1991, 1993, 1998 e 2002, ou seja, o mais recente tem oito anos e destinava-se a reorganizar o tal CNPCE. Sem comentários!!!
Por último, ‘Contactos’: apenas um senhor professor doutor Francisco Cabral Cordovil que é o Presidente da Comissão Planeamento de Emergência da Agricultura e director do gabinete de Planeamento e Políticas (não sei o que isto quer dizer nem me interessa…) Afinal, isto acontece porquê? O país está à beira da catástrofe? Ora, ora isso não é nenhuma previsão para nos prevenirmos agora… a catástrofe já aconteceu! Ah! O consumo desceu tanto que é preciso por a malta a gastar dinheiro nem que seja através do pânico. Mas, espera-se um terramoto? Um ‘tsunami’? Um atentado bombista? A queda do governo? Um novo 25 de Abril? O SLB não vai ganhar a Liga? O Pinta da Costa vai sair do FCP? O SCP vai contratar o Queiroz, outra vez? O senhor Madaíl vai candidtar-se à Presidência da República? Eu cá sinceramente o que penso é que este ‘Previna-se e Viva’ é mais assim um panfleto para nos avisar que se a gente quiser continuar a sentir-se VIVA tem de arranjar maneira de se PREVENIR contra esta gente que não sabe o que anda a fazer e que anda a gastar o nosso dinheiro só para dizer que existe! Já são tantos…