Faleceu, com 71 anos, vitíma de doença prolongada, há vários anos que tinha alzheimer, José Torres, o número 9 do S.L.Benfica, alcunhado de 'o bom gigante', pela sua elevada estatura e pelo carácter do homem e do desportista sempre demonstrado, dentro e fora das 'quatro linhas'. Começou no C.D. Torres Novas, o clube da sua terra natal, mas foi ao serviço do Benfica durante 13 anos e da Selecção Nacional que conheceu as maiores glórias. Esteve presente e marcou 3 golos na campanha dos 'magriços' no mundial de 66, em Londres, o último dos quais decisivo frente a um dos maiores guarda-redes de todos os temos, o 'aranha negra' Lev Yashine, no jogo para o terceiro lugar frente à selecção da URSS.
Antes da retirada, ainda jogou no Vitória Setúbal e no Estoril Praia mantendo sempre a mesma postura que lhe valeu o epíteto pelo qual toda a gente ligada ao desporto ou não, o conheceu.
Também foi seleccionador nacional tendo conduzido a 'equipa das quinas' ao Mundial do México onde, infelizmente, a participação da selecção iria ficar emsombrada pelo que ficou para a história como o 'caso Saltillo' mas onde José Torres mais uma vez demonstraria a sua estatura enquanto desportista e homem.
Lembro-me perfeitamente de o ter visto jogar muitas vezes, ao vivo e a cores e na televisão a preto e branco e só tive pena que não fosse do Sporting. Apesar de não poder passar despercebido na grande área, tal a estatura, parecia fácil elevar-se sózinho ou no meio de um cacho de defesas e cabecear para a baliza. Com uma falsa lentidão e um ar desajeitado de 'avestruz' a correr, fugia à marcação dos defesas e embora com os pés fosse mais tosco, também fazia muitos golos desta maneira.
Recordo-o com o respeito que todos os bons deste mundo, gigantes ou não, assim o devem ser.