segunda-feira, 27 de setembro de 2010

'O Dinheiro Nunca Dorme', de Oliver Stone

"A ganância é boa.", diz Gekko - magnificamente interpretado por Michael Douglas - em 'Wall Street', o filme de Oliver Stone de 1987 em que aprendemos várias coisas sobre a bolsa, um universo povoado por gananciosos e especuladores capazes de executar coisas terríveis como, por exemplo, comprar empresas com milhares de trabalhadores para depois procederem ao seu desmantelamento, revendendo-as aos bocados, num mercado frenético e tumultuoso.
E, o problema é que o expediente tornou-se tão convincente que levou numerosos executivos a seguirem este caminho.

Mas, a saga não estava terminada. Com a implosão da propria bolha especulativa criada ao longo de quase duas décadas, com a falência do Lehman Brothers e o rebentar da crise de 2008, Oliver Stone volta à acção com aquilo que pode ser um 'Wall Street II' agora com o título em português de 'O Dinheior Nunca Dorme'. 


Apesar de ser visto como filme isolado, a comparação com o primeiro de 87 é inevitável, até porque começa no dia em Gekko (Michael Douglas) sai da prisão, depois de cumprir 8 anos por 'insider trading', ou seja, especular com acções a partir de informações qualificadas.
Agora é Jake Moore (interpretado por Shia Le Beouf)o menino prodígio de Wall Street, cheio de princípios e apaixonado por Winnie (Carey Mulligan), a filha de Gekko. Winnie que não aparece no anterior filme, surge como uma filha que atribuindo as culpas pela morte do irmão, ao próprio pai, não consegue ultrapassar esse sentimento, também não é capaz se entender com ele.

Mas, Gekko que reaparece com mais rugas e mais cabelos brancos, também está mais humano, vivendo à custa das palestras e do livro que escreveu.
Jake, aproxima-se de Gekko para receber aconselhamento e ao mesmo tempo prometendo fazer com que Winnie faça as pazes com o pai.

'O Dinheiro Nunca Dorme' é um filme a ver, sem dúvida, sustentado pelo elenco de luxo em que as interpretações de Irv Langella, Joss Brolin e, sobretudo de Michael Douglas apagam um Le Beouf destinado a representar o novo 'vilão'.

A reviravolta acaba por se perceber quando na última meia hora de acção, o bem acaba triunfante.
Oliver Stone não quer deixar um fim insensato e perverso, subentendo-o à velha máxima de o crime não compensa.