terça-feira, 28 de setembro de 2010

O Papa Sorriso

A 28 de Setembro de 1978, morre o Papa João Paulo I. Foi o pontificado mais breve, durante apenas um mês, entre 26 de Agosto de 1978 até a data da sua morte. Tornou-se rapidamente conhecido na cúria pelo apelido de "o Papa Sorriso", pela afabilidade da sua pessoa e pela simpatia que espalhava à sua volta.

Antes de ser Papa, Luciani foi Patriarca de Veneza e não tinha ambição alguma em ser papa. Adoptou o nome duplo, pela primeira vez, em homenagem aos seu antecessores Paulo VI e João XXIII.

A brevidade do seu pontificado e as contradições e imprecisões da versão do oficial do Vaticano sobre a sua morte, têm suscitado até hoje especulações de que teria sido vítima de uma conspiração pois só o seu desaparecimento poderia dar espaço a sectores mais conservadores da Igreja, empenhados em combater tendências socializantes e progressistas, então emergentes no clero e em vários países. 

Esta tese viria a ser reforçada com a eleição do cardeal polaco Woytila que apesar de ter adoptado o nome de João Paulo II, dando assim a entender uma continuidade no papado anterior, tão abruptamente interrompido, mas revelando-se, ao fim e ao cabo,  um pontífice conservador em relação a diversas questões.
Ainda bispo Luciani desejava uma revisão das posições mais conservadoras da Igreja Católica, nomeadamente sobre temas tão fracturantes como a reprodução humana, o casamento dos sacerdotes ou possibilidade das mulheres serem ordenadas sacerdotisas. As suas frequentes reuniões com filósofos e pensadores de distintas religiões nunca foram bem vistas pela Opus Dei. Apesar de falta de provas, a hipótese de João Paulo I ter sido envenenado, durante a noite, continuará a ser explorada pelos mais diversos quadrantes.
A revista italiana 30 Giorni revela, com base em declarações do irmão de João Paulo I, que a Irmã Lúcia, durante a visita que o então Patriarca de Venza lhe fez no Carmelo de Sta Teresa, em Coimbra, sempre o tratou por "Santo Padre". O Cardeal Luciani ficara impressionado e perguntara: "Porquê?", ao que Lúcia terá respondido: "Vossa Eminência um dia será eleito Papa". E ele disse: "Sabe-se lá, irmã…", e a Irmã retorquiu: "Será sim, mas o seu pontificado será muito breve".



O escritor Daniel Silva, que vive em Massachussets, de descendência açoriana, produtor de programas da CNN e autor de 8 best sellers, aflora no seu livro 'O Confessor', a história do assassinato do Papa João Paulo I.