terça-feira, 14 de setembro de 2010

Os elos mais fracos

Nos últimos dias, lembrei-me daquele concurso televisivo que se chamava 'o elo mais fraco' e que ia eliminando, uns após outros, os concorrentes que obtinham piores resultados - e por isso eram considerados os dispensáveis...os oelos mais fracos.
Aliás a apresentadora, julgo que pelo menos num deles foi a Júlia Pinheiro, fazia bem o seu papel despedindo o tal 'elo mais fraco' quase com desprezo!
Pois bem, com a nova lei em vigor desde 1 de Agosto, mais de 2.000.000 de beneficiários de prestações familiares - subsidio social de desemprego, abono de família e retribuição social de inserção - vão passar a ter de fazer prova da sua situação patrimonial e dos seus rendimentos, à Segurança Social.
Até aqui nada de censurável...mas, como já se sabe, aquilo que vai acontecer é que muitos dos beneficiários destes sistemas não contributivos podem estar em risco de ver a sua situação pessoal e familiar piorar, pois o governo apertou as regras e reduziu os montantes.
Para tal, o governo passou a designar por 'agregado familiar' todos os parentes directos ou por afinidade até ao terceiro grau, ou seja, pais, filhos, irmãos, tios, sobrinhos, avós, netos, bisavós, bisnetos e primos...ou seja, todas as pessoas que vivam com o beneficiário passam a contar e os seus rendimentos também.
O resultado será, certamente, em muitos casos, que o beneficiário passe a ter de andar a pedir dinheiro à tal família largada para sobreviver...
O Rendimento Social de Inserção que tem sido desde sempre o mais atacado pelos partidos à direita tem cerca de 389.000 beneficiários cuja prestação média é de 95,00 Euros.
Quanto aos 109.000 beneficiários do Subsidio Social de Desemprego que são agora mais 8% que em 2009 e que tem uma percentagem crescente de desempregados de longa duração que por já terem atingido o limite estipulado para o Subsidio de Desemprego continuam, no entanto, sem arranjarem emprego. Pois aqui, também vai haver cortes uma vez que o governo, para além do conceito alargado de agregado familiar ainda restringiu mais o período que concede esse benefício.
Quanto ao abono de família, 1.700.000 famílias recebem-no actualmente. As medidas agora propostas vão penalizar quem mais filhos tem e quem menores rendimentos aufere. Uma maravilha!
Quem são, então, os elos mais fracos?
O idosos, as crianças, os desempregados e as famílias desestruturadas ou seja quem, na sociedade, necessitaria de maior apoio!
O governo não faz mal em exigir provas de que o dinheiro de todos nós está a ser bem aplicado. Isso é obrigação.
Agora já não se entende como é que um governo com estas medidas (e as muitas outras que já tomou e as que se prevêem, possa ainda tomar no futuro) se diz NA DEFESA DO ESTADO SOCIAL!
Pobre ESTADO SOCIAL este que é defendido desta maneira...de facto, com amigos destes, nem precisa dos inimigos.