quinta-feira, 28 de maio de 2015

O 28 DE MAIO DE 1926: CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS

A Revolução começou em Braga, a 28 de Maio, comandada pelo General Gomes da Costa, sendo seguida por levantamentos noutras cidades: Porto, Coimbra, Santarém. Évora e Lisboa.  A 6 de Junho, Gomes da Costa é aclamado na capital, dando entrada em Lisboa à frente de 13 mil soldados num desfile, pela avenida da Liberdade, demonstrativo do inequívoco triunfo do movimento

Estava consumado o pronunciamento militar de cariz nacionalista e antiparlamentar que, pondo termo à I República, levou à implantação de uma ditadura militar e com a aprovação da Constituição de 1933, ao Estado Novo, regime no poder 25 de Abril de 1974, tornando-se numa das mais longas ditaduras da História.

Terminada a I Grande Guerra, a instabilidade do regime republicano e parlamentar intensificou-se com os governos sucedendo-se ao ritmo alucinante de um por cada quatro meses e os inúmeros atentados e a actividade anarco-sindicalista que criavam no país um clima pré-insurreccional, faziam profetizar o fim próximo para o regime.
A 19 de Outubro de 1923, cinco anos após o fim da Grande Guerra, na sequência da demissão do governo presidido por Liberato Pinto e a sua posterior detenção, um grupo de militares da GNR, a que se juntaram militares do Exército e da Marinha, sublevou-se. 
Acabou o movimento na chamada Noite Sangrenta, com o assassinato por um grupo de marinheiros sublevados de algumas das principais figuras da República. Sem possibilidade de resistência, o governo presidido por António Granjo apresentou a demissão ao Presidente da República, António José de Almeida, tendo Granjo procurado refúgio em casa de Francisco Cunha Leal, o líder da ala esquerda do republicanismo e próximo da liderança do movimento revolucionário. 
Descoberto, foi levado ao Arenal da Marinha, sede do movimento revolucionário e fuzilado. O mesmo aconteceu a diversas outras figuras republicanas, incluindo o almirante Machado dos Santos, o comandante Carlos da Maia e o coronel Botelho Moniz, todos raptados por uma 'camioneta fantasma' que percorreu Lisboa naquela noite. Ao longo dos dois anos seguintes a crise agudiza-se cada vez mais, com um crescendo do sentimento de insegurança e da instabilidade política. Os atentados bombistas sucedem-se, com ataques que por vezes são semanais. A carestia de vida, o desemprego atinge níveis altíssimos afectando essencialmente uma classe operária fortemente mobilizada e as manifestações de rua que frequentemente descambam em confrontos violentos, como o de 22 de Fevereiro de 1926, apressam o eclodir da revolta militar de 28 de Maio.
Consolidada a vitória do golpe, as tropas vitoriosas recebem o aplauso da esmagadora maioria do povo, cansado da instabilidade e traumatizado pelos constantes golpes e contra-golpes e atentados terroristas. Era a luz ao fundo do túnel depois do republicanismo de cariz parlamentar, politicamente desacreditado e socialmente falido.
Em consonância com os tempos que se viviam na Europa, o novo poder assume-se como antiparlamentar, deitando naturalmente culpas do caos para os partidos e os políticos e ao parlamentarismo. 


Foi assim relativamente fácil a instauração de um regime autoritário que, pela força das baionetas primeiro e depois pelo domínio da política civil e a restauração do poderio eclesiástico dava ao país uma ideia, ainda que falsa,.de liberdade de expressão, progresso social e ordem pública.


É por isso que ainda hoje ouvimos tantas e tantas vezes, alguns políticos pretensiosamente democratas agitarem o fantasma do golpe militar e da ditadura, quando são mais patentes as dificuldades em se encontrarem, no âmbito parlamentar e polítco em geral, governos estáveis para legislaturas completas.