domingo, 11 de setembro de 2022

O GOLPE QUE PÔS FIM AO SONHO


Neste mesmo dia de 1973, O palácio presidencial de La Moneda, em Santiago é bombardeado e o presidente SALVADOR ALLENDE assassinado durante golpe de Estado que estabelece a ditadura militar no Chile.

Allende nasceu em Valparaíso a 26 de junho de 1908, filho do advogado e notário Salvador Allende Castro e de Laura Gossens Uribe, de classe média-alta.
Médico e político, membro do partido social-democrata chileno, fundador do Partido Socialista foi o primeiro socialista marxista a ser eleito democraticamente como chefe de estado de um país da América e governou de 1970 a 1973, quando foi deposto por um golpe de estado liderado pelo chefe das Forças Armadas, o general Augusto Pinochet, ajudado pelo partido chileno de direita e pela CIA.
Allende acreditava na via eleitoral da democracia representativa e considerava ser possível instaurar o socialismo dentro do sistema político vigente no país.
Em 1970 concorre às eleições presidenciais como candidato da coligação de esquerda Unidade Popular (UP) contra mais dois candidatos.
Em 4 de setembro, a eleição seria realizada e, embora sem maioria absoluta, conquista o primeiro lugar com 36,2% dos votos, contra 30,9% de Jorge Alessandri, o candidato da direita, e 24,8% do terceiro candidato, Radomiro Tomic, do Partido Democrata Cristão. Richard Nixon deseja que seja impedido de assumir a presidência e com a CIA organiza dois planos para impedir a eleição de Allende no Congresso. Esses planos seriam conhecidos como Track One e Track Two. Para fomentar um clima de instabilidade política e social, o general constitucionalista René Schneider, Comandante-em-Chefe das Forças Armadas chilenas é brutalmente assassinado por elementos ligados à Patria y Libertad, organização de extrema direita e neofascista.
Entretanto, O presidente Nixon autorizava uma doação do governo norte-americano de US$ 700.000 para o jornal oposicionista El Mercúrio, como parte do plano de propaganda da extrema direita e desestabilização do governo chileno.
Na opinião do KGB, o erro fundamental de Allende era a sua falta de vontade de usar a força contra seus oponentes. Sem estabelecer o controlo completo sobre toda a máquina do Estado, permanência no poder não poderia ser assegurada e estaria sempre em perigo.
Uma das razões do fracasso da "via chilena para o socialismo" deveu-se à situação geopolítica mundial de então, em plena Guerra Fria, com os Estados Unidos envolvidos na Guerra do Vietnam, não podendo admitir o nascimento de um segundo regime socialista na sua área de influência, após Cuba.
Cuba, por sua vez, após o fracasso das invasões que realizou em 1959 no Haiti, Panamá, Nicarágua e República Dominicana tornaria a ser um centro de formação ideológica comunista na região, o que levaria ao nascimento de grupos guerrilheiros e terroristas, além de proporcionar treino e apoio logístico a essas organizações. Nesse contexto, a década de 1970, na América do Sul era um permanente teatro de operações para esse grupos como para outros apoiados pelos Estados Unidos.
A primeira tentativa de golpe resultou de uma aliança entre o Patria y Libertad e militares chilenos, que se aliou a um sector do exército que ocupava altos postos através do Chile, numa acção de assalto ao Palácio de La Moneda. Conhecida como El Tanquetazo realizada em 29 de junho de 1973, a inteligência do exército chileno, então comandado pelo general constitucionalista Carlos Prats, detectou a tentativa de golpe e ele teve que ser abortado, não sem antes alguns tanques terem saído às ruas.
O general Prats que se recusava a participar de qualquer golpe militar, é publicamente enxovalhado por uma manifestação de esposas de oficiais golpistas diante de sua residência, viu-se obrigado a renunciar ao cargo de Comandante em Chefe das Forças Armadas, e, em 11 de setembro seu sucessor, o general Pinochet, um antigo homem de confiança de Allende, seria quem o traíria.
Allende fez um discurso, transmitido pelas rádios fiéis ao governo, informando que não renunciaria. O general Prats foi assassinado pela DINA, a nova polícia secreta de Pinochet, no seu exílio em Buenos Aires, num atentado à bomba, no contexto da Operação Condor.
Há duas versões aceitas sobre a morte de Allende: a mais aceite é que ele se suicidara no Palácio de La Moneda, cercado por tropas do exército, com a arma que lhe fora dada por Fidel Castro; a outra é que ele fora assassinado pelas tropas invasoras. A sua sobrinha Isabel Allende acredita que o seu tio foi assassinado.
Continuação.

sábado, 10 de setembro de 2022

ESPÉCIE DE CARTA ABERTA AO SÔR 1º MINISTRO

 AINDA ANTES DO ALMOÇO

ESPÉCIE DE CARTA ABERTA AO SÔR 1º MINISTRO
VOSCELÊNCIA É MANHOSINHO!
Ilha, 10 de Setembro de 2022
Excelentíssimo Senhor Primeiro Ministro António Costa,
Saiba Voscelência que nunca gostei muito de maiorias absolutas até porque com os actuais níveis de abstenção, acho que maioria absoluta é assim uma espécie de falácia e os que não vão exercer o seu direito de cidadania, porque isto e mais aquilo, acabam sendo também responsáveis por Voscelência deixar escapar, entre uns sorrisos que o põem mais parecido com chinês que goês, o seu lado mais manhoso, mas isso são outros trocos.
E, POR FALAR EM TROCOS.
Fique a saber Voscelência que quando o ouvi comunicar ao país como iam ser os aumentos das pensões, directamente do púlpito do palácio da Ajuda, juntamente com toda aquela "catrefada" de apoios às famílias, confesso que quando, logo a abrir, do auto da sua douta sapiência política anunciou que "JÁ EM OUTUBRO, O GOVERNO IRIA PAGAR DE UMA SÓ VEZ E JUNTAMENTE COM AS PENSÕES MAIS METADE DA RESPECTIVA PENSÃO!" eu pensei com os meus botões que Voscelência tinha perdido a cabeça e a minha mulher que estava sentada ao meu lado, segundo me disse, tinha pensado o mesmo a respeito de Voscelência. Mas, nem tivemos tempo para duvidar porque imediatamente a seguir a esta medida "louca" que Voscelência assumiu com aquele ar de benemérito sério, Voscelência entrou em transgressão.
A TRANSGRESSÃO!
É que Voscelência estava obrigado por Lei a acertar, em 2023, as pensões pela taxa de inflação e índice de crescimento do PIB, ou seja, nunca menos de 9%, vá lá com boa vontade já aceitava 8%, o que a verificar-se seriam aumentos históricos que pelo visto, o seu correligionário político Vieira da Silva não previu, nem ninguém o poderia prever em 2019/2011 que (acho que foi por essa altura), alguma vez tivéssemos tanta crise junta em tão pouco tempo e que a inflação disparasse à velocidade do relâmpago com pandemias, guerras e muita especulação à mistura. Pois que disse Voscelência que vai fazer em 2023? Aumentar as pensões em média em cerca de 4,3 % mais coisa menos coisa e acrescenta que entretanto como já adiantara - note-se que com a mais cândida das boas vontades - metade do valor da pensão a cada pensionista, nenhum ficaria prejudicado e outrossim, pelo contrário, pois estaria a receber antecipadamente, e de uma vez só, metade do aumento!
Interrogado posteriormente, tanto Voscelência como o sôr ministro das massarocas que acompanhou Voscelência como eco, disseram que NENHUM PENSIONISTA IRIA RECEBER MENOS 2024 DO QUE AQUILO QUE RECEBEU EM 2023!" garantia escusada pois não foi isso que lhes foi, a si e ao seu eco, perguntado!
A PRIMEIRA MANHOSICE!
Voscelência vai dar em 2022 o que não estava obrigado a dar! Mas, para justificar essa antecipação, irá proceder em Janeiro de 2023 a metade dos valor percentual nos aumentos das pensões daquilo a que está obrigado por Lei (do tempo de um governo de maioria socialista de que Voscelência fez parte como ministro de estado e da administração interna, apenas 2 anos diga-se mas, esteve lá e ajudou a elaborar o programa com toda a certeza) e assim quando em 2024, Voscelência e o seu governo anunciarem ao país outro aumento de pensões (ou não), a base de onde parte esse aumento será inferior aquela que seria se Voscelência tivesse dado aumento mínimo que devia dar em 2023!!! E partimos para outra manhosice!
OUTRA MANHOSICE!
E que faz Voscelência quando sente que está apanhado na ratoeira e que afinal os pensionistas não são desprovidos como Voscelência parece pensar que são, nem a manhosize que Voscelência e os seus ecos urdiram, é assim tão "indesmontáveis" como parecia que era! A bem da sustentabilidade da Segurança Social vai alterar a Lei! Boa! Ficamos a saber o que já sabíamos mas que agora Voscelência do alto da sua maioria absoluta decide com a segurança de que no parlamento, desengonçada a geringonça, com uma extrema direita que só sabe andar aos berros e uma direita liberal a piscar os olhos a um PSD em fase de reorganizazação, ninguém lhe fará frente.
Nem Marcelo agora mais interessado em chegar ao fim do seu próprio mandato sem mais mas, mas, mas...
Despeço-me de Voscelência não sei antes lhe recordar que pode haver algures quem tendo votado em Voscelência, como eu votei, que por não estar nada agradado com este sinal que Voscelência, em maioria absoluta mostre o seu ar tão ou mais manhoso como outros que o antecederam também mostraram quando a maioria absoluta lhes bateu á porta.
Se Voscelência desse a si próprio o puxão de orelhas que dá aos seus ministros quando entendem que não têm de ser ecos seus. Voscelência, inteligente como é, ficaria surpreendido quando o espelho lhe mostrasse umas valentes orelhas de burro!
Mas como Voscelência de burro não tem nada, fiquemo-nos por manhoso ou seja, aquele jogador que ao entrar na área sente o adversário por perto e simula o tal "penaltizinho"... não será melhor mas é o que temos! De mim, tem cartão vermelho!
Passe Voscelência muito bem...
Mário Jorge Rodrigues dos Santos, cidadão nº 254439
Bom apetite!
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segunda-feira, 5 de setembro de 2022

CONVERSAS AO ESPELHO

- Boa noite. Vou-me deitar.

- Hoje gostei mais de te ver. Não sei se foi por te ter feito a barba mas ficaste com um ar mais leve. Mais animado. Menos pesado.

- Menos pesado(?) Deixa-me rir. Depois do que emagreceste nestes quatro meses, peso é coisa que não tens. Já reparaste na quantidade de pele que te sobra, nos braços?

- Lá está… é preciso saber interpretar o peso das palavras. Nem leve é leve. Nem pesado é pesado. Mas, deixemo-nos de charadas. Como foi o teu dia?

- Hummmmm, normal, perfeitamente normal.

- O que é um dia normal? Chato? Assim, assim? Rotineiro?

- Bem, talvez um pouco disso tudo.

- Ou seja, foi uma seca…

- Lá estás tu com os trocadilhos. Seca sem ser seco…

- Ah! Pois, não tem chovido.

- Não é nada disso. Podia ter chovido e a seca ainda ser maior.

- Pois… está-se bem!

- Sei que estás a fazer progressos e isso é bom. Optimismo! Sem perder o sentido da realidade.

- Positivismo lógico, talvez.

- Ai, ai, ai, não me venhas, a esta hora, com filosofias baratas.

- Caramba, isto é não é filosofia barata. Positivismo lógico tem a ver com racionalidade, manter a mente aberta, agir em conformidade com o momento…

- Ah! OK! Já percebi.

- Assim é mais fácil encarar o presente. Sem fasquias demasiado altas…

- Pois. É como aqueles saltadores em altura. Põem a fasquia muito alta e depois, bem depois ou a derrubam ou passam por baixo. Derrota, de qualquer forma.

- De facto, hoje não saímos disto.

- Não saímos de quê?

- Disto. De pôr palavras que não significam exactamente aquilo para que foram criadas mas que, no fundo, todos compreendemos o que querem dizer.

- É uma polissemia!

- Pois, será. Sabes que mais, só tu para abrilhantares o meu dia.

- Ah, isso deve ser da luz. Detesto esse reflexo…

- Eu também. Mas o que está mesmo a apetecer é deitar-me.

- Então boa noite. Dorme bem.

- Obrigado, igualmente.

- Ah! Eu não durmo… quando apagares a luz, vou ficar aqui no escuro à espera do nascer do dia, à tua espera.

- Amanhã, logo pela manhã bem cedo, voltaremos a ver-nos.

- OK! Até amanhã...

  

QUANDO TE INVENTEI

 

Quando te inventei

eras teimosia em forma de resistência;

uma força em que se sentia segurança,

um rosto onde se lia determinação

e um olhar banhado de esperança

que te subia do coração.

 

Por seres tudo aquilo que eu não era

e teres tudo aquilo que eu não tinha

(tu nem sabias de mim...)

de dia, seguia-te escondido na própria sombra

e de noite, sonhava-te no escuro da solidão.

Se soubesses de mim, ficaria teu escravo

e desprezar-me-ias, por saberes demasiado tarde

deste amor egoísta, interesseiro, cobarde.

Um dia desapareceste

(ou fui eu que te esqueci...)

ou terei sido eu que morri?

 

CONVERSAS COM O ESPELHO

 

- Olá. Como vais, desde manhã?

- Olha, vou indo...

- Já reparaste que faltam menos de 24 horas para acabar Agosto? Quem tem a mesma sensação que eu tenho de que o tempo está cheio de pressa?

- Caramba! Será da idade?

- Estás a chamar-me velho?

- Eu? Não, que ideia! Velhos são os trapos e...

- Então não achas que tudo parece que está a andar mais depressa? A Páscoa parece que foi ontem...

- Ah! Não me venhas com essa do ontem foi Natal e mais não sei o quê e daqui a nada é o Inverno de novo e Dezembro e...

- Pára, pára, não precisas continuar.

- É isso mesmo, não é? Toquei-te no ponto.

- Então se dizes isso é porque também sentes.

- Sinto o quê? Que o tempo me foge como a ti?

- Pois... estás a ver, como sabes...

- Claro! Quando te pões à minha frente, deixo de ser eu para passar a ser "tu"!