sábado, 10 de agosto de 2019

CRÓNICA DE UMA GREVE QUE NUNCA PODERIA SER,

(a caminho de uma requisição civil mais que anunciada...)
- Fomos habituados a sindicatos declarar greve "por dá cá aquela palha", normalmente em véspera de fim de semana, feriado para prolongar o efeito, e arranjar mais aderentes no engodo de fim de semana prolongados ou de uma "ponte";
- Fomos habituados a ter sindicatos de classes profissionais capazes de pararem organizações inteiras, nomeadamente, os maquinistas da CP e do Metro; motoristas das empresas de transportes colectivos; pilotos da aviação civil e TAP em particular; estivadores; operadores portuários; etc; etc;
- Fomos habituados a longas lutas laborais entre as frentes de sindicatos da função pública e das centrais sindicais com os sucessivos governos (por ex as lutas dos professores; dos auxiliares de educação e de acção médica; de médicos e outros técnicos superiores especializados; os enfermeiros; funcionários judiciais, oficiais de diligências e dos impostos; trabalhadores da função pública, em geral; etc; etc; etc) por vezes porque umas décimas separam o que querem receber e o que os governos estão disponíveis para dar;
- Fomos habituados a sindicatos unirem-se tacticamente em determinadas acções, para criar instabilidade e obrigarem o governo a pactuar, pelo menos em parte das reivindicações, não sejam as medidas demasiado impopulares.
- Fomos habituados, ao longo de 45 anos de democracia a ter declaração de greves cuja indisfarçável motivação política se sobrepõe às verdadeiras e justas reivindicações que lhe estão subjacentes;

Ultimamente fomos confrontados com um novo tipo de greve que tem sido baptizada "GREVE CIRÚRGICA" e que sendo uma paralisação levada a cabo por trabalhadores de uma determinada classe profissionai com poder reivindicativo, só "PARAM APENAS PARTE DE SECTORES ou SERVIÇOS" que se encontrem estrategicamente implantados e capazes, por isso, de criarem inoportunos atropelos ao desempenho, susceptíveis de alarmar o público em geral e os utentes, em especial. (greve dos enfermeiros às cirurgias; greve das polícias às horas e serviços extras; greve dos professores às avaliações; greve de zelo dos médicos às urgências; greve de trabalhadores de recolha dos lixos nos grandes centros urbanos; etc; etc; etc)
OS MOTORISTAS de veículos que transportam mercadorias perigosas vão fazer uma greve reivindicando sobretudo que parte do seu salário que é pago "por fora" passe a ser pago com descontos para a Segurança Social de modo a que passe a constituir parte integrante da reforma (mais tarde) e em caso de doença; 
NÃO ME PARECE QUE SEJA NADA DE ANORMAL, antes pelo contrário, deveria ser uma das mais fortes motivações de qualquer classe trabalhadora e um dever dos patrões e todos sabemos do que estamos a falar e que não é isto que sucede na esmagadora relação laboral e retribuição remuneratória com as entidades privadas.

MAS HÁ UM EQUÍVOCO
É QUE, QUE TENDO DIREITO A FAZER GREVE,NÃO PODE FAZÊ-LA!!!

E, PORQUÊ? 
Porque pode fazer parar um país? Não! Porque já ficou visto que não pois o Governo possui instrumentos para minorar os seus efeitos ou até mesmo evitá-los;
Porque produz encargos imcomportáveis para as entidades patronais? Não! Porque, no caso, os patrões já descontam sobre alguns subsidios consagrados em CCT embora tais descontos não sejam depois reflectidos nos subsidios de doença;

PORQUÊ ENTÃO?
Porque desde o início (já em Abril) que os mototristas estão reunidos num sindicato cuja primeira figura já foi devidamente destratada na comunicação social e nas redes sociais como oportunista, vigarista, advogado que a Ordem quer mandar embora, perigoso mentor de mais não sei quantos sindicatos candidato a deputado pelo partido do Dr. Marinho Pinto, etc, etc, etc.
Porque, desde inicio, sem grande relevo dado pela mesma comunicação social e nenhum relevo nas redes sociais nem nos blogues e posts execráveis, a FECTRANS, AFECTA AO PCP imagine-se, tem estado a negociar com extravagante sucesso com a ANTRAM praticamente o mesmo que a douta estrutura patronal nem quer ouvir falar aos tais sindicatos independentes.

E, ASSIM, COLOCADA A OPINIÃO PÚBLICA, À BEIRA DE UM ATAQUE DE NERVOS, MUITO FÁCIL SE TORNOU AO GOVERNO DECRETAR UNS SERVIÇOS MÍNIMOS NO MÍNIMO MUITO POUCO MÍNIMOS E ANUNCIAR JÁ UMA REQUISIÇÃO CIVIL MUITO FÁCIL DE JUSTIFICAR POIS JÁ HÁ DIFERENDO ENTRE PATRÕES E SINDICATOS SOBRE QUEM DEVE OU NÃO DEVE INDICAR QUEM VAI FAZER O QUÊ NOS SERVIÇOS MÁXIMOS, PERDÃO MÍNIMOS!!!
Quanto ao senhor advoogado motorista sindicalista, melhor fora ter sido herói nesta batalha do que ser um encapuzado manipulador de uns quantos trabalhadores que se julgaram tão fortes que ninguém seria capaz de os parar...
Que tudo corra pelo melhor e com civismo e ponderação que a mancha de hipocrisia dos empregadores e do PCP fica, isso sim, a posar para a posteridade!

Tenham uma excelente semana...sem secas, nem securas!