terça-feira, 12 de julho de 2011

BdP agrava previsões: recessão muito mais profunda


O Banco de Portugal ( BdP ) reviu as suas previsões para a economia portuguesa no Boletim Económico de Verão. As novas projecções são muito mais pessimistas do que as que constavam do Boletim de Primavera, que datava de Abril. 
Em vez de 1,4%, a economia portuguesa registará uma contracção de 2% este ano e contrair mais 1,8% em 2012.
A culpa da contracção é repartida por vários componentes: o consumo privado vai cair 3,8% em 2011 e 2,9% em 2012, quando antes o BdP apontava para descidas mais suaves de 1,9 e 1%, respectivamente. 
O consumo público também vai recuar 6,3% este ano (anterior previsão era de -6,6%) e 4,4% no ano que vem (antes previa-se uma descida de 1%). 
Do lado do investimento, o BdP prevê agora quebras de 10,8 e 10% este ano e no ano que vem, em vez de descidas de 5,6 e 1,3%.
A procura interna dá um forte contributo negativo para o andamento do PIB (-6% este ano e -4,6% em 2012), já que vai recuar 5,6% em 2011 (em vez dos anteriores 3,6%) e 4,4% em 2012 (em vez de 1%).


Corte de défice e endividamento vai ser penoso
A desalavancagem da banca, deverá «condicionar o acesso dos agentes económicos ao crédito, constituindo um factor limitativo adicional da despesa, em particular de consumo de bens duradouros e de investimento privado, não obstante a redução esperada na procura de crédito».
O BdP aponta para uma taxa de inflação de 3,4% este ano, muito por causa dos aumentos de impostos e de «um aumento muito significativo dos preços de alguns bens e serviços sujeitos a regulação», a que se junta o aumento do preço do petróleo. 
Em 2012, a taxa de inflação deverá já recuar para 2,2%.


Possível renascer da crise de dívida europeia
O Banco de Portugal alerta, ainda que as actuais projecções «caracterizam-se por um nível de incerteza particularmente elevado pela possibilidade de eventuais desenvolvimentos económicos e financeiros adversos a nível internacional, bem como o recrudescimento da crise soberana ao nível europeu. 
Também o impacto das medidas de austeridade é «de difícil avaliação, pelas alterações significativas e abrangentes que deverão implicar no funcionamento da economia».