sábado, 28 de novembro de 2015

UM PROGRAMA RADICAL PARA UM GOVERNO RADICAL?

O XXI Governo Constitucional de Portugal é o segundo governo formado com base nos resultados das eleições legislativas para a Assembleia da República de 4 de Outubro. 

O Governo formado por António Costa tem por base um acordo de incidência parlamentar firmado entre PS (Partido Socialista), BE (Bloco de Esquerda), PCP (Partido Comunista Português) e PEV (Partido Ecologista 'Os Verdes') que aprovaram na Assembleia da República uma moção de rejeição do programa da coligação PàF (Portugal à Frente), que não chegou a entrar em funções, tendo governado apenas em gestão corrente.
O Executivo de António Costa estima um défice de 3% este ano; compromete-se com um défice de 2,8% em 2016 até 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2019. 
Prevê ainda que a dívida pública se reduza até aos 112% do PIB em 2019.

As principais medidas:

Sobretaxa - extinguir a sobretaxa sobre o IRS em 2016 e 2017

FP - eliminar os cortes salariais na Função Pública durante o ano 2016, ao ritmo de 25% de reposição do diferencial retirado em, cada trimestre e descongelamento das carreiras a partir de 2018.

SMN - propor, em sede de concertação social, uma trajetória de aumento do Salário Mínimo Nacional (SMN) que permita atingir os 600 euros em 2019.

Pensões e TSU - "aumento anual das pensões" a partir de 2016, através da reposição da norma da Lei n.º53-B/2006, relativa à atualização das pensões em função da inflação. Esta norma estava suspensa desde 2010.
Reduzir da TSU (paga pelos trabalhadores) com salários até 600 euros, até 4 pp em 2018. Criação de uma nova prestação, o Complemento Salarial Anual (ou chamado 'imposto negativo'), para trabalhadores que auferem rendimentos abaixo da linha da pobreza.

IRS, IRC, IVA e IMI - aumentar a progressividade do IRS, através do número de escalões.
Alargar o sistema de estímulos fiscais às PME e criar um sistema de incentivos à instalação de empresas e ao aumento da produção nos territórios fronteiriços, "através de um benefício fiscal, em IRC". O Governo defende a redução do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) na restauração para 13%, com o "objetivo de promover o emprego".
No Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI), reintroduzir a cláusula de salvaguarda para limitar a 75 euros anuais os aumentos da reavaliação do imóvel.

Saúde - reduzir as taxas moderadoras do SNS, eliminar algumas taxas de urgência e repor o transporte de doentes não urgentes.

Educação - reduzir gradualmente o número de alunos por turma e suspender a prova de avaliação dos professores para "reponderar os seus fundamentos".

Solidariedade Social - aumentar os montantes do abono de família, do abono pré-natal e da majoração para as famílias monoparentais beneficiárias de abono de família; reformular as classes de rendimento de acesso ao abono de família para que as crianças em situação de pobreza tenham acesso a recursos suficientes para melhorar o seu nível de vida, bem como constituir um sistema de indicadores de alerta de situações de precariedade social a partir do acompanhamento das crianças beneficiárias do abono de família.

Cultura - reestruturar os organismos do sector, a realização de "um levantamento rigoroso" das coleções privadas de arte que estão "em risco de extradição definitiva" e a criação do 'Banco Solidário do Livro' e do programa 'Portugal Criativo'.

Feriados - repor em 2016 os feriados eliminados pelo Executivo de Passos Coelho em 2012: Corpo de Deus em Junho (feriado móvel), e o 1 de Novembro, dia de Todos os Santos, 5 de Outubro, Implantação da República, e 1.º de Dezembro, dia da Restauração.

Privatizações - manter "a titularidade sobre a maioria do capital social da TAP". Anular as concessões e privatizações em curso nos transportes colectivos de Lisboa e Porto,  reverter a fusão dos sistemas de captação de água e travar a privatização da Empresa Geral do Fomento (EGF), gestora do tratamento de resíduos sólidos.

Política Externa - manter as prioridades na área da Defesa Nacional sublinhando que as Forças Armadas são "um instrumento essencial de política externa, nomeadamente no contexto da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte, ou NATO, na sigla em inglês), da UE, da ONU e da CPLP".

Autarquias - generalizar a rede de serviços públicos de proximidade, com abertura de novas lojas do cidadão, criação de unidades móveis nos territórios de baixa densidade populacional e convergir para média europeia de participação de autarquias na receita pública".
Áreas metropolitanas com competências próprias nos transportes, águas e resíduos, energia, promoção social e turística, gestão de equipamentos e de programas de desenvolvimento regional.

Desporto - aumentar a prática desportiva, numa perspectiva de melhoria da qualidade de vida, propondo ainda a criação de uma plataforma 'online' para a reserva de espaços públicos ou com financiamento público.
O desígnio de reabilitar e modernizar as infraestruturas desportivas e melhorar a gestão dos Centros de Alto Rendimento, entre os quais destaca o do Jamor, assim como definir um novo quadro de compromisso para melhor afetação das verbas decorrentes do Orçamento do Estado, jogos sociais e apostas 'online' e mecenato no desporto nacional.

É este o programa radical que a Direita tanto tem criticado?
Alguém sabe o que é que a Direita tinha para propor, para além de ter recuado na sobretaxa?
Afinal de que é que Cavaco Silva se queixa?
Sinceramente...