sexta-feira, 27 de outubro de 2017

E CONNOSCO FOI MAIS OU MENOS ISTO...

O CONDADO PORTUCALENSE foi a prenda do casamento de Henrique de Borgonha com Teresa de Leão, filha de Afonso VI de Leão e Castela. 
Henrique um cruzado que viera ajudar cristãos das Vascongadas e Astúrias contra os infiéis de Tarik, o Brilhante; além de ter sido heroicamente premiado ainda se apaixonou por Teresa, a filha mais nova do rei e foi assim que chegou a Conde de Portucale. Davam-se todos tão bem que Afonso Henriques teve o nome do avô materno e Henriques, filho de Henrique, claro.
Ainda que sob a tutela do pai, Teresa era mulher decidida e acabou por tomar conta do condado quando em 1112, o marido morreu. 
Mas, Teresa também era jovem e viúva ardente. 
Sentindo-se só, já que o jovem Afonso andava a aprender a ser gente com o fiel Egas, com os Invernos gelados e a cama fria, acabou por piscar os dois olhos a Fernando Peres, um galego de Trava, com o qual desejava juntar os trapinhos.
Mas o príncipe Afonso Henriques, então com 18 anos, é que não gostou nada da história e com mais uma rapaziada amiga revoltou-se, e em São Mamede depois dado uma carga de porrada nas forças que o padrasto juntara, ainda segundo rezam as crónicas mais ousadas deu, pelo menos, uma chapada na mãe, uma falta de respeito que lhe valeu a fúria de uma data de gente à volta.
Mas, Afonso declarou o território independente e durante 14 anos, foi raro dia em que não houve zaragata com galgos, leoneses, castelhanos, e Afonso VII, primo direito de Afonso Henriques, que estando pelo lado da tia, nem queria ouvir falar dele quanto mais de independências.. 
Até que a 5 de Outubro de 1143 em Zamora, cansados de tanta treta e ainda por cima com os mouros à perna, lá se entenderam para fazerem paz e como selar melhor esse entendimento senão dar a independência, sob os auspícios do enviado papal, o Cardeal Guido de Vico?. Afonso radiante com o desfecho, logo pôs bandeira em Guimarães embora só em 1179, com a bula 'Manifestis Probatum', o papa Alexandre II tivesse reconhecido com efeitos retroactivos a independência da nova nação PORTUCALE.

COMO POSSO NÃO SIMPATIZAR com a causa 'catalana' e a sua (perigosa) coragem de quererem a independência se já lutam por ela há quase tantos anos como Afonso Henriques lutou pela nossa? 
E também não me esqueço que foi graças a eles que em 1640 nos libertámos dos espanhóis...não fora Filipe IV andar às voltas com os independentistas de Catalanya e ter desviado para lá as tropas que estariam destinadas a vir até cá subjugar-nos e hoje talvez ainda fôssemos uma 'Andaluzia' ao alto!
Pelo menos não sou ingrato!