quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

A REVOLTA DO PORTO E O MAPA COR DE ROSA

A 31 de Janeiro de 1891 dá-se um levantamento militar na cidade do Porto, contra o governo da Coroa. As forças revoltosas, vindas do Campo de Santo Ovídio (hoje Praça da República), descem a Rua do Almada, até à Praça de D. Pedro, (hoje Praça da Liberdade), onde, em frente ao antigo edifício da Câmara Municipal do Porto, hasteiam uma bandeira vermelha e verde, símbolo do partido republicano, ao mesmo tempo que o Dr. Alves da Veiga, uma das figuras cimeiras desta revolta, proclama o governo provisório da República.
A multidão sobe depois a Rua de Sto António em direcção à Praça da Batalha, onde é confrontada com artilharia e fuzilaria da então Guarda Municipal, fiel à monarquia.
Há centenas de mortos e número incontável de feridos.

Alguns dos implicados conseguiram fugir para o estrangeiro: Alves da Veiga iludiu a vigilância e foi viver para Paris: o jornalista Sampaio Bruno e o Advogado António Claro alcançaram Espanha, assim como o Alferes Augusto Malheiro que daí emigrou para o Brasil.


Um ano antes o governo britânico entregara a Portugal um ultimato que exigia a retirada de todas as forças militares que ocupavam a zona entre Moçambique e Angola, que ficou conhecida por 'Mapa Cor de Rosa' pois acompanhava a pretensão inglesa um mapa de África que tinha uma estreita faixa pintada a cor de rosa composta pelos territórios pretendidos pela coroa inglesa..
O governo da monarquia portuguesa cedeu a esta imposição, procedimento que não agradou ao partido republicano que . considerando este acontecimento uma afronta dos nossos mais antigos aliados (diz-se) se tornou a causa da revolta de 31 de Janeiro do ano seguinte.
A reacção oficial seria implacável, tendo os revoltosos sido julgados por Conselhos de Guerra, a bordo de navios, ao largo de Leixões: o paquete Moçambique, o transporte Índia e a corveta Bartolomeu Dias .
Para além de civis, foram julgados 505 militares.
Seriam condenados a penas entre 18 meses e 15 anos de degredo em África cerca de duzentas e cinquenta pessoas. Em 1893 alguns seriam libertados em virtude da amnistia decretada para os então criminosos políticos da classe civil.
Em memória desta revolta, logo que a República foi implantada em Portugal, a então designada Rua de Santo António foi rebaptizada para Rua de 31 de Janeiro, passando a data a ser celebrada dado que se tratava da primeira de três revoltas de cariz republicano efectuadas contra a monarquia constitucional (as outras seriam o Golpe do Elevador da Biblioteca, e o 5 de Outubro de 1910).