terça-feira, 30 de janeiro de 2018

NA PONTA DA LÍNGUA

ONTEM MORREU O SENHOR IKEA. 
Chamava-se Ingvar Feodor Kamprad e nascera há 91 anos em Agunnaryd, Suécia. Morre no ano em que a empresa que fundou comemora 75 anos. Acabou os seus dias, na sua casa de Smaland, apenas rodeado pelos mais próximos, de forma tão discreta e tranquila como vivera. Sem cultivar os néons da fama, sem necessidade de luxos e mordomias. Um exemplo de empreendedor em que a humildade foi na sua vida o fio condutor para a felicidade. Deixou toda a sua fortuna avaliada em 65 mil milhões de coroas suecas aos seus colaboradores.
UM DIA NO PAÍS DAS MARAVILHAS
No país das cunhas, dos favores, dos jeitos, das lembranças, dos etecéteras, não deve haver praticamente ninguém que já não tenha uma vez na vida, pedido ou feito, pelo menos, um etecétera. Há quem resista melhor ou pior; há quem recuse mesmo colaborar mas piores de todos são os que acreditam mesmo que nada se consegue sem uma cunha, um favor ou um jeito, claro que sempre tem a tal lembrança como espécie de gorjeta pelo etecétera.

A operação LEX é apenas mais uma! O país democrático não aprendeu nada. Estamos todos mergulhados num verdadeiro pântano em que o carácter passou a ser mais um etecétera que se vende a troco de uns euros. Uma insana ambição e a vertigem pelo dinheiro como único caminho em direcção ao poder e ao sucesso atirou para trás das costas valores que defendiam a dignidade pessoal e social. 
O resultado a que se chega é, por vezes tão complexo que duvidamos que alguma vez o prevaricador seja castigado.

Hoje, mais de uma centena de inspectores judiciários, oficiais de justiça e juízes do supremo entraram manhã cedo em 33 locais tão distintos como a sede da SAD do Benfica, as casas de juízes desembargadores e presidente do SLB e escritórios de advogados e locais de trabalho de juízes.
Ontem, foi o ministério das finanças e o gabinete do ministro.
Em anos anteriores foram administradores de bancos e de empresas públicas, altas patentes militares, magistrados, secretários de estado, ministros e até um primeiro ministro que estão a ser investigados e suspeitos de crimes económicos.

COMO DIZ MIA COUTO: "A tragédia dos países pobres é que em vez de produzirem riqueza, produzem ricos".
Certo! A que preço. Quanto custam à arraia miúda sustentar estes ricos? O empobrecimento, digo eu. 
É por isso que neste caos mascarado de ordem, os tais ricos estão cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres.

ONTEM MORREU um dos homens mais ricos do mundo.