quarta-feira, 25 de março de 2020

DIÁRIO DE UM SEPTUAGENÁRIO "EMERGENTE"

SEXTO DIA
Acordei primaveril.

A natureza vai cumprindo calendário mostrando alguns resultados benéficos para a sua preservação, efeito já da paragem generalizada das actividades humanas,
O mais perigoso de todos os vírus e mais destruidor de todos os predadores tem, também, o fantástico absurdo de inventar a sua própria destruição - senhoras e senhores, o HOMEM!

Desde as costumadas teorias da conspiração até proféticas e bíblicas punições, obra do Divino que assim faz sentir a mão castigadora sobre o bicho que Ele próprio "criou" depois de o deixar fazer um monte de disparates, o facto é podemos ir tão longe quanto a nossa imaginação nos permite que para isso e para muito mais, nos assalta vezes sem conta, lado maléfico dos nossos cérebros,
Lamento, mas ao contrário de alguns textos que já li em partilhas fervorosas e bem intencionadas, uma vez PASSADA A COVID19 não creio que o mundo renasça menos cruel do que nos habituou e no individualismo que tem acentuado esta caminhada rumo a uma fria e perturbante "robotização" da espécie humana.
Certamente, alguns hábitos se modificam ou se substituem por outros; razões que se suavizam; vícios que se controlam; e alguns outros aspectos que ganham direito de pódio nas prioridades de vida em detrimento de outros que passarão a ser vistos como pecaminosos mas, isso faz parte de um inexorável caminho que nestes períodos somente podem conhecer acelerações ou travagens conform a amplitude do solavanco..
Mas, na sua essência, a humanidade permanecerá com tudo o que de bom e de mau tem quanto a valores e consequências e, o mais seguro (infelizmente) será que os pobres, os desvalidos e os mais fracos, que já são os mais atingidos por esta pandemia, serão depois dela, os pobres ainda mais pobres, os desvalidos ainda mais inválidos e os fracos nas próprias fraquezas ampliadas, ainda mais fracos..
E, porque a minha fé é complicada e tão difícil que às vezes tolda-me a esperança, não admito a tese de que esteja a haver uma "justa e superiormente dirigida" de uma qualquer entidade para "purificar" seja o que for a não ser que seja a própria natureza que agradece, de quando em vez, estas purgas, ajudas à luta de preservar, reconstruir e reequilibrar o que o monstro persiste em deitar abaixo, de forma consecutiva..
Acordei, primaveril, não liguei nada para "ouver" notícias mas sentei-me aqui à frente do teclado e fui andando... é um lado qualquer do meu cérebro a faíscar ,,, nem sei se bom se mau!