segunda-feira, 20 de abril de 2015

LAMPEDUSA

Nesta perspectiva fotográfica, até poderia ser Portugal, à deriva em pleno oceano, 
MAS, NÃO É. 

LAMPEDUSA ficou conhecida no mundo em 1986 por causa de dois mísseis de fabricação soviética, lançados por Muammar Kadhafi, o então ditador da Líbia. Os mísseis acabaram por não atingir a ilha siciliana, e o que explodiu por lá foi o turismo.
QUANDO O MAR ESTÁ MAIS CALMO, milhares de pessoas amontoam-se em barcos precários. Com a superlotação, as brigas também são frequentes. O principal ponto de saída é Trípoli. A travessia de menos de 300 quilometros pode durar três dias. Muitos ficam à deriva.


O ÚLTIMO NAUFRÁGIO ocorreu a cerca de 27 milhas da costa líbia e a 120 milhas da ilha italiana com cerca de 700 mortos e desaparecidos que a comunicação social tem feito eco em tudo quanto é canto do mundo ocidental é mais um episódio da tragédia humanitária que envolve milhões de pessoas que tentam fugir da morte em regiões tão longinquas como o Mali, o Níger, a Eritreia, o Chade e o Sudão. Atravessam o deserto a pé, expostos a toda a espécie de provações, assaltos, violência até chegarem a porto seguro, a um qualquer sítio que lhes possa dar esperança e paz. 


INFELIZMENTE PARA ELES, e para os europeus, não será esta Europa, liderada, anos a fio, por uma geração de políticos incompetentes e corruptos que assobiam para o lado num desavergonhado jogo de empurra para os países da periferia como se a questão fosse apenas dos países do sul e não de toda a União Europeia.

ALIÁS, CABE LEMBRAR que toda esta catástrofe tem raízes nas negociatas entre alguns países europeus e norte africanos quando os ditadores na Argélia, Tunísia, Líbia e Egipto e também no médio oriente do Iraque e da Síria tinham o 'amen' nos principais países europeus que cresciam na sombra protectora de uma política sem escrúpulos com a promessa de que os perpetuariam no poder como se se tratassem de pequenos deuses.

Depois, quando os monstros se tornaram inoportunos e passaram a representar um perigo para os seus próprios 'criadores' foi necessário armar quem os derrubasse apoiando uma designada 'primavera árabe' que parecia o melhor dos mundos, com uma democracia à ocidental mas que em breve desembocaria numa completa desordem prenunciadora do caos económico e social cujo principal aproveitador foi a facção mais radical que se difundaria em todo o mundo árabe omo um rastilho, um autodenominado 'estado islâmico', símbolo da guerra contra o 'infiel' e de todos os extremismos e terrores.
E, chegados a este ponto, aliviam-se consciências com o protesto hipócrita e a ladaínha das falsas revoltas do costume mas sempre se continua a assobiar para o lado emquanto os cadáveres se vão amontoando e o problema dos clandestinos se vai avolumando junto das populações que, pelo menso até agora, os vão acolhendo como podem.
O porta-voz do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados já afirmou este domingo que esta pode tratar-se de uma das maiores tragédias humanitárias de sempre no Mediterrâneo.

No sábado, o Papa Francisco deixou o pedido às autoridades de todo o mundo para um maior empenho na solução do problema da imigração ilegal, na audiência com o novo presidente de Itália, Sergio Mattarella.