sexta-feira, 1 de julho de 2016

AGUENTA CORAÇÃO


ONTEM FOI NOITE DE FESTA e o muito que já se falou sobre a vitória frente aos polacos mas, permitam-me que 'descarregue' o bom dia neste primeiro de Julho para deixar aqui a minha parte.

20H00!.
Estou sentado no cadeirão da sala, em frente ao ecrã e já se ouvem os hinos, depois os cumprimentos da praxe mais quem escolhe o campo e quem dá o pontapé de saída e ainda com o prato de arroz de bacalhau no tabuleiro, em cima das pernas, parto para a aventura.
O copo de água estrategicamente pousado em cima da mesa baixa à frente do sofá porque estar a 'jogar' com o copo em cima do tabuleiro e das pernas, manda a prudência que fique em sítio mais estável.
COMEÇA! Ainda estava com a primeira garfada de arroz, a meio caminho da boca quando Lewandowski me tira o apetite. Mas o que é isto? Cedric salta no ar mas completamente fora de tempo para chegar de cabeça àquela bola bombeada lá da direita pelo Kuba e o MiliK aproveita, ganha quatro metros decisivos, centra rasteiro para a marca de penalti e o nove polaco, a estrela da companhia que ainda não tinha molhado o bico neste Europeu, vem de trás, primeiro que William, quase que só faz tabela com a parte interior da bota e lá foi o esférico colr-se o fundo da rede de Patrício que nem teve tempo para cuspir nas luvas.

O GARFO do desalento ficou pousado no prato no meio do arroz de bacalhau enquanto o Lewandowski era abraçado pelos companheiros e as bancadas se enchiam de gritos numa agitação de vermelho e branco. Do lado de fora da janela, enquanto regava as flores da ilha, a Dalita perguntou: "Fomos nós???" Bebia um gole de água antes de responder ainda meio atordoado: "Não! Foram eles!"
PENSEI. Mas, afinal, ainda há 88 minutos pelo menos para jogar e com a mania que o engenheiro tem de empatar, provavelmente ainda faltam mais se não formos aos 'penalties' que isto de jogar para as meias finais já é outra coisa..
ANIMEI-ME porque a selecção, afinal, começou ao poucos a ganhar cabecinha, a desbobinar o seu jogo a meio do campo melhor que os polacos que encostavam atrás à espera de um contra ataque e de que o Lewandowski acertasse outra vez. Cruzes canhoto! O engenheiro pôs o Renato no lado direito, ali a meio caminho entre um Cedric que depois do erro no lance do golo, voltou impecável e lá na frente um Nani que tardava em acertar, assim como Ronaldo outra vez em noite desinspirada.
JÁ IA A MEIO DO ARROZ e o copo de água vazio não matara ainda aquela secura amarga quando o Renato arranca e finta um, flecte para o bico da área, ultrapassa outro em força e à entrada da área remate forte de pé esquerdo e está lá dentro. Fabianski estica-se, estica-se, cresce uns centímetros mas não chega e o bólide passa-lhe à vista da luva esquerda.
GOOOOOOOOOOOOOOOOOLO DE POOOOOOOOOOOOOOORTUGAL!!!
Grande miúdo! Lewandowski a pensar que vai ter grande companhia no Bayern! O puto sabe disto! .
PRONTO! Garfada de arroz suplementar no auge dos festejos. Água é que acabou, A Dailta aparece na sala com a sobremesa. Taça de morangos aqui da Ilha e a acompanhar o café, um prato com o resto do leite creme que sobrou do jantar de anos dela. Os polacos não gostavam nada de terem de 'intervalar' empatados e assim ainda tentaram e por duas vezes São Patrício tinha as luvas no lugar certo e duas defesas grandes mantiveram tudo como dantes com quartel em Abrantes...
INTERVALO! Andei num 'zapping' tão frenético que quando voltei ao canal um já tinha começado a segunda parte e enquanto Patrício, cá atrás, chegava para o pouco que lhe chegava à baliza, à sua frente Pepe gigante, gigante, gigante, já tinha metido a estrela polaca no bolso e o que mais lhe aparecesse pela frente. A meio do campo Adrien e William mantinham os polacos a correr atrás da bola enquanto Renato continuava em força e em jeito.
PROLONGAMENTO! Era fatal como o destino. Desta vez nem a entrada do Quaresma teve aquela mágica. O engenheiro já adivinha que dá sempre empate e guarda-se para os prolongamentos. Mais trinta minutos a tentar, a tentar, a tentar. Por duas vezes estivemso quase mas o tempo esgotou-se e o empate aí estava. Só nos faltava esta!


PONTAPÉS DA MARCA DOS ONZE METROS! É o tempo de se ouvir o coração a picar. É o tempo dos heróis. Quando a baliza diminui de tamanho para quem chuta e aumenta tanto para quem defende. Mas, não houve mas nem meio mas...Cristiano Ronaldo (UM), Renato Sanches (DOIS), João Moutinho (TRÊS), Nani (QUATRO) e depois o melhor estava para vir! A defesa de Rui Patrício a negar o êxito ao quarto polaco, Glik e Ricardo Quaresma (CINCO) a fechar com uma calma impressionante o marcador, dispensando os polacos do último sofrimento e pondo no passaporte o carimbo das meias finais.
CARAMBA! Engenheiro parece que a sua profecia ainda pode bater certa e nós ficarmos com um recorde inédito e improvável: o de chegarmos à final (e ganharmos porque não?) SÓ COM EMPATES NO FIM DE CADA JOGO! Seria desgastante, emocionante, arrepiante, interessante, brilhante...
E AGORA, galeses ou belgas? com prolongamento ou sem prolongamento? com penalties ou sem penalties? Venham eles!